Lisboa vai receber, entre os dias 18 e 28 de Outubro, a 16ª edição do Festival Internacional de Cinema (Doclisboa). No festival, serão exibidos 243 filmes, 68 dos quais em estreia mundial. Um dos destaques é “Fahrenheit 11/9”.
Organizado pela Apordoc – Associação pelo Documentário, o Festival Internacional de Cinema DocLisboa, dedicado ao documentário, terá este ano mais cinema português e mais estreias mundiais, reflexo da pertinência e relevância dentro e fora de portas, revela Cíntia Gil, da direcção do Festival.
Segundo esta responsável, «o que interessa ao Doclisboa é sobretudo filmes que trabalhem a partir de uma relação descomplexada com o mundo e com o cinema – sem sujeição a ortodoxias, sejam elas as tradições, sejam elas a exigência das modas e da sede de novidade». Na perspectiva de Cíntia Gil, os filmes têm de ter «uma capacidade imaginativa rica, que nos dêem a nós, espectadores, uma oportunidade para experimentar o mundo na sua riqueza e não como esquema simplificado. De resto, procuramos diversidade, filmes afirmativos que nascem do desejo de arriscar filmar».
O DocLisboa, segundo esta responsável, «cumpriu dois objetivos importantes: ser um local de referência para apresentação de filmes portugueses e continuar a ser um festival pertinente e relevante internacionalmente”.
Nesta edição do Doc Lisboa existem mais filmes portugueses na programação. «São filmes de diferentes gerações, de diferentes escritas, de diferentes durações. O festival só tem pertinência quando o meio, do qual nasce e no qual se insere, o reconhece», acrescenta.
Da produção nacional selecionada fazem parte, entre outros, «Casa Encantada», de Júlio Alves, «Extinção», de Salomé Lamas, «Avenida Almirante Reis em 3 andamentos», de Renata Sancho, «A (im)permanência do gesto», de Manuel Botelho, «Terra Franca», de Leonor Teles, e dois filmes de Jorge Cramez: «Antecâmara» (que integra a competição internacional) e «Actos de Cinema».
A competição internacional, feita só com estreias mundiais, integra «Resurrection», de Orwa al Mokdad, um documentário entre a Síria e o Líbano, e «Goodnight & Goodbye», de Yao-Tung Wu. De referir ainda a exibição de «Fahrenheit 11/9«, de Michael Moore sobre a administração de Donald Trump, «O plano», de Steve Sprung, sobre trabalho, e «The Silence of others», olhar de de Almudena Carracedo e Rovert Bahar sobre vítimas do franquismo, em Espanha.
Homenagem a Luis Ospina
Da programação, é de destacar ainda a retrospetiva, em parceria com a Cinemateca, dedicada ao realizador colombiano Luis Ospina, que estará em Lisboa.
Para o director da Cinemateca Portuguesas, José Manuel Costa: «Luís Ospina é muito desconhecido ainda em Portugal. Mesmo na Europa percebi que esta retrospetiva com este fôlego é inédita e estamos no terreno que nos parece ideal, que é o de ir mapeando a evolução do documentário no mundo e, neste caso, através de um autor que traz com ele todo um contexto latino-americano, o cinema da Colômbia e um polo muito local».
Na secção “Heart Beat” foram incluídos “Friedkin Uncut”, filme de Francesco Zippel sobre o realizador de “O exorcista”, mas também documentários sobre os Depeche Mode, sobre a Blue Note ou sobre Rostropovich, e ainda uma homenagem a Aretha Franklin com “The blues brothers”, de John Landis.
Segundo os organizadores, serão exibidos vários filmes fora da competição nacional e internacional (nas secções Riscos, Da Terra à Lua, Heart Beat, Verdes Anos e laboratório de cinema Archa), inclui 22 primeiras obras de realizadores, 59 filmes portugueses, 22 estreias de filmes internacionais e 69 estreias mundiais. No festival, estão representados 54 países.
O DocLisboa volta a ocupar os espaços da Culturgest, cinema São Jorge, Cinemateca e Cinema Ideal. A abertura é assegurada com “The Waldheim Waltz”, novo filme de Ruth Beckerman sobre o antigo secretário-geral da ONU que escondeu o passado durante o regime nazi. Este filme é o candidato da Áustria a uma nomeação para os Óscares.
O encerramento do festival, no dia 28, ficará por conta de “Infinite Football”, de Corneliu Porumboiu, um filme sobre um homem obcecado com uma lesão contraída na juventude que trabalha intensamente para rever e modificar as regras do futebol.
Festival inclusivo
Nesta edição, o DocLisboa procura ser mais inclusivo, com uma sessão de audiodescrição para cegos e pessoas com deficiência visual, no dia 19 com o filme “Shut up and play the piano”, de Philipp Jedicke.
Por outro lado, como aconteceu em edições anteriores, o DocLisboa vai promover a aproximação do documentário às crianças e joven, atarvés do visionamento de filmes, seguida de reflexão e debate, em paralelo com actividades que materializem as ideias suscitadas pelos mesmos.
No fundo, com as oficinas Docs4Kids, o DocLisboa está a cumprir um dos seus grandes objectivos: a formação de públicos, através da comunidade escolar e das famílias.
Assim, durante os dias do festival, vai ser proporcionado às escolas um espaço de formação, essencialmente prático, promovendo a reflexão crítica e estimulando a criatividade de alunos e professores
Aos fins de semana, o DocLisboa convida os pais a levarem os filhos às oficinas de cinema, enquanto podem assistir a um filme do festival.
Um Aquário Fantástico – dos 4 aos 7 anos
Vídeo nas Aldeias — dos 4 aos 7 anos
Um Aquário Utópico — dos 8 aos 11 anos
Imaginando Realidades – dos 8 aos 11 anos
É Tudo Mentira! – dos 12 aos 15 anos
Heróis e Vilões – Oficina de Ilustração – dos 6 aos 10 anos
No dia 28 de Outubro, o DocLisboa vai estar no Jardim do Palácio Galveias para uma festa, com música, brincadeiras, oficinas e uma grande surpresa.