A iniciativa ‘Dia da Democracia’ foi lançada oficialmente no dia 28 de setembro. Este é um projeto promovido pelas juventudes partidárias do concelho de Oeiras e pela Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) e tem como objetivo aproximar os jovens da política. A primeira sessão foi esta quinta-feira, dia 19 de outubro, na Escola Secundária Amélia Rey Colaço, em Linda-a-Velha. Em breve, irá percorrer as restantes escolas secundárias do concelho.
O lançamento deste projeto decorreu no auditório do Taguspark, a 28 de setembro, e contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e do Presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais. O ‘Dia da Democracia’ vai percorrer todas as escolas secundárias do concelho de Oeiras, sendo que a primeira sessão foi esta quinta-feira, dia 19 de outubro, na Escola Secundária Amélia Rey Colaço, em Linda-a-Velha e contou com a presença de mais de uma centena de alunos.
Esta iniciativa tem como objetivo sensibilizar os jovens para a importância da Democracia, incentivar à participação cidadã, bem como à expressão de ideias individuais e ao respeito pela pluralidade de opiniões e o interesse comum. O projeto inclui um conjunto de atividades que têm o objetivo de fortalecer o conhecimento sobre as instituições democráticas. A primeira sessão contou com a presença do professor Marçal Grilo, antigo Ministro da Educação.
Jovens terão a oportunidade de visitar o Parlamento Europeu
A segunda sessão será na Escola Secundária Sebastião e Silva, a 25 de outubro. Contudo, está ainda previsto que a iniciativa se realize nas Escolas Secundárias Luís Freitas Branco, Prof. José Augusto Lucas, Camilo Castelo Branco, Aquilino Ribeiro, Quinta do Marquês e Miraflores. Estes encontros incluem debates e diversas atividades relacionadas com o tema da democracia. Igualmente, haverá ainda jogos dedicados a esta temática, e a equipa vencedora, em cada escola, ganhará uma viagem ao Parlamento Europeu.
De acordo com Álvaro Beleza, presidente do Conselho Coordenador da SEDES, no lançamento do projeto, “ver esta juventude a participar nesta iniciativa” é muito gratificante. “Isto não é o Dia da Democracia, é a Festa da Democracia”, reforçou o responsável, sublinhando que “Portugal precisa de jovens na democracia e na tomada de decisões”. Na sua visão, é preciso despertar os jovens para a política o mais cedo possível.
Por isso, esta associação está a trabalhar numa proposta para permitir que se possa votar a partir dos 16 anos. “A democracia é a prática da tolerância”, continuou Álvaro Beleza, reforçando que “a política é para todos”.
Encontro contou com a participação de 400 alunos de Oeiras
Este encontro começou com a atuação do projeto Bandas de Garagem, do Agrupamento de Escolas Aquilino Ribeiro e contou com a presença de cerca de 400 jovens das oito escolas secundárias do concelho. Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras (CMO), salientou o sucesso deste ‘Dia da Democracia’. “Estou perplexo com a quantidade de pessoas nesta sala. Os jovens estão a dizer que se interessam e envolvem na política”, acrescentou o autarca, lembrando que é importante discutir e refletir sobre a importância da democracia em Portugal, porque ela “não é um dado adquirido”.
“É fundamental conhecer a democracia e mantê-la, para manter a diversidade de opiniões”, prosseguiu Isaltino Morais, reiterando a alegria da CMO em acolher este evento. “Os jovens deste país devem garantir o futuro”, sublinhou, lembrando ainda que eles devem basear-se em informação fidedigna e evitar acreditar em tudo aquilo que lhes é apresentado. “Não há democracia sem partidos políticos”, admitiu ainda Isaltino Morais, reforçando que “é preciso conhecer e recolher informação” para se ter uma opinião sustentada.
“Quando falo com os jovens, apercebo-me que eles se querem integrar na política”, prosseguiu o edil de Oeiras, que considera, por isso, que é necessário “haver uma abertura para esta vontade”. Deste modo, defende a presença de mais jovens nas Assembleias de Freguesias, Assembleias Municipais, apelando a que, nas próximas eleições autárquicas, haja espaço para integrar mais jovens.
Integrar os jovens nos processos de decisão
Por sua vez, o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, lembrou aos jovens presentes que “a democracia é comemorar os princípios fundamentais das sociedades democráticas, e que devem estar sempre presentes”. Na mesma mensagem, transmitida em vídeo, o Secretário de Estado reforçou que “os jovens são os guardiões das sociedades democráticas”, e por isso, é necessário integrar os jovens na política, para que esta geração, a “mais qualificada de sempre” chegue “rapidamente aos lugares de liderança”.
Já para a Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, “a democracia deve ser alimentada todos os dias. A democracia é a capacidade de cada um dar o seu contributo e a sua opinião”, disse a Ministra, que defende ainda o papel importante da escola para a construção desta visão democrática. “Uma notícia falsa pode tornar-se verdade e destruir a democracia”, lembrou Ana Catarina Mendes, apelando, por isso, aos jovens, que questionem e não caiam na armadilha das notícias falsas.
Reforçar a literacia sobre política
Por fim, também o Ministro da Educação, João Costa, deixou umas palavras aos jovens, lembrando que “a escola serve para aprender tudo”. Contudo, serve “também para desenvolver competências fundamentais”. João Costa lembrou ainda que, há cerca de sete anos, o Governo criou a iniciativa ‘A Voz dos Alunos’. Aqui, os jovens eram convidados a dar o seu contributo para mudar o país.
“Houve algumas sugestões que entraram na legislação”, recordou o Ministro. No mesmo sentido, admitiu ainda que o Governo está a preparar a criação de um conselho consultivo com os jovens. O objetivo é que eles possam apresentar ideias e sugestões de mudança. “A democracia tem na sua base a capacidade de discutir e discordar”, reforçou. João Costa apelou também a que se reforce a literacia política dos jovens, para que eles possam “discordar e duvidar” do que muitas vezes é apresentado.
Incluir mais a política na Educação
O ‘Dia da Democracia’ é um projeto das juventudes partidárias do concelho, e que incluiu a participação dos alunos das oito escolas secundárias de Oeiras. O objetivo desta iniciativa será divulgar a importância da democracia e dos valores de Abril junto dos estudantes. Com isto, pretende-se igualmente, integrar a educação política nas escolas, para que os jovens estejam mais esclarecidos sobre os processos democráticos em Portugal. No encontro que ocorreu no Taguspark, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, respondeu a oito questões colocados por estudantes do ensino secundário.
O Chefe de Estado começou a sua intervenção referindo que “todos os dias devem ser dias da democracia”. Questionado sobre o que está a fazer para evitar a emigração de jovens, Marcelo Rebelo de Sousa reforçou que “esta saída não é igual aquela que se verificava nos anos 60 ou 70, em que as pessoas não vinham mais”. No entanto, lembrou que é preciso criar mais empregos qualificados, dado que esta geração é mais “qualificada de sempre”.
Jovens contribuem para a mudança
“Temos de crescer mais”, acrescentou o Presidente da República, defendendo, igualmente, “uma repartição mais justa dos rendimentos e uma maior coesão territorial” para potenciar o crescimento do país e a igualdade de oportunidades. “A mudança faz-se com os jovens”, prosseguiu o Chefe de Estado, lembrando que “tinha 26 anos quando fiz parte da Assembleia Constituinte”. De igual modo, recordou grandes nomes que fizeram parte da história da democracia, como por exemplo Mário Soares ou Álvaro Cunhal, e que eram “novissímos” quando entraram na política.
Por outro lado, salientou também que, nas últimas eleições autárquicas, “houve menos mulheres eleitas” e que existem ainda “poucas minorias representadas no poder”. Marcelo Rebelo de Sousa reforçou também a importância de se “criarem propostas” para que os jovens sejam mais integrados na politica. Contudo, admitiu que, atualmente, “é mais difícil ser poder” do que antigamente, lembrando que a realidade do país “mudou muito. As estruturas do poder e a capacidade de resposta foram sempre atrás dos acontecimentos”, o que “não é culpa do Governo A, B, C ou D”, mas “de todos os responsáveis ao longo do tempo”.
Para o Chefe de Estado, “quando veio a democracia, a escola ainda era para uma minoria”. Deste modo, recordou ainda que, ao longo das últimas décadas, “houve uma democratização do ensino e também da saúde, graças ao Serviço Nacional de Saúde”.
Mais jovens na política
Ainda na mesma sessão, o Presidente da República disse que “sempre lutou contra a censura”, lembrando ainda que “a comunicação social é uma forma de poder. É mau ter uma comunicação social com poucos recursos financeiros”. Sobre a idade mínima para votar, Marcelo Rebelo de Sousa não falou do assunto. Por outro lado, mostrou-se defensor do voto eletrónico, questionando a “resistência tão generalizada” à sua introdução. “Voto em papel é obsolescência”, sustentou. Por outro lado, pediu ainda um peso maior dos jovens em eleições autárquicas, legislativas e europeias.
“Não me quero pronunciar sobre a Presidência da República. Contra mim falo. Aliás, foi um dos argumentos por que eu hesitei muito, muito, em recandidatar-me”, acrescentou. Marcelo Rebelo de Sousa considera que a “democracia envelheceu”. Por outro lado, adiantou que não tencionava recandidatar-se nas presidenciais em 2021, porque “achava que tinha cumprido, já no limite da idade, no fim da carreira, uma função durante cinco anos”.
Por fim, deixou ainda uma mensagem aos jovens: “viver cada dia como se fosse o último, mas sonhar a médio e a longo prazo”. “Na escola, aprendi a pensar e a amar. Aprender Direito, Matemática ou Geografia é muito importante, mas não tão importante como aprender a ser cidadão”, concluiu o Chefe de Estado.
