EM CAMPOLIDE NINGUÉM FICA PARA TRÁS

Criar uma academia de desportos de combate e promover a construção da habitação cooperativa, são dois dos muitos objetivos do novo presidente da Junta de Freguesia de Campolide, Miguel Belo Marques, que, durante os próximos quatro anos de mandato, quer «aprofundar», ainda mais, a política de proximidade, em diálogo permanente com a população.

Miguel Belo Marques tomou posse, há cerca de um mês, como presidente da Junta de Freguesia de Campolide, assumindo o cargo com determinação e amor a Campolide. São muitos os projetos que tem para a sua freguesia. Alguns deles vem do executivo anterior que, segundo ele, realizou um «inegável trabalho».

Para Miguel Marques, com o anterior executivo, também do Partido Socialista, «Campolide ganhou identidade, progrediu e é, hoje, mais cosmopolita». No entanto, as pessoas deste novo executivo são diferentes e, por isso, «é normal que existam diferenças na forma de gerir a edilidade». Mas isso não significa que existam alterações significativas, realçando que «uma das coisas que vamos manter e reforçar é a proximidade criada pelo anterior executivo, que nos deixou uma Junta com uma situação financeira confortável».

Entre 2009 e 2013, Miguel Marques fez parte do executivo da Junta de Freguesia de Campolide, o que lhe permite aquilatar das mudanças positivas que foram, entretanto, introduzidas na Junta, que está «mais próxima das pessoas» e com mais responsabilidades, devido em parte aos Contratos de Descentralização de Competências, assinados com a Câmara de Lisboa, durante a presidência de Fernando Medina.

Aliás, sobre a delegação de competências, o autarca é da opinião que elas podem ser alargadas a outras áreas, nomeadamente à habitação, porque, como «todos sabemos», há sempre «novos desafios, e a evolução da sociedade obriga-nos a criar respostas eficazes, que correspondam às necessidades de cada pessoa e de cada família, de todos e de cada um. É isso que faz as pessoas acreditarem nas Juntas de Freguesia, que tem de dar respostas eficazes aos problemas das pessoas e do território, de uma forma transparente e rápida».

É esse o desafio que Miguel Marques quer agarrar para «concretizar o Campolide desta década». Mas, enquanto isso não acontece, revela que existem «vários projetos a nível de espaços públicos» e que vão «reforçar e melhorar os cuidados com os espaços verdes». Contudo, como uma das «máximas» da sua gestão se prende com a proximidade com os seus fregueses, Miguel Marques está a preparar «um plano público de deservagem, com o apoio da população, para solucionar esse problema em Campolide».

Com 37 anos, o novo autarca pretende criar uma academia de desportos de combate que, ao contrário do que se costuma dizer, «poderá contribuir para as pessoas a aprenderem a autocontrolarem-se e a respeitarem os outros». Essa academia, na perspetiva do edil, poderá também «retirar muitos jovens da rua», afastando-os de alguns «caminhos menos corretos».


Miguel Marques, que cresceu e viveu desde sempre em Campolide, luta por um Campolide cada vez mais verde, seguro e com crescente qualidade de vida, onde a higiene urbana e o espaço público sejam referência. No fundo, como salienta, pretende «uma Freguesia solidária onde ninguém fica para trás e onde todos se sentem integrados e orgulhosos em afirmar que é seu!»

Profundo conhecedor do território, onde viveu com os Avós, na Rua Marquês de Fronteira, tem as memórias, contadas e vividas, do que era e do que se tornou Campolide, o que lhe permite conhecer bem «a realidade da nossa comunidade», onde aprendeu os princípios e os valores mais importantes da vida: o respeito, a dignidade e a solidariedade. «Tenho-os sempre comigo», acrescenta, para de imediato afirmar que, em «Campolide ninguém fica para trás». E, por isso, a sua preocupação com aqueles que tem rendimento abaixo dos limites mínimos de sobrevivência.

Habitação para todos

«Em Campolide temos várias faixas etárias e todos os extratos sociais. Cabem cá todos», adianta Miguel Marques, sublinhando que «tem de existir mais cuidado com os mais desfavorecidos». Daí as preocupações do autarca a nível habitacional para a classe média e para as pessoas mais carenciadas.

«Temos todo o tipo de habitação na nossa freguesia, desde os condomínios de luxo aos bairros sociais, mas não temos habitação para a classe média que não tem rendimentos para pagar os elevados valores de renda que são pedidos pelos proprietários. Para as classes mais desfavorecidas temos uma resposta a nível de bairros sociais. Para os que tem rendimentos mais elevados existe uma grande oferta. Corremos o risco, caso a situação não se altere, de termos um Campolide de extremos: os mais ricos e os mais pobres, deixando de fora toda a classe média, que não tem poder de compra para aqui viver», alerta Miguel Marques.

Mas, para tudo na vida há uma solução e, por isso, defende que se deve «trabalhar em algumas soluções habitacionais muito interessantes, nomeadamente o «proposto» pelas cooperativas de habitação».

Apologista do alargamento das competências das juntas à habitação, saúde e ação social , Miguel Marques considera que parte da solução do problema habitacional pode passar pela construção cooperativa, até porque tem, na freguesia, «cooperativas com excelentes resultados». «Algumas delas já com décadas, com experiência de construção a custos controlados. A solução ou a minimização do problema pode passar por aí», defende, revelando que «ainda existem terrenos para construir e outros para reabilitar».

Do ponto de vista do edil, o atual executivo da Câmara de Lisboa, deve prosseguir com o programa “Renda Acessível”, dirigido a jovens e famílias das classes médias, disponibilizando casas com rendas até 30% do rendimento líquido do agregado, atribuir imóveis e terrenos municipais para apoio à criação de cooperativas de habitação e assegurar que nos novos empreendimentos, de dimensão relevante, 25% da construção seja dirigida a habitação acessível.

Solidariedade social

Uma outra preocupação do autarca prende-se com a solidariedade social, apesar da vasta resposta da Junta para as diferentes necessidades das pessoas. «Temos respostas, em conjunto com a Santa Casa da Misericórdia, várias IPSS e com a Câmara, para a maioria dos problemas que tem surgido, nomeadamente em termos de apoios alimentares. Temos que afinar a comunicação existente entre as diferentes entidades para evitarmos injustiças na distribuição dos cabazes alimentares», salienta.

Miguel Marques, após lembrar que até 3 de dezembro continuam a decorrer as inscrições para os Cabazes de Natal, revela que assinou um protocolo com a Mesquita Central de Lisboa para a distribuição de refeições quentes, todas as sextas-feiras. Intitulado «Mesquita Solidária» este projeto já realizou a sua primeira entrega de refeições quentes deste inverno aos que mais precisam.

Ainda em termos sociais, a junta de Freguesia, em colaboração com a PSP, tem realizado o acompanhamento dos idosos que se encontram isolados. Depois de realçar que «é seguro viver em Campolide» porque são servidos por «duas esquadras esplêndidas», comandadas por oficiais «altamente qualificados», Miguel Marques realçou o «trabalho de proximidade» efetuado pelos agentes junto dos mais idosos.

Aliás, como realça, «existe um agente principal da 21ª esquadra (cujo nome se omite por razões óbvias) que tem realizado um trabalho espetacular. Temos idosos que só nos abrem a porta se formos acompanhados por esse agente. Só confiam nele».

«Do ponto de vista social, isto é extremamente importante. As pessoas confiam nos nossos agentes, por causa do bom trabalho que eles têm efetuado na freguesia», refere. Esta afirmação leva o autarca a defender que é necessário «acabar com o estigma dos bairros sociais, que são feitos por quem lá mora, mas também pelas entidades públicas que tem de ouvir as pessoas para todos os projetos existentes ou planeados para o bairro, nomeadamente no capítulo da segurança».

Oferta cultural e desportiva diversificada

Por último, Miguel Marques fez questão de falar do movimento associativo que, segundo ele, tem «uma oferta cultural rica e diversificada e que está a gerar, em termos desportivos, o sentimento que há desporto para todos».

Anunciando que está a ser criado «um regulamento de apoio as associações culturais e desportivas da freguesia», o eleito presidente de Junta adianta: «Vamos querer aumentar, da forma mais justa possível, os apoios que concedemos a essas instituições», que formam atletas de alta competição, ajudam a tirar as crianças da rua e, ao mesmo tempo, oferecem condições «para o desporto de lazer e conforto».

Para o autarca, «o importante é que todas estas instituições oferecem as condições que permitem o acesso de todos ao desporto».

Contudo, «como o trabalho autárquico nunca termina», o edil gostaria de deixar, como marca da sua gestão, «obra física de modernidade e de apoio social, reabilitando todos os cantinhos da freguesia».

 

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