ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS E CÂMARA DE LISBOA DISCUTEM O FUTURO DA CIDADE

Em 1962, os estudantes desafiaram o regime de Oliveira Salazar e pediam o fim da ditadura, numa crise que se prolongou por meses e que começou como resposta à proibição das comemorações do Dia do Estudante. Passados 60 anos, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, recebeu estudantes do ensino superior e dirigentes das associações de estudantes, para debater o futuro da capital.

No dia em que passam 60 anos da crise estudantil de 1962, 24 de março, celebra-se o Dia Nacional do Estudante. A data foi assinalada pela Câmara Municipal de Lisboa com um convite aos estudantes universitários da cidade, para uma conversa informal nos Paços do Concelho.

Mobilidade, cultura, habitação, saúde mental, as oportunidades, as dificuldades sentidas e a visão dos jovens sobre o futuro da cidade, além de temas como a sociedade pós COVID-19, as alterações climáticas ou a guerra da Ucrânia, foram abordados numa conversa em ambiente informal.

«O Protagonismo dos Jovens na Construção da Cidade e da Sociedade do Futuro» foi o tema da conversa informal entre o Executivo Municipal, representado pelo presidente Carlos Moedas, que estava acompanhado por Diogo Moura, vereador com a pasta de Educação, e Laurinda Alves, vereadora responsável pelo pelouro da Juventude do Município, e cerca de 80 jovens estudantes de Lisboa.

«Ajudem-nos a definir, discutindo connosco, o futuro da cidade» disse o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, apelando aos estudantes para uma maior e mais ativa participação nos temas estruturantes da cidade, porque «os jovens têm que se envolver nos problemas e na construção das soluções para a capital».

«Hoje, mais do que nunca, os estudantes têm de se fazer ouvir», sublinhou o autarca, lembrando que «ser estudante é um dos melhores momentos de vida de uma pessoa, mas também é um privilégio que muitos jovens, por esse mundo fora, não têm acesso», dando como exemplo as «meninas no Afeganistão que não têm direito a ir à escola e onde não existe uma Universidade para as mulheres».

Já para o vereador Diogo Moura, que lembrou que na audiência estavam também muitas associações de estudantes do ensino secundário, «este executivo quer construir a cidade de baixo para cima. Temos um projeto para a cidade que queremos fazer com todos os cidadãos, mas principalmente com os jovens, que são o futuro da nossa cidade».


Transportes gratuitos

Em resposta a uma pergunta do representante da Associação Académica da Universidade Lusíada, sobre a mobilidade e sobre a isenção dos estudantes nos transportes públicos, Carlos Moedas referiu que «a mobilidade tem que ser construída com as pessoas e para as pessoas», anunciando que, em abril, vai apresentar a sua proposta de transportes públicos gratuitos para jovens e para a terceira idade.

Por outro lado, fez questão de salientar que já foram «criadas carreiras entre os vários polos universitários de Lisboa», principalmente no período noturno.

Em resposta à pergunta de como «vai ser a mobilidade no futuro, Carlos Moedas afirmou «a mobilidade, como hoje a vemos, vai mudar. A primeira resposta está na tecnologia, com o aumento de veículos elétricos e mais eficácia dos transportes públicos. Têm que se pensar “na cidade a 15 minutos”, onde as pessoas estão a 15 minutos da universidade, do emprego e das zonas de lazer», lembrando que «90% da poluição na capital é provocada por veículos com mais de 10 anos e, por isso, é necessário aumentar a frota de veículos elétricos».

A representante de uma Associação de Estudantes Europeus em Lisboa levantou várias questões de índole cultural, enumerando várias situações que dificultam o acesso dos estudantes estrangeiros aos equipamentos culturais.

O vereador Diogo Moura, que lamentou a existência dessas situações, anunciou que vai «apresentar medidas concretas que permitam que todos os estudantes, sejam eles residentes ou estrangeiros, tenham acesso a esses equipamentos culturais», recordando que, em Lisboa, se realizam vários atelieres culturais, frequentados por nacionais e estrangeiros».

Diogo Moura, que fez questão de salientar que «não pode haver barreiras para os jovens estrangeiros», sublinhou que, neste momento, já existem descontos para os jovens em teatros, concertos e outro tipo de eventos culturais.

Esta sessão decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho, e contou com a colaboração da Federação Académica de Lisboa, a Associação Académica de Lisboa, a Erasmus Life Lisboa e a Erasmus Student Network, com o intuito de ouvir as reflexões dos estudantes universitários sobre a vida dos jovens em Lisboa e sobre a sociedade em geral, promovendo a sua participação ativa nos assuntos estratégicos da sociedade dos nossos dias e do futuro.

Ao longo de uma hora e num registo informal e de proximidade, foram debatidos temas como a experiência dos estudantes em Lisboa, as oportunidades, as dificuldades sentidas e as suas visões sobre o futuro da cidade e, ainda, outros temas como a sociedade pós-COVID 19, as alterações climáticas ou a guerra da Ucrânia, entre outros.

Várias foram as perguntas sobre o ensino em Portugal, designadamente em Lisboa, Carlos Moedas, após salientar «sou um produto da escola pública em Portugal», destacou a importância que a educação pública deve ter em Portugal. Para o presidente da Câmara, a educação precisa de uma adaptação para poder evoluir, e deve assentar sobretudo na motivação dos professores e outros profissionais que estão todos os dias com os alunos e num investimento prioritário na educação.

Por seu turno, Diogo Moura lembrou que está a ser dada continuidade ao Programa Municipal de combate ao insucesso escolar e abandono escolar precoce, mais conhecido como “Secundário para Todos”, estando, por outro lado, a ser reforçado o programa Passaporte Escolar, um projeto de valorização da educação não formal, fora do contexto da sala de aula, haverá um fomento das bibliotecas escolares, o desenvolvimento de um plano local de leitura, e uma melhoria das condições de estudo, «alargando os horários de alguns equipamentos como as bibliotecas» e com a criação de mais salas de estudo, onde há «uma grande carência».

Lembrar crise académica

O Dia Nacional do Estudante comemora-se anualmente no dia 24 de março. Este dia foi promulgado pela Assembleia da República Portuguesa em 1987.

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