FERNANDO MEDINA UNE FADISTAS E CASAS DE FADO

Hoje, a Associação de Comerciantes do Bairro de Alfama apresentou à Câmara de Lisboa o projecto «O Fado é para todos» em «contraponto» à proposta da Associação de Casas de Fado, que inclui apoios financeiros de 574 mil euros.

A Câmara Municipal de Lisboa aprovou, ontem, a celebração de um protocolo com a Associação das Casas de Fado de Lisboa (ACFL), que inclui um apoio financeiro de 574 mil euros, tendo sido acrescentado, pelo executivo municipal, um ponto deliberativo para abrir a possibilidade de candidatura às outras casas de fado que ficaram de fora deste apoio, aprovado de forma unânime pelo executivo municipal.

No ponto agora acrescentado, reafirma-se a recetividade da Câmara Municipal de Lisboa em apoiar o setor do Fado, declarado pela UNESCO Património Cultural Imaterial da Humanidade e Património de Lisboa, por «forma a assegurar a sobrevivência dos seus agentes e artistas».

Aproveitando este novo item criado pela autarquia lisboeta, a Associação de Comerciantes do Bairro de Alfama, que tem casas de fado associadas, decidiu apresentar à Câmara o projeto «O Fado é de Tod@s», esperando uma resposta «positiva para este projeto que têm um forte cariz social e conta com cerca de 30 casas de fado e mais de 200 fadistas».

Expectante em relação à decisão que vier a ser tomada pela edilidade, a fadista Clara Sevivas, porta-voz deste projeto, apesar de não revelar os valores do apoio que espera obter da edilidade, lembra que as «chamadas casas emblemáticas» não representam todo o universo do fado em Lisboa, salientando o cariz social do «Fado é de todos» que pretende apoiar os fadistas que «não têm meios de sobrevivência», dado as casas onde «actuavam se encontrarem fechadas».

Mas, a Câmara de Lisboa, presidida por Fernando Medina, justifica este apoio à ACFL com a «necessidade de salvaguardar um “património único português face a uma situação extraordinária de pandemia, causada pela Covid-19, que impede este setor de gerar as normais receitas económicas e coloca em risco a própria existência futura do mesmo».

A edilidade refere ainda a celebração, este ano, do centenário do nascimento de Amália Rodrigues (1920-1999), que aponta como «cantora, atriz e fadista portuguesa de referência internacional, e a vontade de tornar Lisboa o ‘epicentro’ das celebrações que se desenvolvem até ao próximo ano e se iniciaram a 1 de julho».

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A ACFL,que congrega 11 empresas, num total de 16 estabelecimentos situados em Lisboa e apresenta um volume de faturação global superior a 13 milhões de euros, empregando 284 pessoas, propõe-se a desenvolver «duas iniciativas relevantes para o objetivo de promover o Património Cultural Imaterial da cidade e apoiar as casas de fado de Lisboa, nomeadamente através da produção de um magazine televisivo dedicado ao Fado e da realização de uma Festa do Fado».

Segundo o protocolo, a ACFL «pretende colaborar na implementação e desenvolvimento de várias iniciativas para promoção do Fado». O apoio financeiro da Câmara destina-se ao «desenvolvimento e prossecução das atividades, constantes do protocolo».

A ACFL, em resposta a algumas situações levantadas pelos que se sentiram excluídos neste protocolo com a autarquia, refere que tem as suas origens no trabalho conjunto das casas de fado inscritas na Associação de Turismo de Lisboa (ATL) e que desenvolveram, em parceria, diversas ações, nomeadamente no programa “StopOver”, uma parceria da TAP Air Portugal com diversas entidades associadas do Turismo de Lisboa, há cerca de três anos.

Estas parcerias resultaram na necessidade de constituição de uma estrutura que permitisse a representatividade formal, de forma a criar um programa para o desenvolvimento de ações que promovessem a importância do Fado, a Cultura Fadista e apoiasse os seus associados, defendem em comunicado.

A ACFL afirma-se interessada na «entrada de novos elementos», segundo as condições definidas, designadamente: o «cumprimento da legalidade institucional, nomeadamente comprovando o pagamento de direitos de autor e das licenças para persecução da atividade», entre outras, como ser um espaço onde apenas se escuta fado ou a «existência de um elenco, comprovado através da existência de contratos de trabalho ou contratos de prestação de serviços, de modo a verificar e promover os direitos de estabilidade dos artistas».

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