FOTOJORNALISTAS «RETRATAM» LISBOA EM QUARENTENA NO MUSEU DE LISBOA

Quatro fotojornalistas, mestres em olhar o mundo pela lente das suas máquinas fotográficas, são os autores das fotos que vão estar patentes na exposição de fotografia sobre a cidade em quarentena, no Museu de Lisboa, a partir de 23 de julho.

As fotos que marcaram a cobertura da pandemia, nomeadamente durante os estados de emergência e de calamidade, da autoria de quatro fotojornalistas portugueses, vão estar patentes numa exposição no Pavilhão Preto do Museu de Lisboa, no Palácio Pimenta, a partir de 23 de julho.

Partilhar as suas «leituras fotográficas» desse período em «Lisboa Ainda mostra» é, no fundo, o objetivo desta mostra que vai apresentar os projetos de quatro fotojornalistas com percursos diferentes: Tiago Miranda, Pedro Nunes, Luís Miguel Sousa e José Fernandes. «Quatro olhares distintos sobre uma Lisboa em quarentena. São quatro olhares de quem conseguiu, através da objetiva, captar a essência e a beleza de uma cidade confinada acrescentando assim uma nova dimensão àquele que seria o seu objetivo inicial: informar», explica Rita Palla Aragão, comissária da exposição.

Durante a quarentena, Lisboa sofreu uma alteração profunda na sua vivência que ficará, para sempre, na memória coletiva e, aos fotojornalistas coube a difícil tarefa de captar imagens diretamente relacionadas com a pandemia, imagens de pesar e de sofrimento humano, registando, através das suas objetivas, as alterações profundas que se operaram no nosso quotidiano. «Fotografar a cidade parada. Sem o aeroporto e as escolas, mas também sem teatros e cinemas, cafés e esplanadas, restaurantes e bares, concertos e bailados, lojas e quiosques, floristas e vendedores ambulantes, mercados e feiras. Com a cidade parada, sem o movimento dos seus habitantes, desapareceram os pequenos gestos de cada um e que fazem o dia a dia de todos – “Lisboa não tem beijos nem abraços (…) não tem passos”, como tão bem descreveu Manuel Alegre durante este período, num poema que marcará para sempre este tempo e que empresta o título à exposição – Lisboa Ainda», assinala Rita Palla.

Quarentena ao minuto…

Pedro Nunes fotografou a cidade na primeira manhã da primeira segunda-feira da primeira semana da quarentena. «O tempo é diferente, o objetivo é o de sempre: mostrar o que acontece. Só que, nesta manhã, parece que não acontece», salienta Rita Palla Aragão.

Luís Miguel Sousa voltou aos lugares que antes havia fotografado repletos de turistas para, com o mesmo enquadramento, captar o contraste «e assim nos mostrar o quão volátil é, afinal, a realidade», nota a comissária.


Tiago Miranda conduziu por Lisboa e fotografou-a pela janela do carro. Para Rita Palla Aragão, «constatamos que a lente foi passeando pela cidade e captando o que o fotojornalista sentiu: a cidade como um não-lugar».

José Fernandes desenha a escuridão com luz. «Incide sobre as nossas figuras um destaque em branco que poderá ter muitos significados, mas que é, inequivocamente, de luz», assinala.

A completar, uma sala dedicada ao poema que Manuel Alegre escreveu sobre a cidade durante a quarentena, Lisboa Ainda, e ainda excertos de poemas de Manuela de Freitas, Maria Teresa Horta e Sophia de Mello Breyner.

Nota: Titulo atualizado em 14/07/2020

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