IGAS abriu inquérito ao caso da grávida que esperou uma hora à porta do Hospital

Já foi aberto um inquérito ao caso de grávida que teve aborto espontâneo e esperou uma hora para ser atendida no hospital das Caldas da Rainha, com urgência fechada. Bombeiros que assistiram a mulher dizem que tinha uma hemorragia abundante, mas só foi atendida após ligar para o 112 à porta do hospital. A administração do Hospital das Caldas da Rainha desmente falhas no atendimento. A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) já iniciou investigação.

Foi aberto um inquérito pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) ao caso da grávida que esperou cerca de uma hora à porta do hospital para ser atendida, depois de ter sofrido um aborto espontâneo, confirmou o Ministério da Saúde. O caso aconteceu na manhã de segunda-feira, no hospital das Caldas da Rainha, um dos cinco estabelecimentos de saúde que teve o serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia encerrado esta segunda-feira.

Segundo os INEM e os Bombeiros, depois de um aborto espontâneo, uma grávida dirigiu-se na segunda-feira ao hospital daquela localidade, a sangrar, e com o feto, já morto, dentro de um saco. Inicialmente ter-lhe-á sido negado o atendimento, uma vez que as urgências de obstetrícia estavam encerradas.

O Hospital das Caldas tem negado esta versão dos factos, mas já abriu um inquérito interno. No entanto, citada por aquele jornal, a presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Oeste, Elsa Baião, revelou que o hospital vai abrir um inquérito interno “um bocadinho a contragosto”, considerando que se trata de um “não assunto”.

Em comunicado enviado às redações, a ERS explica que, no quadro das suas atribuições, “instaurou um processo de avaliação a este caso”. Também a IGAS, Inspeção Geral das Atividades em Saúde, já tinha confirmado a abertura de um inquérito sobre o sucedido no hospital que pertence à Unidade Local de Saúde [ULS] do Oeste.

Em ambos os comunicados, quer da IGAS quer da ERS, recorda-se que há dois anos aquela unidade de saúde tinha sido alvo de uma investigação, também devido a falhas no atendimento a uma grávida.

“Em junho de 2022, a IGAS realizou uma inspeção às circunstâncias envolvidas na assistência de urgência a uma mulher grávida em trabalho de parto nesta mesma unidade hospitalar, no âmbito do qual foram emitidas cinco recomendações, quatro das quais foram dirigidas ao então Centro Hospitalar do Oeste, E.P.E. (a quinta recomendação foi dirigida à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I.P.)”, lê-se na nota.

O processo foi concluído em maio de 2023, “tendo o órgão de gestão do estabelecimento apresentado evidências do acolhimento das quatro recomendações” que lhe foram dirigidas.


Sobre o caso atual, a ULS Oeste, apesar de confirmar que a urgência de ginecologia e obstetrícia “não estava a funcionar”, nega ter recusado atender a utente. “Temos registo que a utente apenas entrou no hospital às 08h04 de hoje, tendo sido de imediato admitida. Em momento algum foi recusada a sua admissão, nem temos registo de várias insistências para admissão”, lia-se na nota de imprensa divulgada na segunda-feira.

Confrontado com este esclarecimento e ouvido pela Lusa, o comandante da corporação dos bombeiros de Caldas da Rainha Nelson Cruz (o mesmo que prestou declarações à Renascença) acusou a ULS Oeste — de “faltar à verdade”, argumentando que “se a urgência estava fechada, não há registo na admissão de doentes”.

Quer comentar a notícia que leu?