INAUGURADA A NOVA UNIDADE DE SAÚDE DE ALCÂNTARA

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) inaugurou, esta sexta-feira, dia 19 de janeiro, a nova Unidade de Saúde de Alcântara, um equipamento que representa um investimento superior a 4,6 milhões de euros. Este espaço conta ainda com uma Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados, consultas de Nutrição, Psicologia, Saúde Oral, Terapia da Fala, entre outras valências.

Foi inaugurada esta sexta-feira, 19 de janeiro, a nova Unidade de Saúde de Alcântara, um investimento da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no valor de 4,6 milhões de euros. Esta nova unidade vai dar resposta a mais de 15 mil utentes. Para o Diretor-Executivo do Agrupamento de Centros de Saúde de Lisboa Ocidental e de Oeiras, Rafic Nordin, “é um privilégio estar aqui hoje. Este é um projeto extraordinário que era necessário para a população de Alcântara”, referiu.

Para o responsável, este foi “um parto díficil”, sendo que o “apoio” da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), foi fundamental para que esta obra se concretizasse. Este centro de saúde tem “uma população com cerca de 15 mil inscritos, dos quais 34% são estrangeiros, oriundos de 119 nacionalidades”. Por outro lado, existem ainda “muitos utentes sem médico de família”, adiantou Rafic Nordin, acrescentando que agora, com este equipamento agora inaugurado, “será possível reter mais profissionais”. O diretor-executivo do ACES Lisboa Ocidental e Oeiras lembrou ainda que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “tem passado por alguns constrangimentos”.

Melhores condições para os utentes

A inauguração da nova Unidade de Saúde de Alcântara representa, na sua opinião, “um momento alto” para o SNS, uma vez que possibilita oferecer à população, “um equipamento que ela tanto precisa”. Por fim, Rafic Nordin agradeceu ainda o apoio da Câmara de Lisboa. “É importante que ela esteja conosco”, concluiu. Já para o presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, Davide Amado, “este é um momento muito importante para a comunidade. O antigo centro de saúde estava num prédio que tinha poucas condições e não permitia prestar os cuidados que este vai prestar”.

O autarca lembrou que este investimento surge no âmbito de um protocolo assinado entre a CML e o Ministério da Saúde em “2016 ou 2017”, ainda na gestão do antigo presidente Fernando Medina. Davide Amado recordou também que houve alguns desentendimentos com entidades como “a Carris ou o MAI”, e que foi o antigo presidente da Câmara de Lisboa que os ajudou a resolver. Por outro lado, houve ainda “um atraso” na conclusão da nova Unidade de Saúde de Alcântara, mas um “atraso positivo”, na perspetiva do presidente da Junta de Alcântara, uma vez que “o presidente Carlos Moedas conseguiu inscrever esta obra no PRR e alterar o projeto, para garantir uma maior eficiência energética”, reconheceu o autarca.

Colocar à frente os interesses da população à frente

Por fim, Davide Amado apelou a que se consiga, rapidamente, os “médicos e enfermeiros” necessários para “dar uma melhor resposta” à população no centro de saúde agora inaugurado. Por sua vez, Carlos Moedas começou a sua intervenção a salientar que este “é um dia duplamente especial”. Aqui, aproveitou para agradecer “a dedicação e o trabalho” de Rafic Nordin, lembrando tudo “aquilo que faz pela saúde”. Igualmente, considera o edil lisboeta, é também um “dia especial para Alcântara”. Apesar de, muitas vezes, não estar de acordo com as ideias do presidente da Junta de Alcântara, Moedas referiu que ambos colocam “a saúde e as necessidades da população à frente” de tudo.

“Obrigado por tudo e pelo trabalho que fazemos em conjunto”, acrescentou o presidente da CML. Ainda na sua visão, “os líderes têm de pegar nas instituições e levá-las para a frente. Este é um bom exemplo”. Carlos Moedas lembrou ainda que, até ao momento, a CML já investiu mais de “20 milhões de euros em centros de saúde”, sendo que, “até 2027, serão 40 milhões”. Para o autarca, a concretização destes objetivos é um “trabalho que só pode ser feito em conjunto”. No entanto, e apesar de criar melhores infraestruturas, a CML não consegue trazer os meios, ou seja, “os médicos e enfermeiros” para atender as populações.

CML quer descentralização com mais meios

Aos jornalistas, o presidente da Câmara de Lisboa revelou que, “na região de Lisboa, quase 900 mil pessoas não têm médico de família”. Na sua perspetiva, “a descentralização de competências do Governo para a CML têm sido passar tarefas para a autarquia. Essas tarefas são a construção dos centros de saúde, mas depois o presidente da Câmara é o culpado por não haver médicos”, criticou Carlos Moedas. “Eu gostava de ter essa responsabilidade, porque era melhor contratar os médicos para os centros de saúde”, disse ainda o presidente, salientando que “Lisboa tem feito o que consegue”.


“Para receber mais competências, é preciso ter mais dinheiro. O Estado deve descentralizar com recursos”, sustentou ainda o presidente. Questionado sobre possíveis medidas de incentivo à fixação de médicos, o edil disse que elas relacionam-se sobre com “a habitação”. “Temos rendas acessíveis, não só para jovens médicos, mas também para enfermeiros e professores”, disse Carlos Moedas, reforçando que a CML está a desenvolver “vários programas”. Recentemente, assinou um acordo com a Comissão Europeia, no valor de 500 milhões de euros, “para a construção de renda acessível e apoiada” em Lisboa.

Apostar na renda acessível para médicos e outros profissionais

“É um apoio importante, neste momento já conseguimos [habitação] para 40 polícias”. “Sem este incentivo, começa a ser impossível”, considerou ainda o presidente da CML. Atualmente, a autarquia lisboeta apoia mais de mil agregados familiares com estes programas de arrendamento acessível. “Neste número de pessoas, temos muitos profissionais, sobretudo jovens. Essa população é muito diversa”, explicou Carlos Moedas. “Não há limite, quantos mais vierem, mais nós vamos apoiar”, salientou ainda. “Enquanto o país não tiver mudanças fortes em termos de economia e desenvolvimento, é díficil. Temos tentado dar o exemplo em Lisboa, com a captação de empresas que pagam melhores salários”.

No total, a CML dispõe de 560 milhões de euros para o desenvolvimento de programas de regime de renda acessível, sendo que parte destas habitações poderão ser destinadas a médicos, como forma de incentivo a que fiquem em Lisboa. Por outro lado, foi ainda retirada uma proposta que envolvia as empresas privadas. Esta iria trazer um novo modelo de cálculo das rendas acessíveis nos empreendimentos em construção em Benfica e no Parque das Nações. Desta forma, o cálculo da renda seria estabelecido em 20% dos valores praticados naquelas zonas, algo que a oposição considera uma medida especulativa.

Centro de Saúde financiado com recurso a verbas do PRR

“Não havia aqui nenhuma renda fixa. O máximo seria 30% do rendimento mensal das famílias”, desmentiu Moedas. Contudo, “para trazer os privados, é necessário que eles vejam atratividade nestes projetos, mas a condição é a de que ganhava aquele que trouxesse a renda mais baixa”, disse ainda o edil, refutando as acusações do PCP e do PS que consideravam que esta medida iria continuar a trazer rendas elevadas. Novamente no seu discurso, o autarca considerou ainda que “os países devem agradecer à Europa”, lembrando que este novo centro de saúde foi construído com o apoio do PRR.

Dirigindo-se à vereadora com o pelouro das Obras Municipais da CML, Filipa Roseta, Carlos Moedas agradeceu a sua contribuição para que esta “obra conseguisse ser financiada com dinheiro europeu” e, desta forma, “poupar dinheiro aos contribuintes”. Ao mesmo tempo, agradeceu ainda à equipa que permitiu a realização deste espaço. “Todos são importantes”, acrescentou o presidente, que considera ainda que, “na área da Saúde, todos temos de contribuir”.

Estado Social Local

“Quando falo do Estado Social Local, falo com convicção. Essa é a minha prioridade e o maior investimento em Lisboa”, prosseguiu Moedas, sublinhando, contudo, que este “investimento deve ser um complemento” ao SNS, de forma a mitigar as dificuldades que hoje existem no acesso a cuidados de saúde primários. De igual modo, reforçou, “temos que tratar de todos e recebê-los. Lisboa é uma cidade diversa, onde 20% da população não é de Lisboa nem sequer de Portugal”.

“Sem saúde não temos nada. É o pior que nos pode acontecer”, disse ainda o presidente da CML, adiantando que, até ao momento, já aderiram ao Plano de Saúde 65+ mais de “12 mil lisboetas”. Contudo, para além desta medida, conta ainda com outras medidas de acesso a cuidados de saúde, como por exemplo as mamografias gratuitas para mulheres acima dos 35 anos, entre outras. Carlos Moedas lembrou também que, apesar das diferenças políticas no executivo camarário, todos concordam com este Estado Social Local.

“Esta união tem permitido fazer mais e melhor”, considerou ainda. Por fim, a nova Unidade de Saúde de Alcântara fica na Rua 1º de Maio, nas antigas instalações da Carris. Foi esta empresa que cedeu o terreno à CML para a construção desta infraestrutura. Este novo centro de saúde conta ainda com uma Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados, consultas de Nutrição, Psicologia, Saúde Oral, Terapia da Fala, entre outras valências.

Quer comentar a notícia que leu?