Lisboa é a nova Capital Verde Europeia, tendo recebido o testemunho da cidade de Oslo, na Noruega. Assim, durante 2020, vai ser desenvolvido um vasto programa que inclui a plantação de 20 mil árvores, exposições e conferências sobre ambiente.
O presidente da Câmara de Lisboa reiterou que o galardão Capital Verde Europeia 2020 atribuído à cidade destina-se «acima de tudo a fazer mais pela melhoria da qualidade de vida das cidades».
«O galardão não se destina a premiar os feitos que conseguimos. Destina-se acima de tudo a conseguirmos utilizá-lo de forma a fazer mais. Fazer mais para vencermos em conjunto esta batalha das alterações climáticas, fazermos mais pela melhoria da qualidade de vida das cidades, fazermos mais no domínio dos parques verdes, da água, da mobilidade sustentável», realçou Fernando Medina.


«E se é verdade que nós não vamos vencer a batalha das alterações climáticas aqui em Lisboa, nós temos a consciência bem clara de que temos de fazer a nossa parte», acrescentou o chefe do executivo municipal.
O presidente da Câmara referiu ainda que «o que motivou fundamentalmente a atribuição do galardão foi o compromisso do município “com a ação”, estando previstas ações concretas todos os dias a contribuir para a sustentabilidade ambiental».
Costa quer ministros com carros elétricos
O Primeiro-Ministro, António Costa, também presente na cerimónia, revelou que a partir de 01 de fevereiro, todos os ministros só circularão em Lisboa e na área metropolitana em viaturas elétricas para assinalar simbolicamente o facto de a cidade ser Capital Verde Europeia em 2020.
Além deste «gesto simbólico», o executivo gostaria ainda de dar «uma prenda» à cidade de Lisboa e, ao longo deste ano, será assegurada a neutralidade carbónica da residência oficial do primeiro-ministro, que produz anualmente 85 toneladas de dióxido de carbono.
«É a prenda simbólica que o Governo gostaria de dar à cidade de Lisboa ao longo deste ano, mas também para servir de exemplo para todos os outros», salientou.
Quarenta das 85 toneladas de dióxido de carbono produzidas anualmente pelo edifício da residência oficial do primeiro-ministro serão compensadas através da produção local de energia, 35 toneladas através de medidas de gestão de eficiência energética e dez toneladas através do arvoredo do jardim, adiantou.
Segundo o chefe do executivo, o investimento que será feito «é totalmente recuperável nos próximos cinco anos. Foi, aliás, assim que o ministro das Finanças aprovou, porque não contribuirá para o défice a longo prazo do Estado português».
O primeiro-ministro salientou ainda que estas duas medidas correspondem a exemplos que o Governo quer dar. «É um exemplo de que se isto é possível naquele edifício, é possível em todos os edifícios, se é possível relativamente à mobilidade dos membros do Governo, é possível para a mobilidade de todos e é essa mudança que temos de fazer coletivamente ao longo dos próximos dez anos se quisermos mesmo ganhar esta batalha», reforçou.
Sobre a distinção que Lisboa recebeu para ser em 2020 Capital Verde Europeia, António Costa recordou que é a primeira cidade do sul a receber o título, considerando que, «mais do que um prémio, é um enorme compromisso» que terá de ser assumido por todos, porque «a realidade das alterações climáticas é absolutamente inquestionável e exige uma ação rápida», sublinhou o primeiro-ministro, mostrando uma imagem do degelo na Gronelândia para ilustrar que «a realidade está mesmo aí e exige ação».
António Costa aproveitou a ocasião para lançar um desafio «a todos» para participarem na «corrida pela ação climática, que é mesmo uma corrida de longo curso, mas que tem de ser feita ao ritmo de uma corrida de 100 metros».
«Não podemos adiar as medidas que são possíveis de lançar hoje», insistiu.
Para Guterres, “Estamos a perder as batalhas da biodiversidade e a luta contra o plástico nos oceanos, sento absolutamente indispensável inverter esta situação.”
Apesar desta leitura pessimista, o secretário geral da ONU mostra-se esperançado que os encontros internacionais sobre a biodiversidade e os oceanos possam levar os países, mesmo os mais céticos, a implementarem politicas que promovam “a drástica redução de emissões de CO 2 até 2030”
Metas para cumprir ao longo da década
Como Capital Verde Europeia, os objetivos implementados pela Câmara Municipal de Lisboa passam por várias áreas, começando pela energia. O município pretende reduzir as emissões de dióxido de carbono até 2030, atingindo a neutralidade carbónica até 2050; aumentar a poupança energética, diminuindo o consumo em 60%; limitar em 67% o consumo energético na iluminação pública; aumentar a produção de energia solar; erradicar a pobreza energética até 2050, aumentando o conforto nas casas e concluir, em Carnide, uma central fotovoltaica para abastecimento da frota elétrica da Carris.
Já para a mobilidade, o município quer criar 410 novos autocarros de elevado desempenho ambiental até 2023; duplicar a frota de elétricos rápidos; aumentar em 40% a oferta de transportes públicos rodoviários na área metropolitana de Lisboa; expandir a rede do metro; renovar a frota da Transtejo e criar uma infraestrutura circular que ligue toda a cidade.
Por último, em relação à água, pretende-se instalar um sistema de rega e lavagem de ruas com água reciclada e reutilizada que, em 2025, entrará em pleno funcionamento; poupar 25% de água através de um programa de eficiência hídrica e investir na drenagem da cidade através, por exemplo, da criação de várias bacias de retenção naturais para minimizar os efeitos das cheias.