LISBOA NÃO DEIXA MORRER O FADO

Hoje, mais do que nunca, o fado de Maria de Lourdes Machado, «Por Deus Não Deixem Morrer O Fado», de 1982, está actual. De facto, por causa do Covid-19, as casas de fado estão em risco de fechar e, por isso, a Câmara de Lisboa vai apoiar financeiramente artistas e casas de fado.

A Câmara de Lisboa vai apoiar as casas de fado e os seus artistas com 200 mil euros e irá promover, em coprodução com a RTP, um documentário sobre várias casas de fado de Lisboa e os seus artistas e, em parceria com o Museu do Fado e a EGEAC, está a desenvolver uma programação com todos os artistas dos elencos de todas as casas de fado de Lisboa.

Em 1982, Maria de Lourdes Machado cantava «Por Deus Não Deixem Morrer O Fado». Hoje, passado 38 anos, em «tempo de crise sanitária», as casas de fado e os seus artistas, que interromperam a sua atividade, mais do que nunca estão a precisar de apoio. Foi a pensar nos problemas que atravessam que a autarquia lisboeta vai apoiar este setor, onde trabalham centenas de artistas que, «ao longo dos anos, construíram e constroem, ainda hoje, a história do Fado. Falamos de artistas que trabalham diariamente nestes recintos e que se encontram numa situação desprotegida».

Assim, a Câmara, em colaboração com a Associação de Turismo de Lisboa, vai desenvolver um programa específico para relançar o setor no médio prazo, apoiando a recuperação das casas de fado e a manutenção da vitalidade de uma instituição e referência cultural que faz parte e preserva a memória da própria cidade.

Para a edilidade alfacinha, trata-se de «espaços emblemáticos da cidade de Lisboa, na sua maioria de casas históricas, em funcionamento há largas décadas, espaços vivos de aprendizagem, transmissão e fruição cultural do Fado e da Guitarra Portuguesa».

«Para um fadista tudo começa na casa de fados. É ali que recebe os ensinamentos dos mais antigos. É ali que aprende a conhecer os repertórios poéticos, as melodias e o legado dos grandes pilares da tradição fadista. É aqui que cresce, enquanto artista, para passar a integrar, em nome próprio, uma herança coletiva que conta com uma história aproximada de dois séculos e que se assume, ainda hoje, em pleno século XXI, como um património vivo e universal», reconhece a Câmara de Lisboa.

Desta forma, adianta a autarquia, presidida por Fernando Medina, «o apoio imediato da Câmara às casas de fado, e seus artistas, ascende a 200 mil euros. Valor esse que se junta aos 1,25 milhões de euros, já anunciados, para apoiar os agentes culturais e para garantir a subsistência de trabalhadores independentes e entidades culturais e criativa». As candidaturas a esses apoios são abertas no dia 20 de abril.


Fado ao domicílio

Por outro lado, em parceria com a RTP, a Câmara Municipal de Lisboa está a trabalhar num documentário alusivo às Casas de Fado, gravado em 10 casas de fado emblemáticas da cidade de Lisboa.

Os episódios individuais serão transmitidos online nas redes sociais da Câmara Municipal de Lisboa e da EGEAC |Museu do Fado e o documentário será transmitido pela RTP. O financiamento é da responsabilidade da autarquia.

A Parreirinha de Alfama; A Severa; Adega Machado; Café Luso; Casa de Linhares; Clube de Fado; Maria da Mouraria; Mesa de Frades; O Faia; e Senhor Vinho, são algumas das Casas de Fado que vão participar no documentário.

Museu promove encontros «com o fado»

Em simultâneo, o Museu do Fado está a desenvolver uma programação com todos os artistas dos elencos artísticos das casas de fado de Lisboa.

Uma programação de conversas e fado, filmada em ambiente controlado e transmitida através das redes sociais da Câmara Municipal de Lisboa, da EGEAC e do Museu do Fado.

Ao longo deste ciclo, intérpretes e músicos são convidados a partilhar memórias e conhecimentos sobre a história do Fado, a selecionar peças emblemáticas do acervo do Museu, a homenagear as suas referências artísticas e, sobretudo, a partilhar connosco o seu imenso talento.

«Enquanto aguardamos pelo reencontro com o Fado e com os artistas extraordinários que diariamente o constroem, nestes locais históricos da cidade de Lisboa, serão eles a levar o Fado e o Museu até si», salienta o comunicado da edilidade.

 

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