A Câmara Municipal de Loures (CML) apresentou, esta sexta-feira, dia 28 de julho, o projeto para o futuro Parque Verde de Loures, que ficará nos terrenos antes ocupados pelo Complexo Logístico da Bobadela. Para além do projeto, foi ainda lançada a empreitada para a construção do parque, com 35 hectares. Nos dias 5 e 6 de agosto, o local vai acolher a vigília e a missa do Papa Francisco, no âmbito da JMJ. De acordo com a Câmara de Loures, quem quiser assistir a estes dois eventos, poderá fazê-lo de forma gratuita e sem inscrição prévia.
Este parque verde pretende contribuir para o bem-estar da população, e trazer uma nova utilidade aquele local. Ao mesmo tempo, o espaço contará ainda com zonas amplas para atividades lúdicas, incluindo um skate park, e um parque infantil. Junto ao Rio Trancão, haverá uma zona, com 17 hectares, destinada à realização de diversos eventos. Para já, está marcada a realização da Semana Académica de Lisboa e no futuro, deverá receber outros eventos culturais. Segundo o presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão, pretende-se que ali seja “um espaço competitivo para eventos”, e o edil realça que, nesse sentido, “já chegaram à autarquia várias propostas”.
O futuro espaço irá nascer nos terrenos requalificados para a JMJ, no Parque Tejo, cuja localização se divide entre os concelhos de Lisboa e Loures. Neste sentido, a Câmara de Loures informou, em nota de imprensa, que todos os interessados poderão assistir à vigília e à missa do Papa Francisco de forma gratuita na parte que pertence a Loures, e sem inscrição prévia. Desta forma, a autarquia desmente algumas notícias que vieram a público afirmar de que seria necessário pagar para participar na JMJ no Parque Tejo.
Um lugar ecológico
Segundo o projetista, Paulo Simões, este parque quer promover a biodiversidade e a sustentabilidade. A sua construção terá em conta a paisagem envolvente e contará com materiais ecológicos. O futuro parque verde conta com novos lugares de estacionamento, zonas amplas e ainda um passadiço, com seis quilómetros, para a observação de aves migratórias, e que se ligará ao passeio ribeirinho que vai de Vila Franca de Xira até ao Parque das Nações. De acordo com o presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão, este passadiço deverá ser inaugurado na primeira semana de setembro.
Por outro lado, o Coordenador do Grupo de Projeto para a JMJ, José Sá Fernandes, lembrou que a oportunidade de coordenar a JMJ partiu do antigo presidente da CML, Fernando Medina. De seguida, lembrou que o local onde se irá situar o futuro parque verde de Loures era um parque de contentores, retirados pela Infraestruturas de Portugal para receber o evento. “Em 1993, o António Costa tinha o sonho de tirar daqui os contentores para fazer um parque verde e aqui está ele”, acrescentou.
Obra deverá demorar nove meses
Para já, a Infraestruturas de Portugal está a estudar uma nova localização para os contentores. Espera-se que, até 2026, sejam todos retirados da Bobadela para um novo complexo logístico. Sá Fernandes salientou o trabalho excepcional da IP e da Câmara Municipal de Loures na requalificação daquela zona. “Nós estamos a fazer isto tudo por uma razão. É para as pessoas”, sublinhou o responsável, que lembra que aquela zona vai agora receber cerca de um milhão de peregrinos, durante a JMJ, e vai ficar para o futuro da cidade.
O futuro parque verde terá 35 hectares e prevê-se que a empreitada demore cerca de nove meses. Ao mesmo tempo, contará ainda com 600 árvores, e ficará preparado de modo a que, futuramente, a Câmara de Loures ali possa instalar alguns equipamentos lúdicos, como por exemplo um parque de skate, um parque infantil ou um restaurante, entre outros. Por fim, será ainda regado com água reaproveitada da Estação de Beirolas, e terá um sistema de rega inteligente que se adapta às necessidades de consumo de água.
“Um espaço verde é a coisa mais extraordinária que se pode fazer numa cidade”, disse ainda Sá Fernandes. Contudo, o responsável sublinhou que o espaço contará com uma ligação à estação ferroviária da Bobadela, sendo que Sacavém também terá uma ligação direta ao local, através de um acesso pedonal que começa na Praça da República, recentemente requalificada. Contudo, os visitantes também poderão entrar no parque através de um outro passadiço que ficará junto ao IC2.
Usufruir da frente ribeirinha
Para o presidente da Câmara de Loures, o passado daquele local “foi um passado triste”. Desta forma, lembrou os “quilómetros de contentores” que impediam as pessoas de aproveitar a frente ribeirinha. “O sentimento da população de Loures é que isto seria impossível”, disse o autarca. Por outro lado, lembrou que a Expo 98 trouxe uma nova esperança à população, que viu o antigo aterro de Beirolas a ser requalificado, o que ofereceu a Loures a frente ribeirinha há muito desejada.
“Aquele espaço onde está o palco para a missa era território do concelho de Loures”, lembrou Leão. No entanto, acrescentou ainda que, com a reforma administrativa, o local passou a pertencer ao concelho de Lisboa, pelo que Loures ficou novamente sem frente ribeirinha. “Quero agradecer ao Governo e ao António Costa a escolha deste local para a JMJ, porque sem ela não estávamos aqui”, reiterou o presidente da CML. Ao mesmo tempo, o autarca salientou que a edilidade já investiu perto de oito milhões de euros na requalificação do Parque Tejo.
“Tínhamos de arranjar aqui sinergias para dar sequência a esse parque verde. Aí entrou a equipa de missão do Sá Fernandes que irá financiar toda esta obra. Foi uma ajuda enorme”, reforçou. Contudo, o edil adiantou que “à medida que a obra se vai fazendo, vai-se estudar a implementação de restauração e de animação para as pessoas poderem terem equipamentos para usar”.
“Será através de uma verba, que vamos levar à próxima reunião de Câmara, em que grande parte dela será para, juntamente com a Águas Tejo Atlântico, fazer algo que é importante para o país, numa lógica ambiental, regar este importante espaço verde com água reutilizável”, explicou.
Governo investiu 3,5 milhões de euros neste parque
A construção do futuro parque verde de Loures conta com um investimento de 3,5 milhões de euros, pagos pelo Governo para a realização da Jornada Mundial da Juventude. Segundo Sá Fernandes, “este será um legado que fica para o futuro”. Por outro lado, os restantes 2,5 milhões de euros ficam a cargo da Câmara Municipal de Loures, que irá colocar infraestruturas no parque verde, de forma a dinamizar o espaço.
“O investimento do Governo neste momento é apenas nos terrenos que são do Governo”, acrescentou José Sá Fernandes, salientando que o futuro parque deverá ficar concluído em 2024. Ao mesmo tempo, referiu que poderá ser inaugurado a 26 de julho do próximo ano, dia do Município de Loures.
Para além deste e de Ricardo Leão, esteve ainda presente o Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas. Estava ainda prevista a presença de D. Américo Aguiar e do Secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, mas não compareceram ao lançamento do projeto.