MUSEU DE LISBOA PROMOVEU PALESTRA SOBRE OS PATRONOS DA CIDADE

Quem é, afinal, o santo padroeiro da Cidade de Lisboa? Foi esta questão que o Museu de Lisboa quis responder, esta terça-feira, dia 23 de janeiro, através de uma palestra dedicada ao tema, e conduzida pelo Cardeal Emérito de Lisboa, D. Manuel Clemente. A sessão insere-se na exposição ‘Os Padroeiros de Lisboa’, patente naquele museu até 12 de maio.

O Museu de Lisboa – Santo António recebeu, na tarde desta terça-feira, 23 de janeiro, uma sessão dedicada ao tema ‘Os Padroeiros de Lisboa’, inserida na exposição com o mesmo nome, patente naquele museu até 12 de maio. Esta conferência foi conduzida pelo antigo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, que partilhou com o público as histórias de São Vicente e Santo António.

O primeiro nasceu em Saragoça (Espanha) no século III, cidade onde foi diácono. Durante a sua vida, foi perseguido e martirizado pelos romanos. Mais tarde, torna-se uma referência para os cristãos moçárabes, que chegaram à Península Ibérica no século VIII, e que por aqui permaneceram até ao século XV. As relíquias de São Vicente chegaram a Portugal no século IV. Mais tarde, já no século XII, D. Afonso Henriques conquistou o território abaixo do Mondego. Ao mesmo tempo, determina que, se conseguisse conquistar Lisboa aos mouros, trazia as relíquias de São Vicente do Algarve para a cidade e mandaria erguer uma igreja em sua memória.

O barco e os dois corvos que trouxe as Relíquias de São Vicente para Lisboa

Por outro lado, reza a lenda que, a nau que trazia estas relíquias, em 1173, estava protegida por dois corvos, imagem que ficou eternizada, até hoje, no símbolo da cidade de Lisboa. Atualmente, as relíquias de São Vicente podem ser encontradas na Sé de Lisboa. Por sua vez, Fernando de Bulhões, que mais tarde viria a ser conhecido com Santo António, nasce em Lisboa no final do século XII. Este, com 18 anos, ingressa no Mosteiro de São Vicente para fazer a formação religiosa. Dois anos mais tarde, segue para o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.

Contudo, e devido ao martírio de cinco franciscanos, decapitados em Marrocos, Fernando de Bulhões entra na Ordem de São Francisco. Mais tarde, e após uma passagem por Marrocos, ele decide voltar a Portugal, mas uma tempestade faz com que seja arrastado para Itália. Este santo, que viria também a tornar-se outro dos padroeiros de Lisboa, devido à presença de muitos frades franciscanos na cidade, morreu a 13 de junho de 1231 na cidade de Pádua, em Itália, sendo ainda conhecido como Santo António de Pádua. A sua fama de milagreiro leva a que, no ano seguinte, tenha sido canonizado pelo Papa Gregório IX.

São Vicente e Santo António foram os dois padroeiros da cidade de Lisboa até 1981

Durante muitos séculos, São Vicente e Santo António foram os dois padroeiros da cidade de Lisboa. No entanto, Santo António começa a tornar-se mais popular do que São Vicente, dada a sua fama de casamenteiro, protetor dos lares, dos pobres, dos animais, entre outros. “Tornou-se um santo muito polivalente”, explicou D. Manuel Clemente, antigo Cardeal Patriarca de Lisboa, durante a sessão, que contou com casa cheia. No entanto, a sua popularidade cresce ainda mais graças ao início das Festas de Lisboa, no começo do século XX, e que eram dedicadas a Santo António.

Estas festividades realizavam-se duas vezes por ano, uma a 15 de fevereiro (data da trasladação do seu corpo para a Catedral de Pádua) e a 13 de junho, data da sua morte. Por fim, as festas terminavam com um espetáculo de fogo de artíficio. Em junho, e paralelamente aos festejos em honra de Santo António, havia ainda as festas populares. Estas, por sua vez, celebravam o início do Verão com arraiais, manjericos e os Tronos de Santo António, que eram usados pelas crianças para pedir “um tostãozinho”.

Esta tradição continuou até aos dias de hoje, sendo o dia 13 de junho feriado municipal em Lisboa. Na véspera, decorrem os Casamentos de Santo António, uma iniciativa introduzida em 1958, e que decorreu até 1973. Em 1997, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) recupera esta tradição, organizando-a até os dias de hoje. Desta forma, existem hoje casamentos civis e religiosos nos Paços do Concelho e na Sé de Lisboa, respetivamente. No mesmo dia, acontece também o desfile das Marchas Populares de Lisboa. A primeira edição foi em 1934. Aqui, os bairros históricos da cidade descem a Avenida da Liberdade, competindo entre si.


Exposição pode ser vista de terça a domingo

Por isso, e devido à forte popularidade do Santo António em Lisboa, em 1981, a Diocese de Lisboa determina que não podiam existir dois padroeiros da cidade. Neste sentido, estabelece então que São Vicente seria o patrono da Diocese e Santo António o da cidade. Por fim, a exposição ‘Os Padroeiros de Lisboa’ está patente no Museu de Lisboa – Santo António até 12 de maio. Desta forma, poderá encontrar ao detalhe a história de Santo António.

De igual modo, poderá ainda ficar a saber como é que a sua imagem foi construída ao longo dos séculos, bem como aspetos menos conhecidos da sua devoção. O museu está aberto de terça a domingo, entre as 10h00 e as 18h00. As entradas custam três euros, sendo que há descontos para maiores de 65 anos, jovens dos 13 aos 25 anos e pessoas com deficiência. Por outro lado, beneficiam de entrada livre os jovens residentes em Lisboa com idades entre os 13 e 18 anos.

Também a entrada é grátis para os maiores de 65 anos, bem como para desempregados, profissionais de turismo, investigadores, entre outros profissionais. Contudo, aos domingos e feriados, até às 14h00, a entrada é livre para todos os visitantes, assim como no Dia Internacional dos Museus (18 de Maio) e no Dia de Santo António (13 de Junho).

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