Museu do Design reabre as portas oito anos depois

O Museu do Design (MUDE) reabriu ao público esta quinta-feira, 25 de julho, após ter estado encerrado durante oito anos. Este museu tem cerca de 10 mil metros quadrados de área útil. A área expositiva ocupa 3.600 metros quadrados, e a restante área é destinada a café, restaurante, loja, serviços educativos, áreas técnicas e auditório. Este equipamento será integrado na lista de espaços culturais que podem ser acedidos gratuitamente com o Passe Cultura.

Reabriu ao público, esta quinta-feira, 25 de julho, o Museu do Design (MUDE), um espaço que estava encerrado desde 2016. Durante os últimos oito anos, foi alvo de obras profundas de requalificação. O MUDE foi criado em 2009 e ocupa a antiga sede do Banco Nacional Ultramarino, em plena Rua Augusta. Esta inauguração contou com a presença do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, bem como da Secretária de Estado da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro, entre outras personalidades. De acordo com a diretora do museu, Bárbara Coutinho, esta reabertura vai oferecer, aos visitantes, “ a oportunidade única de conhecer este lugar, a sua arquitetura, evolução e transformação na perspetiva do design”.

O MUDE distribui-se por oito pisos, com condições de acessibilidade para todos. Aqui, acrescentou ainda a diretora do museu, será então possível fazer “uma viagem através dos tempos, materializados nos diferentes interiores, sistemas de construção e revestimentos, vivenciando o edifício como um conteúdo expositivo que foi desde a primeira hora uma manifestação da política museológica da instituição. Para isso, tomámos como ponto de partida a instalação do MUDE em 2009 e a programação desenvolvida até 2016”.

Esta exposição intitula-se “O Edifício em Exposição”, e foca-se na arquitetura, na evolução e nas transformações pelas quais o edifício passou ao longo da sua história, bem como as obras que permitiram a requalificação integral de um quarteirão da baixa pombalina.

Preservar o património antigo

“Reposicionaram-se também algumas das obras de arte originalmente desenhadas e executadas para este edifício enquanto banco, juntamente com algum mobiliário e equipamento dos antigos interiores, com o objetivo de, por um lado, os salvaguardar como conjunto coeso e os apresentar contextualizados temporariamente no ambiente para os quais foram concebidos, mas também porque divulgar estas peças no contexto de um museu do design é uma oportunidade para sublinhar o seu valor artístico, qualidade do desenho, mestria oficinal e compreender o período histórico em que se integram e a política que espelham”, referiu Bárbara Coutinho.

Por isso, considera, esta exposição será importante para “debater a história passada e recente de Portugal através do design”. “Esta ação de preservação do património pretende ainda reforçar o seu valor no desenvolvimento humano futuro, enquanto fonte inesgotável de conhecimento, aprendizagem, reflexão e inspiração”, acrescentou a responsável, lembrando que esta exposição mostra ainda “o projeto da requalificação integral, bem como os trabalhos realizados durante a obra”.

Aqui, realçou, há “retratos de trabalhadores que contribuíram com o seu saber, empenho, profissionalismo e dedicação para a materialização das ideias retratadas no papel e cujos rostos e nomes são normalmente esquecidos”. Igualmente, a mostra terá ainda algumas “ferramentas e materiais de trabalho utilizados em obra, revelando alguns dos aspectos principais da transformação realizada no edifício.

MUDE abriu portas em 2009

A exposição pretende, assim, mostrar a autenticidade e a singularidade museológica e arquitetónica do MUDE e dar prova de como a preservação do património é eficaz quando se consolida a durabilidade cultural da arquitetura do lugar, através de novos usos, para que este se projete no futuro e seja referência para as próximas gerações”. Bárbara Coutinho referiu ainda que o MUDE publicou o livro ‘Edifício MUDE, Transformações na Perspetiva do Design’, que “apresenta as principais medidas que nortearam a transformação deste lugar”. Com a reabertura deste espaço, “pretende-se partilhar com todos a visão daqueles que viram o MUDE para além de um museu que ocupasse apenas uma parte do edifício”.


“Esta conquista deve-se aos presidentes da Câmara Municipal de Lisboa (CML) desde 2001, principalmente o presidente António Costa, que propôs a instalação do MUDE neste edifício e criou as condições para o abrir em 2009. Já como Primeiro-Ministro, continuou a considerar pertinente a dimensão nacional e internacional do MUDE”, recordou a diretora do MUDE, destacando também o trabalho de Fernando Medina e Carlos Moedas, em que o último “assumiu como prioritária a reabertura do edifício do museu”.

No entanto, Bárbara Coutinho reconheceu também o trabalho “de todos os vereadores da Cultura e diretores municipais da Cultura desde 2001”, bem como de “todos os responsáveis e funcionários da CML e da SRU, que, de diferentes formas, ajudaram na elaboração, agilização e execução dos procedimentos necessários para a viabilização deste projeto”.

Obra deveria ter sido concluída em 18 meses

“O MUDE é um museu de todos e é um museu para todos. Esta conquista obrigará a maiores responsabilidades, para manter este museu no caminho vislumbrado por tantos e que deve continuar como sinal de evolução na vida de cada um que nele trabalhe, que o visite ou que dele usufrua”, mas também de todos aqueles que “vivem e visitam Lisboa”. Inicialmente, as obras de requalificação deste museu estavam previstas para durar 18 meses, mas, em 2018, devido à insolvência da construtora Soares da Costa, a empreitada ficou embargada, tendo apenas sido retomada em 2021, pela Teixeira Duarte, a empresa vencedora do concurso público lançado pela CML.

No total, este museu conta com mais de 12 mil peças no seu inventário do museu, grande parte vendidas pelo colecionador Francisco Capelo. Já de acordo com o presidente da CML, Carlos Moedas, “o MUDE é uma contribuição para reforçar os nossos valores de ligação, de pertença e de identidade no presente. A minha visão de cidade está aqui refletida. É por isso que, entre a facilidade de deixar cair este projeto ou a audácia de o entregar finalmente aos lisboetas, escolhi entregar”.

O autarca reconheceu a “entrega e o esforço” dos presidentes que lideraram a CML antes de si, mas também a dedicação de Bárbara Coutinho. O MUDE, lembrou, começou por iniciativa do ex-presidente Pedro Santana Lopes, “que não só teve o rasgo de comprar a coleção de Francisco Capelo, mas também percebeu que o design estava no centro do futuro da cidade”, passando depois pelos presidentes Carmona Rodrigues, António Costa e Fernando Medina, que “nunca desistiram de concretizar esse sonho que chega hoje a bom porto. É uma lição de democracia local”.

Cultura é uma prioridade para a autarquia lisboeta

Por isso, “é uma enorme responsabilidade ser o presidente que entrega aos lisboetas um museu pelo qual tanto esperaram. É a responsabilidade de, neste momento histórico para Lisboa, falar por todos estes presidentes que tanto fizeram pela nossa cidade”. “Apesar das tormentas – e foram tantas, como a insolvência da empresa construtora, a revisão de todo o projeto e a abertura de um novo concurso internacional -, chegámos a bom porto”, disse ainda Moedas, agradecendo, uma vez mais, aos ex-autarcas da Câmara de Lisboa, à diretora do MUDE e a toda a sua equipa, entre outros.

“É graças a todos que hoje estamos a entregar aos lisboetas um marco tão único na cultura da cidade”, prosseguiu o presidente, considerando que este museu “é uma experiência transformadora para quem o visita”. Para o autarca, “a Cultura é um ponto de intersecção entre todos, e que atravessa idades, nacionalidades e religiões, e não depende das condições económicas. Por isso, sempre afirmámos a cultura como uma prioridade tão clara para Lisboa”. Aqui, Carlos Moedas lembrou que, até ao momento, e em dois anos, já existem 23 mil visitas registadas com o Passe Cultura, e que permite entrar, gratuitamente, em dezenas de equipamentos culturais em toda a cidade.

“São seis os ‘Teatros em Cada Bairro já construídos. Será a 4 de novembro a inauguração do Museu Julião Sarmento, e a 5 de outubro a abertura do Teatro Variedades no novo Parque Mayer”. Para 2025, acrescentou, está ainda prevista a inauguração da “nova exposição permanente dos painéis de Almada Negreiros na Gare Marítima de Alcântara”.

Referência a nível mundial

O presidente da CML referiu ainda que o MUDE é “o novo ponto de encontro cultural dos lisboetas”, sendo ainda “um ponto de encontro entre a cultura e a inovação, o design e a sustentabilidade, o Passado e o Futuro, e entre a modernidade e a tradição”. “O MUDE abriu como um museu ‘work in progress‘ num edifício parcialmente abandonado. Um edifício em que os interiores em ruínas se convertiam num laboratório de experiências para artistas e visitantes. Mas trabalhar num edifício tão degradado implicou uma grande resiliência das equipas que aqui estavam. Por isso, avançámos para um modelo de requalificação total e que desafia o papel dos museus no século XXI”. “Este resultado final é hoje uma referência mundial, porque este é um dos maiores museus do design do mundo e da Europa”.

“São 17 mil peças dedicadas a todas as expressões do design e, por isso, tanto projeta a cultura em Lisboa como Lisboa no universo da cultura”, disse ainda Carlos Moedas, acrescentando que “o MUDE é um ponto de encontro entre o design e a sustentabilidade”, tendo sido “transformado num espaço para refletirmos sobre os desafios ambientais a que temos mesmo de dar resposta. Os interiores fragmentados e ecléticos apontam precisamente para essa sustentabilidade”.

“Aproveitámos e recuperámos os materiais existentes, recuperámos, restaurámos e reusámos a maior parte das estruturas e revestimentos existentes no edifício”, explicou o autarca, lembrando ainda que foram ainda instalados “sistemas de controlo centralizados de climatização e iluminação para garantir uma fatura energética reduzida”, bem como “espaços verdes no próprio museu”.

Ponto de encontro entre o passado e o presente

“Por fim, o MUDE é um ponto de encontro entre a tradição e a modernidade. É este cheiro a madeira que atravessa os corredores e que conta a história deste edifício centenário da baixa pombalina. Pelas janelas, vemos esta Lisboa milenar que saiu do rio para o mundo e que foi imortalizada no Painel Epopeia dos Descobrimentos Marítimos, de Guilherme Camarinha, que vemos quando entramos no MUDE”. Igualmente, acrescentou, este museu retrata ainda “a Lisboa multicultural e aberta”, graças às fotografias de todos os que aqui trabalharam e que estão expostas à entrada”, mas ainda a “Lisboa oitocentista que Marquês de Pombal retirou dos escombros do terramoto” e “a Lisboa do Governador do Banco Nacional Ultramarino, cujo magnífico gabinete reconstruímos tal como estava”.

“Tudo isto pelo olhar do design, que nos permite dialogar com a história de forma descomplexada, focados em apreciar o que de mais belo foi feito. Por isso, o MUDE não é um museu que por acaso está neste edifício. O próprio edifício é parte do museu que o MUDE pretende ser, que é este ponto de encontro perfeito, em que o passado se encontra com a modernidade. Hoje é um dia histórico para Lisboa e que dá início a uma nova história na cidade”, concluíu o presidente da Câmara de Lisboa. Para assinalar a inauguração, o MUDE esteve, entre as 19h30 e as 23h00, com entrada gratuita para todos os visitantes. Este equipamento será ainda integrado na lista de espaços que podem ser visitados gratuitamente com o Passe Cultura da CML.

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