NAVIO ESCOLA SAGRES «PROMOVE» OEIRAS’27

Um dos mais emblemáticos navios da marinha de guerra portuguesa, o Navio-Escola Sagres, foi, no sábado, o «palco» escolhido pela Câmara Municipal de Oeiras para realizar mais uma ação de promoção da candidatura de Oeiras a Capital Europeia da Cultura 2027. Para além dos órgãos de comunicação social, foram convidados empresários e individualidades ligados ao mundo da Cultura.

O Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada, o vice-almirante Jorge Novo Palma, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, e o Comissário da Oeiras27, Jorge Barreto Xavier, receberam a bordo do Navio-Escola Sagres para uma visita/passeio de apresentação da Candidatura de Oeiras Capital Europeia da Cultura 2027 às empresas do concelho.

Durante a «navegação» entre a Rocha de Conde Óbitos, em Alcântara, e o Forte de S. Julião, Oeiras, a autarquia oeirense apresentou os «pilares da estratégia e eixos de intervenção» da candidatura e, ao mesmo tempo, de aprofundar os laços de cooperação entre as empresas e a autarquia e termos do Oeiras’27.

«Estamos a promover o Oeiras 27 não só como um projeto de candidatura, mas também como um projeto de qualificação para o território e para a comunidade», adiantou Isaltino Morais recordando que o vinho Villa de Oeiras já viajou a bordo do navio-escola Sagres, na viagem, interrompida pela Covid19, de celebração dos 500 anos da descoberta do Estreito de Magalhães.

O município de Oeiras tornou-se numa referência no nosso País e é líder em campos como a ciência, tecnologia e a inovação. A candidatura de Oeiras, que vai ter um investimento de 400 milhões de euros, inclui a criação do centro cultural de Linda-a-Velha e o restauro e transformação do Mosteiro da Cartuxa.

«Considerando as várias dimensões da nossa candidatura, sendo uma delas relacionado com o mar e a linha de fortificações de defesa da costa, apresentamos a candidatura simbolicamente aqui, no Navio-Escola Sagres. Uma Capital Europeia da Cultura praticamente dentro de Lisboa pode ser muito importante, não só para a Área Metropolitana de Lisboa, mas para todo o País. A apresentação neste navio também visa dar esta dimensão nacional que nós queremos que tenha a Capital Europeia da Cultura», defendeu o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, na cerimónia de apresentação a bordo do navio-escola Sagres, que fundeado junto a Oeiras, onde foi servido o tradicional Bacalhau à Braz, adotado pela marinha de guerra portuguesa para as grandes ocasiões, e os típicos pasteis de nata.

Por seu turno, Jorge Barreto Xavier, Comissário do “Oeiras27”, projeto que inclui esta candidatura, também esteve presente no evento e explicou a importância da associação das marcas «ciência e tecnologia, que já distinguem o concelho, às da «arte e cultura». E, por isso, como explicou, este projeto não se vai ficar pela candidatura de Oeiras a Capital Europeia da Cultura, incluindo uma programação bastante preenchida no futuro.

Centro de Enfermagem Queijas

«O conjunto de ações que estamos a programar, ultrapassam, obviamente, um dossier de candidatura e uma candidatura vencedora. Ao mesmo tempo, há um conjunto de equipamentos que estão a ser preparados. Equipamentos que correspondem à criação de museus de arte contemporânea, projetos de valorização do património edificado, dinâmicas programáticas a nível cultural. Tudo isso corresponde a um novo patamar de desenvolvimento que o Dr. Isaltino Morais quis acrescentar àquilo que já se concretizou», adiantou Jorge Barreto Xavier.

O título de Capital Europeia da Cultura foi criado em 1985 e já foi atribuído a 62 cidades europeias. A visibilidade e o prestígio destas cidades foram notórios e «é isso que o município de Oeiras procura nesta fase. Uma grande ajuda serão as cerca de 104 empresas que se fixaram no território oeirense, fazendo deste o segundo município do País com maior número de grandes empresas, a seguir a Lisboa», salientou Isaltino Morrais.

Unir o concelho

Segundo o presidente da Câmara de Oeiras, o que se pretende é unir o concelho, não só a partir de estradas, mas de espaços como praças centrais, como se de ágoras se tratassem, maior programação para aproveitar o potencial do Parque dos Poetas, valorização da cultura amadora, reabilitação de património, a criação de um museu planeado para celebrar a importância da Barra do Tejo e das fortificações marítimas da mesma.

No futuro próximo, vai dar-se início à construção de diversos espaços como o Centro Cultural de Linda-a-Velha, que terá uma sala de espetáculos com capacidade para 1400 pessoas, o Centro de Congressos de Paço de Arcos, o Hub de Indústrias Criativas de Porto Salvo e o centro de interpretação do Castro de Leceia, revelou Isaltino Morais, lembrando que, nas últimas décadas, «Oeiras tem vindo a formar a sua identidade enquanto município, tornando-se criativo, qualificado, cosmopolita e competitivo. Inovação é palavra de ordem neste pedaço de território da Área Metropolitana de Lisboa e os mais de 175 mil habitantes distribuídos pelas 28 localidades são testemunhas disso».

O “Oeiras 27”, que pretende vincar «um novo ciclo no desenvolvimento do concelho», assenta a sua estratégia em cinco eixos principais: um será o “Ecossistema Urbano”, o outro assenta na “Capital da Poesia e das Culturas de Língua Portuguesa”; a terceira aposta é a “Oeiras, Capital das Artes e da Criatividade”; a quarta é “Oeiras, Capital das Heranças Culturais” e por último, por este ser um concelho com uma frente na foz do Tejo, o eixo “Oeiras, Capital do Património Marítimo”.

O comissário da candidatura, o ex-secretário de estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier sublinha que o alcance dos projetos vai «muito além da candidatura a Capital Europeia da Cultura, porque aposta na Cultura, nas Pessoas e no desenvolvimento de Oeiras».

Entre o património que será recuperado está a Bateria do Areeiro em Oeiras para ali instalar «um projeto museológico no domínio das fortificações marítimas». Também a Fábrica de Cima, na Fábrica da Pólvora será alvo de obras para a instalação de um centro de artes cinematográficas, performativas e visuais e na Estação Agronómica Nacional, em Oeiras haverá «um conjunto de utilizações polivalentes, entre as quais, na área da cultura e gastronomia».

Prevista ainda está a transformação do Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras, numa unidade museológica na área das Artes, Ciências e Tecnologias. A estratégia para a Oeiras 27 aposta ainda no desenvolvimento «de uma programação sistémica na área da poesia no Parque dos Poetas e Templo da Poesia, assim como em outros locais».

Ramalho Eanes preside a Comissão de Honra

Em torno desta candidatura, o município de Oeiras reuniu um conjunto de personalidades nacionais e internacionais numa Comissão de Honra. Presidida pelo ex-presidente da República, Ramalho Eanes a comissão integra o presidente da Confederação Empresarial de Portugal António Saraiva, a cientista Elvira Fortunato, os atores Eunice Muñoz e Ruy de Carvalho, o bailarino Marcelino Sambé, a cantora brasileira Maria Bethânia, o designer francês Philippe Starck e a campeã olímpica Rosa Mota.

Oeiras 27 tem também um Conselho Geral constituído por trinta e duas personalidades, entre elas estão os ex-ministros da Educação Marçal Grilo e David Justino; Guta Moura Guedes criadora da Experimenta Design; a maestrina Joana Carneiro, o músico Kalaf Epalanga, a fadista Katia Guerreiro, o ex-ministro Miguel Poiares Maduro, entre outros.

Como embaixadores a candidatura apostou em artistas. São eles o fadista Camané, o cantor Paulo de Carvalho, a atriz Sofia Alves e o artista plástico Francisco Vidal. A autarquia reitera que o programa de candidatura “aprovado, por unanimidade, na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal” pretende “concretizar-se, independentemente de Oeiras ser escolhida para Capital Europeia da Cultura”.

A cidade vencedora será anunciada em 2023. A candidatura vencedora receberá um montante de 25 milhões de euros que será operacionalizado através do próximo Quadro Comunitário de Apoio Portugal 2020-2030. A escolha será feita por um júri composto por dez peritos independentes, nomeados por instituições europeias, e para o qual Portugal escolherá dois elementos. A gestão deste processo está a cargo do Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais, do Ministra da Cultura.

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