Depois de dois meses «muito complicados» em que estiveram fechadas devido à Covid-19, as feiras têm vindo a reabrir de forma gradual. Em Odivelas reabriu hoje a Feira do Silvado e, no sábado, a feira da Arroja. Alguns consideram: «muito cedo».
Um facto é que, apesar das diferentes «vozes» que se levantam contra a reabertura das feiras de Odivelas, esta terceira fase do desconfinamento trouxe novamente para a rua os feirantes. Mas os clientes parecem continuar em casa, com receios de contágio.
«Não tem nada a ver com o que acontecia até ao estado de emergência. Num dia normal a esta hora andava muito mais gente. Podiam não comprar nada, mas andava mais gente», conta Carlos Alves, um feirante de uma banca de roupa, que retomou a atividade no mercado de Cascais.
Contudo, como realça, esta feira, por se realizar num dia da semana, é, normalmente, frequentada por «menos gente», nomeadamente idosos e pessoas com poucos rendimentos que estão no desemprego.
Alexandre Coelho, proprietário da Rota dos Sabores e do restaurante o Mineiro, empregando 108 pessoas, foi obrigado, «infelizmente», a recorrer ao lay-off para «pagar a tanta gente». Este comerciante, que inaugurou no dia 13 de junho de 1998 a feira do Silvado, lamenta que as autoridades tenham encerrado as feiras, esquecendo-se que, nestes espaços, também se vendem bens alimentares, nomeadamente frescos.
«Isto já não andava bem. Agora com o Covid a situação piorou», afirma, recordando que «o dinheiro que os comerciantes conseguem fazer depois de vender aqui e ali vai dando para o ordenado e pouco mais. Mas a pandemia veio alterar toda a rotina. «Isto não é fácil. Uma pessoa está habituada a sair à rua para trabalhar e fazer a sua vida do dia-a-dia e de repente não podemos fazer nada. É ingrato!» diz, resignado, enquanto espera pelos clientes que tardam a chegar.
Entretanto, dando voz às preocupações de alguns odivelenses de existir «um risco real de estas feiras contribuírem para um aumento dos riscos», a Comissão Política Concelhia de Odivelas do CDS-PP considera que, «face ao agravamento da situação epidemiológica na Região de Lisboa e Vale do Tejo e muito em particular no seio da Área Metropolitana de Lisboa nos Concelhos de Loures e de Odivelas, a abertura das duas maiores Feiras de Odivelas (Feira da Arroja, no dia 30 de Maio, e Feira do Silvado, desde hoje) por parte da Junta de Freguesia de Odivelas revela uma absoluta inconsciência face à real situação vivida no concelho».
Para o CDS de Odivelas, a Junta de Freguesia «deverá voltar atrás urgentemente com a sua decisão de reabertura destes dois certames» para minimizar o impacto do Covid 19, sobretudo entre os clientes mais assíduos destes recintos que habitualmente são pessoas idosas, ou seja, integram um grupo de risco».
Em mensagem destinada aos feirantes que habitualmente expõem nas Feiras de Odivelas, o CDS Odivelas manifesta-se «solidário com a situação provisória da suspensão da actividade comercial em virtude da Pandemia e com a urgência de obtenção de rendimentos», pedindo por isso a «aplicação da isenção total da taxa mensal de utilização dos espaços nas Feiras de Odivelas até à retoma integral da actividade feirante».
As normas da DGS
Mas, como referem os feirantes, as regras globais implementadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para todas as feiras e mercados são claras. Por exemplo, se tem por hábito, por exemplo, apalpar a fruta ou, eventualmente, tocar nos produtos, terá de controlar esse impulso, uma vez que é proibido.
Além disso, a utilização de máscara é obrigatória, bem como respeitar uma distância de segurança de dois metros entre os clientes e os feirantes. Por cada banca, não podem estar mais de duas pessoas a fazer as suas compras. Já os vendedores devem ter gel desinfetante ao dispor dos clientes para a sua higienização e também das superfícies. E, no final de cada atendimento, o cliente não pode ir embora sem higienizar novamente as mãos.
Deve ainda evitar ao máximo efetuar o pagamento das compras com notas ou moedas, sendo preferível, sempre que possível, adotar meios tecnológicos para o fazer.