SACAVÉM E PRIOR VELHO PRECUPADOS COM HABITAÇÃO

Carlos Gonçalves e Ricardo Leão defendem a criação de “bolsas de habitação pública” a custos controlados para ajudar a classe média de Sacavém e Prior Velho, empobrecida pela pandemia de Covid-19 e pela especulação imobiliária na capital, a voltar a viver condignamente.

A pandemia de Covid-19 e a subida vertiginosa dos custos com a habitação em Lisboa agravaram a crise económica de centenas de famílias da área metropolitana de Lisboa, pondo a nu uma realidade social em que os valores da entreajuda geracional foram invertidos. Com os preços “exorbitantes” da habitação praticados em Lisboa, essa prática acabou por alastrar às periferias, deixando muita gente sem soluções financeiras para pagar uma renda de casa, obrigando-os a “voltar para casa dos pais” ou a recorrer à ajuda financeira da família “mais “chegada” para sobreviver.

O deputado na Assembleia da República e vice-presidente da União de Freguesias de Sacavém e Prior Velho, Ricardo Leão, entende que esta proximidade com Lisboa, para o bem e para o mal, “apresenta oportunidades e desafios que outras não têm”, mas está já a criar situações em que uma classe média “empobrecida” se vê na obrigação de “voltar para a casa dos pais” porque não tem condições para suportar os “custos estratosféricos” dos arrendamentos atuais quer na capital, quer em Sacavém.

“Sei de situações absolutamente dramáticas de famílias inteiras que foram obrigadas a voltar para casa dos pais. Estamos a falar de uma classe média que perdeu os empregos ou que pura e simplesmente não consegue acompanhar a escalada de preços das rendas em Lisboa. Como era expectável, a subida vertiginosa dos preços das rendas em Lisboa alastrou às áreas fronteiras da capital, como é caso de Sacavém e também o Prior Velho”, esclarece, anotando que o problema da habitação “é dos que mais preocupa” o executivo da União de Freguesias.

Ricardo Leão aproveita para “denunciar” o “facto” de muitos dos apartamentos do Bairro Municipal Terraços da Ponte (antiga Quinta do Mocho) – o local escolhido para falar com o OLHAR LOURES –  estarem “ao abandono total” e de as pessoas “viverem em condições indignas”, uma vez que grande parte daquelas habitações camarárias “estão a apodrecer” e “ninguém toma medidas para resolver a situação” daquele bairro social.  “A Câmara tem feito algumas pinturas nas fachadas das casas, mas as pessoas não vivem de arte urbana, não vivem na parte de fora das casas, vivem dentro. Há, de facto, muita indignidade em muitas habitações e é urgente que haja melhoramentos internos. A Junta tem feito um acompanhamento muito próximo destas situações, e tem dado conhecimento às entidades competentes, a Câmara de Loures, que é urgente resolver estes problemas”.

O autarca e deputado, que também é presidente da Assembleia Municipal de Loures, defende que para ajudar a resolver os problemas de habitação em Sacavém e no Prior Velho, deveriam ser “encontradas soluções” para a criação de “bolsas de habitação públicas, a custos controlados”, para a chamada classe média, que está a passar por uma crise sem precedentes e necessita de auxílio urgente. Neste tipo de novas habitações, “alguém que ganhe 1000 euros, nunca pagaria mais que 300 euros de renda, para cumprir as taxas de esforço que lhe desse margem de manobra para viver condignamente”, assegura Ricardo Leão.

Recolha de lixo


O vice-presidente aproveita para apontar o dedo ao “problema dos resíduos sólidos” em ambas as freguesias. “A recolha do lixo deixa muito a desejar e está a ser malfeita. Os SIMAR não estão a corresponder às necessidades da população. Há alturas em que o cheiro é nauseabundo, temos contentores a cair de podre, pondo em causa a saúde pública nas nossas freguesias”.

Ricardo Leão, que é também tesoureiro da autarquia, defende que é “prioridade da Junta” acabar com os atuais contentores, substituindo-os por novos contentores subterrâneos, que, para além de porem cobro aos maus cheiros “e ao lixo espalhado nas ruas”, não agridem o meio ambiente visualmente e são “mais higiénicos” – até porque, na opinião do autarca, não faz sentido andar a batalhar por mais espaços verdes sem se ter acutelada a salubridade dos espaços públicos – o autarca sublinha que a União de Juntas tem, contudo, tentado resolver este problema com a desinfeção regular das ruas de ambas as freguesias.

“Ao lado das populações”

O presidente da Junta, Carlos Gonçalves ouve com atenção as palavras de Ricardo Leão e acena a cabeça em sinal de concordância. O autarca intervém para lembrar o papel da Junta na “resolução de questões práticas” levadas a cabo neste mandato. Nomeadamente a compra de um veículo com uma estação elevatória “que já poupou muitos milhares de euros à Junta”, uma vez que deixou de ter de alugar uma viatura com as mesmas características para o dia a dia, uma medida que poupou “300 euros diários” para se proceder ao corte de ramagens das árvores e serviços idênticos, anota Carlos Gonçalves, que faz questão de referir que o “sucesso” deste veiculo foi de tal ordem “que já o emprestámos ou alugámos a outras freguesias”.

Também releva o trabalho da Junta no transporte de doentes às consultas dos hospitais de Lisboa ou ao Centro de Vacinação de Loures, principalmente no auge da pandemia de Covid-19, “onde foram feitos 2 mil transportes” para os referidos serviços.

Carlos Gonçalves, eleito pelo PS, releva que no momento de maior aperto pandémico, a União de Juntas “esteve sempre ao lado da população”, criando um Banco Alimentar que deu apoio (e continua a apoiar) “mais de 300 pessoas” das freguesias de Sacavém e Prior. Na mesma linha de amparo às populações mais fragilizadas, a autarquia levou as compras a casa de “pessoas idosas ou com doença crónica” no pico da pandemia de Covid-19, mas também aproveita para “denunciar” a alegada “desarticulação entre a União de Freguesias e a Câmara”, “nesta e noutras matérias”, nomeadamente a isenção das taxas das esplanadas dos cafés e restaurantes, de que “só soubemos por uma notícia da TSF”. Seja como for, Carlos Gonçalves assume que o executivo da União “esteve sempre ao lado das pessoas e dos comerciantes” na resolução dos seus problemas.

Ricardo Leão volta a entrar na conversa para lembrar que a União de Freguesias de Sacavém e Prior Velho está empenhada em voltar a “trazer a solenidade merecida” às Festas de Sacavém, assim que a pandemia o permita, pois, estas festividades “vieram trazer uma nova dinâmica social e económica à cidade” e merecem ser reatadas para trazer “vida” e animação à cidade e para toda a população.

A terminar, ambos os autarcas reivindicam a necessidade de Sacavém e o Prior Velho “terem direito” a novos acessos rodoviários às vias (rápidas) que circundam as freguesias e que facilitem a entrada na capital nomeadamente uma requalificação da saída do Prior Velho à 2ª circular, bem como concretizar a religação de Sacavém à 2ª circular.

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