Corria o ano de 1941 quando um grupo de rapazes de Linda-a-Pastora deu o «pontapé de saída» para a criação do Linda-a-Pastora Sporting Clube, com o objetivo de ocuparem os seus tempos livres e «mostrarem» os seus dotes futebolísticos.
Hoje, passados 78 anos, este clube de bairro, criado por meia dúzia de pessoas, conta com cerca de 400 atletas em diferentes modalidades.
Da meia dúzia de sócios fundadores amantes de futebol, o Linda-a-Pastora Sporting Clube rapidamente cresceu e atualmente conta com cerca de 400 atletas em diferentes modalidades, nomeadamente atletismo e trail (uma espécie de corta-mato em atletismo), lançamento de peso (campeões nacionais de veteranos), salto, ciclismo de BMX e BTT, pesca desportiva, xadrez, ténis de mesa e, como não poderia deixar de ser, matraquilhos.
Apesar de só terem 150 sócios que pagam as quotas (12 euros/ano), este clube consegue arranjar verbas para deslocar os seus atletas que, na maioria das vezes, pagam «do seu bolso» as despesas de deslocação e inscrição nas provas. Essa situação acontece, por exemplo no atletismo, onde a maioria dos seus 332 atletas «pagam» para participar nas provas que sucedem pouco por todo o país.
José Manuel Isidro, presidente do Linda-a-Pastora Sporting, lembra que «o clube participa em campeonatos nacionais e distritais, sendo campeões em várias modalidades, e que necessita de dinheiro para movimentar a máquina».
«Se não fosse a União de Freguesias de Carnaxide e Queijas e a Câmara Municipal de Oeiras a patrocinarem-nos não conseguíamos comparecer em tantas provas», salienta José Isidro, referindo ainda que, felizmente, também conta com alguns patrocinadores privados, o que lhe vai permitindo «aguentar o barco».
José Manuel Isidro, que lamenta que o Estado não apoia as coletividades de utilidade pública, quer construir uma pista para as provas de BMX, o que seria «bom para o concelho e para a freguesia, dado o número de atletas e espetadores que gostam dessa atividade desportiva».
Um pouco de história
Foram precisos 9 anos para que o Clube criado em 1941 tivesse a sua primeira sede, um edifício cedido por Abel Gravata e família, com o compromisso de o desocupar logo que dele necessitassem.
Para ganharem algum dinheiro fazem jogos amigáveis e comparecem em Torneios Organizados por outros clubes em igualdade de circunstâncias. Assim, foram contando anos de atividade e, em jeito de recompensa, foram acumulando troféus.
Finalmente, em 7 de novembro de 1959, e por despacho do Subsecretário de Estado das Educação Nacional, foram aprovados os Estatutos do Linda-a-Pastora Sporting Clube, e publicados, o que lhes permitiu filiarem-se na Associação de Futebol de Lisboa.
Em1962 foram forçados a abandonar a sede, mas o benemérito Vitorino Assis autorizou-os a levantarem um prédio num terreno que possuía.
No ano seguinte, época de 1963/1964 é feita a inscrição no Campeonato Distrital da 3.ª Divisão da Associação de Futebol de Lisboa, onde em termos desportivos se obteve bastante êxito, vencedor de série e vice-campeão desse campeonato.
Na época 1964/1965 disputa o Campeonato Distrital da 2.ª Divisão, e como na época transata, foi vice-campeão, e ainda com notas muito positivas para as categorias de juniores, reservas e amadores. Durante duas épocas encontraram-se ao serviço do Linda-a-Pastora Sporting Clube jogador de grande nível, entre eles aquele que anos mais tarde veio ser o internacional Vítor Gonçalves, que depois de cedido ao Atlético Clube de Portugal por uma época, ingressou nas fileiras do Sporting Clube de Portugal, onde a sua estreia se verificou na final da Taça de Honra da AFL contra o Sport Lisboa e Benfica.
Na época de 1965/1966 disputou o Campeonato Distrital da 1.ª Divisão da AFL, não sendo feliz como nas épocas anteriores, não obteve classificação de destaque.
Paralelamente ao Futebol dedicou a sua atenção ao Atletismo, Ténis de Mesa e ao Futebol de Salão, teve no campo social uma obra bastante plausível, pois durante anos organizou a Festa de Natal para as crianças mais desfavorecidas da terra e para a 3ª Idade, com distribuição de pequenas lembranças.
Em 1983 é consumada a compra do edifício/sede. Passados que foram os anos bons, o Clube entrou numa crise profunda. Na parte desportiva os fracassos acumulavam-se. Só, em Novembro de 1985, mais precisamente no dia 28, foi encontrada a solução para a grave crise, tendo começado pela remodelação das instalações e beneficiação das mesmas, nomeadamente: pintura do edifício, substituição da parte elétrica, modificação do Bar, arranjo da sala de convívio e construção de uma casa-de-banho para as senhoras, onde mais uma vez se verificou o «precioso contributo da Câmara Municipal de Oeiras», afirma José Isidro.
Com as obras concluídas, começou-se então a tratar da reestruturação das modalidades desportivas do Clube, e a primeira medida tomada foi não continuar com o Futebol, nos moldes em que se vinha processando, dado não haver estruturas para sustentar essa prática.
Como Clube desportivo que é, e estando implantado numa zona de bastante densidade populacional, logo apareceram pessoas ávidas em praticar desporto, o que levou à criação das secções de Atletismo e de Ténis-de-Mesa.
Foi no atletismo que o Clube mais êxitos teve, tanto a nível do Concelho de Oeiras, onde tem ganho tudo o que há para ganhar, como a nível nacional, onde tem obtido êxitos assinaláveis. «Para além disto, ainda no estrangeiro, mais precisamente em Alibi (França) também os nossos atletas têm passeado a sua classe», diz José Manuel Isidro.
Por isso, é que José Manuel Isidro afirma, com orgulho: «Como grande Clube que é, o Linda-a-Pastora Sporting Clube, e os seus dirigentes, viram o seu esforço recompensado ao longo dos anos com a atribuição de diversas condecorações e conquista dos mais diferentes trofeus em disputas nas várias modalidades desportivas em que participamos».
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