TEMPO DE NATAL E DO MENINO JESUS

Há dois mil anos que o mistério se mantém e aprofunda embora sujeito a crises sucessivas, tem suportado obstáculos múltiplos e vencido contrariedades diversas, de maior ou menor dimensão.

Sempre revivificado, para continuar a sua missão sublime de chamar os homens à razão e incentivá-los na busca dos caminhos do bem, da solidariedade, da força do espírito sobre a fraqueza da matéria. A fazer prevalecer, quer nas facilidades da teoria, quer nas dificuldades óbvias da prática, a autenticidade da fé, a preservação da esperança, o empenhamento da caridade.

Assim se pode adiantar uma explicação para o que decorre de implicações com “causa oculta” ou que “parece inexplicável, conjeturando, afinal, que também pode ser apenas uma “verdade dogmática da religião católica que a razão humana não pode compreender”. Nem será preciso ir por aí fora, tentando deslindar o eventual enigmatismo. Porque o Natal é assim mesmo. Que se experimenta e vive de eira tão peculiar quanto natural. A exprimir a espontaneidade da fé. E a fé não se discute – sente-se. Como tem sido intensamente demonstrado ao longo dos séculos, desde que o Menino Jesus suscitou a criação do Natal, para saudar a Sua mensagem, o Seu exemplo, a Sua vinda ao mundo dos homens, então e ainda sensíveis ao chamamento para a paz e para a solidariedade.

Acima e ao lado de todas e quaisquer interpretações, aliás vastas e controversas, sobre a data exata do nascimento de Jesus Cristo, desde cedo foi sendo registado pelos tempos fora que as atenções cristãs se concentravam a 25 de dezembro para a celebração natalícia do Deus Menino. Com o presépio a servir de ponto fulcral, a despertar e avivar as manifestações de crença. E sugerindo, em seu redor e por espaço cada vez mais amplo, o manto misterioso de uma envolvência misteriosa, a mobilizar milhões de criaturas que, anualmente, expandem e reafirmam a sua disposição para cultivar e enaltecer os dons de uma devoção apaixonada.

A evolução das vidas vividas pelos povos do mundo tem influenciado, naturalmente, as comemorações do Natal. A pontos de serem trocadas influências e adotadas novidades que vão recriando o sentido natalício, preservando, tanto quanto possível, as virtualidades da quadra festejada e caracterizando-a segundo os padrões da modernidade. Exemplo paradigmático de quanto a celebração consente interpretações variadas, muitas vezes a emergirem de propósitos discutíveis, aí temos o já popularizado “Pai Natal”, de origem nórdica e de certo modo recente, a deduzir uma intencionalidade comercial que muito se distancia da singeleza proclamada pelo ainda carismático presépio, autenticado pela sua tradição secular. Valha-nos a impressão de que, no fim de contas, os objetivos do “Pai Natal” também exprimem uma saudação agradável ao Menino Jesus. Ainda que de forma algo indireta, especialmente no âmbito das camadas mais jovens – as mais mobilizadas para a festa que nesta altura do ano tanto agita as populações cristãs, em especial as de raiz católica.

Seja como for é tempo de Natal. E de festa. A traduzir a alegria das gentes cristãs pela sua origem autenticada na fé em Jesus Cristo.

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