TRABALHADORES, UTENTES E PARTIDOS CONTRA LINHA CIRCULAR DO METRO

O Bloco de Esquerda está contra a proposta de uma linha circular no metropolitano de Lisboa, apoiando, desta forma, as posições já assumidas pelas Comissões de Utentes, pelo PSD de Odivelas e pela Comissão de Trabalhadores do Metropolitano. Todos estão contra a linha circular do metropolitano de Lisboa. O Bloco de Esquerda, em comunicado da Direção da Concelhia de Lisboa, veio juntar-se ao coro de protestos contra «esta proposta de uma linha circular que é completamente aberrante a vários títulos», como faz questão de salientar Fernando Nunes da Silva, engenheiro e professor do Instituto Superior Técnico, lembrando que «Londres, uma das primeiras cidades com linhas circulares no mundo, acabou com as mesmas há uma dezena de anos, por dificuldade de operação e de manter o serviço desejável com o resto da rede».

O Bloco de Esquerda lembra que esteve sempre contra esta ampliação da rede, com a criação das estações da Estrela e Santos, porque «considera que a criação de uma linha circular não é uma prioridade para a cidade e que outras zonas mais carenciadas de cobertura de transporte público deveriam ser consideradas prioritárias. Por essa razão, estabelecemos que a zona ocidental de Lisboa fosse abrangida pela expansão da rede de metropolitano, através do prolongamento da linha vermelha».

Em coerência com esta posição, incluíram no acordo de convergência na Câmara Municipal de Lisboa, assinado entre o Bloco e o PS, um reforço do investimento em transportes públicos na zona ocidental da cidade, que, «para além de incluir a expansão da linha vermelha do metro a par da linha circular, previa medidas imediatas que já estão implementadas, tais como: o aumento da frequência de autocarros; a extensão de horários e de trajetos com reforço da oferta em horas de ponta, no serviço noturno, fins de semana e feriados, para carreiras centrais na ligação da zona ocidental ao centro de Lisboa».

Para os bloquistas, apesar do que já foi implementado em favor do incremento «importante de mobilidade naquela zona da cidade, o plano só poderá estar verdadeiramente concluído com a extensão do metro à zona ocidental. O acordo entre o Bloco e o PS é claro sobre qual deve ser a posição da CML: defender junto do governo a extensão do metro à zona ocidental”. É essa a estratégia que continuamos a defender e defenderemos para os futuros investimentos na rede de metropolitano».

Todos contra

Esta tomada de posição do BE vem, de certa forma, dar força as reivindicações da Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa e à Comissão de Trabalhadores do Metropolitano de Lisboa, que defendem que a linha circular, ligando o Rato e o Cais do Sodré, é uma «má solução» para a mobilidade na cidade e apelam ao chumbo do projeto.

«Esta é uma má solução para a promoção da mobilidade da cidade da área metropolitana de Lisboa», refere a organização representativa dos trabalhadores do Metro, em comunicado, dizendo ter considerado «múltiplas opiniões de técnicos das mais diversas valências, que manifestam reservas e até forte oposição ao projeto, tendo em conta os custos envolvidos, e apreciações de muitos autarcas».

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Já para a Comissão de Utentes de Transportes de Lisboa, ligar o Rato ao Cais do Sodré e criar uma linha circular a partir do Campo Grande, com as linhas Verde e Amarela, passando as restantes a funcionar como linhas radiais «é uma opção errada que irá ainda degradar mais a oferta às populações da Zona Norte de Lisboa, assim como de Odivelas e Loures».

Juntando-se ao coro de protesto, o PSD de Odivelas «manifesta-se frontalmente contra a criação da Linha Circular do Metro de Lisboa uma vez que esta vai transformar a Linha Amarela num apêndice da rede que não segue para o centro de Lisboa, piorando a oferta da qualidade do transporte público para todos os residentes das freguesias do norte de Lisboa e concelhos adjacentes, nomeadamente Odivelas. Os tempos de espera entre viagens vão ser maiores, e o acesso ao centro de Lisboa vai ser muito mais demorado para os munícipes de Odivelas».

Do ponto de vista de utentes, trabalhadores, partidos politicos e especialistas em transportes urbanos, os propalados benefícios da Linha Circular para as pessoas que usam a Linha de Cascais, poderiam ser mais facilmente atingidos, sem prejudicar ninguém, se se prolongasse a Linha Amarela para Alcântara e não para o Cais do Sodré.

«Com a Linha Circular vão piorar as condições ambientais e de circulação na própria cidade de Lisboa, com prejuízo para todos os que lá vivem e trabalham».

Esta alteração à rede do Metro, especifica, também prejudica as populações de outras zonas da cidade, como Benfica, S. Domingos de Benfica, Carnide ou Olivais e Marvila, «uma vez que o projeto visa concentrar meios – materiais e humanos — na linha circular, desinvestindo nas futuras linhas radiais».

Comissões de utentes e de trabalhadores, bem como alguns partidos políticos, fazem questão de salientar que, com o novo projeto, «adia-se o prolongamento da rede para as zonas da cidade onde esta faz mais falta, zona ocidental de Lisboa e o prolongamento até Loures», defendendo que o Metropolitano de Lisboa deve ter «em conta a expansão da rede a Alcântara e Loures e apostar em trabalhadores e equipamento para repor e alargar a fiabilidade, quantidade e qualidade da oferta».

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