Até ao final de 2026, Portugal vai investir mais de 500 milhões de euros em residências universitárias, revelou António Costa, durante a inauguração do primeiro de três novos edifícios para estudantes que vão surgir na Universidade de Lisboa. Já Carlos Moedas anunciou que a Câmara aprovou mais de 2 500 camas, entre privados, públicos, universidades e a própria Câmara.
O primeiro-ministro salientou esta sexta-feira o investimento de 516 milhões de euros na construção de residências universitárias, através do Plano de Recuperação e Resiliência, num evento no qual também ouviu apelos de estudantes sobre dificuldades no acesso ao alojamento.
Esta posição foi transmitida por António Costa na cerimónia de inauguração do 1.º edifício da nova residência da Universidade de Lisboa, financiada pelo PRR, na qual o chefe do executivo constatou que “hoje a maior barreira de acesso no Ensino Superior é mesmo o custo do alojamento”.
“Hoje, felizmente, há um grande consenso entre todos de que é fundamental investir nas residências universitárias. E é esse grande investimento que neste momento está em curso e significa que nós vamos investir nos próximos anos, através do PRR, 516 milhões de euros em construção de residências universitárias”, destacou o primeiro-ministro.
António Costa referiu que a dotação inicial, que era de 375 milhões de euros, foi sendo reforçada, quer por verbas do Orçamento do Estado, quer porque “os custos de construção efetivamente aumentaram”.
Universidade de Lisboa duplica número de camas
“Significa passarmos, do início do PRR para 2026, de 157 para 243 residências e de 15.073 camas para 26.772 camas, o que significa um aumento de 78% do número de camas disponíveis. Aqui só na Universidade de Lisboa, duplicar o número de camas disponíveis”, enumerou.
O chefe do executivo sublinhou também a importância de reforçar medidas no âmbito da ação social escolar, referindo o aumento do complemento de alojamento de 288 para 456 euros este ano, que visa ajudar os estudantes que não conseguem lugar nas residências universitárias.
“É um grande esforço que a sociedade faz para apoiar o enorme esforço que as famílias fazem, que os estudantes fazem, para conseguirmos este objetivo: passarmos dos 50% dos jovens com 20 anos que já estão no Ensino Superior para os 60% dos jovens com 20 anos que deverão estar no Ensino Superior em 2030. Este tem que ser um esforço conjunto de toda a sociedade”, apelou.
A residência visitada hoje pelo primeiro-ministro, pela ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, pela ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, tem um total de 335 camas, com alguns estudantes já a utilizar as instalações, e faz parte de um total de três edifícios que terão ao todo cerca de 900 camas.
“Quando perguntava há pouco ao senhor reitor da Universidade de Lisboa «então e os outros dois edifícios quando começamos?» fiquei muito contente quando me disse: «só aguardamos a resolução do Conselho de Ministros». E, portanto, com a ministra da Ciência de um lado, e a ministra da Presidência que faz a agenda do Conselho de Ministros do outro, senhor reitor, eu diria, que o próximo Conselho de Ministros é mesmo o Conselho de Ministros ideal para aprovar essa resolução”, afirmou o primeiro-ministro.
Estudantes falam de dificuldades
Antes, o chefe do executivo ouviu o estudante Diogo Ferreira Leite, que se congratulou com a construção desta residência, mas pediu para que as dificuldades dos jovens universitários no acesso ao alojamento não sejam esquecidas.
“Ao inaugurarmos este espaço, não nos podemos esquecer das enormes dificuldades que os nossos jovens ainda ultrapassam. A promessa de um Ensino Superior que se quer universal e acessível para todos, ainda está por concretizar”, alertou, lamentando os “predatórios preços” da habitação nos grandes centros urbanos, que obrigam alunos a desistir de frequentar as faculdades.
Também Madalena Coelho, aluna que conseguiu quarto nesta residência universitária, mostrou-se satisfeita por ter tido essa oportunidade, mas lembrou que é “uma exceção” e que “a escassez do alojamento continua a ser uma luta constante”.
Moedas quer “trabalho conjunto”
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, destacou a necessidade de um “trabalho conjunto” para resolver a crise do acesso ao alojamento estudantil, entre autarquias, fundos europeus, Governo e as universidades.
Segundo o autarca, Lisboa recebe mais de 50 mil estudantes deslocados, que representam 40% dos estudantes das universidades em Lisboa. Há um trabalho conjunto entre as universidades e a Câmara para responder ao desafio do alojamento para estudantes.
“A Câmara já aprovou mais de 2 500 camas, entre privados, públicos, universidades e a própria Câmara, e já temos mais de 8 000 quartos que vão ser apreciados para aprovação, e temos que chegar aos 10 000”, salientou Carlos Moedas na inauguração da nova residência universitária.
Este edifício – segundo o presidente da câmara – constitui a primeira parte de um projeto residencial de três edifícios com capacidade total para 901 estudantes, que contará também com uma praça central e um estacionamento subterrâneo
Por seu turno, o Reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira salientou que “a realização desta obra vem dar resposta, ainda que parcial, a uma necessidade premente dos estudantes que procuram um ensino de qualidade na Universidade de Lisboa.
A Residência Universitária “António Cruz Serra” – financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência – será gerida pela Universidade de Lisboa e incluirá espaços comerciais e um estacionamento subterrâneo.