11 veados-ibéricos regressaram ao Parque Natural Sintra-Cascais

A Câmara Municipal de Cascais (CMC), reintroduziu, no passado 25 de julho, no Parque Natural Sintra-Cascais, 11 veados-vermelhos ibéricos numa área de 240 hectares. Para além destes animais, foram ainda libertados mais nove garranos e oito vacas maronesas. Desta forma, pretende-se reordenar a paisagem e valorizar o ecossistema.

Onze veados-vermelhos ibéricos regressaram, no passado dia 25 de julho, ao Parque Natural Sintra-Cascais. Neste local já existem, em regime livre, 17 cavalos sorraias, 30 burros mirandeses e cinco corços. Com esta ação, a Câmara Municipal de Cascais (CMC) pretende desenvolver a renaturalização da Quinta do Pisão. Igualmente, promove também a proteção de raças autóctones e apoio na gestão dos matos, reduzindo o risco de incêndio.

Os 11 cervídeos, 10 fêmeas e um macho, foram libertados na Quinta do Pisão. No entanto, e para além desta dezena de animais, a CMC reintroduziu também uma manada de nove garranos, oriundos do Parque Nacional Peneda-Gerês, e oito vacas maronesas, oriundas do Parque Natural do Alvão, que se encontram num cercado de 60 hectares na zona da Peninha, também no Parque Natural Sintra-Cascais (PNSC). A introdução dos veados faz parte de um plano alargado de reordenamento da paisagem que conta com várias medidas, sendo a mais importante: a paisagem mosaico.

A CMC está a construir esta gestão da área natural do concelho em conjunto com os proprietários locais e com o co-financiamento do programa europeu LIFE, que vai permitir investir no terreno cerca de três milhões de euros ao longo de seis anos. O veado-vermelho ibérico foi, a nível nacional, uma espécie bastante comum na Idade Média. No entanto, e no final do séc. XIX encontrava-se perto da extinção devido à pressão agropecuária, à perda do habitat e à caça excessiva. Nas últimas décadas, foi sendo recuperado como consequência de reintroduções e recolonização natural a partir de Espanha.

Valorizar o ecossistema

Atualmente, em Portugal, existem algumas populações pouco expressivas de Norte a Sul e que se distribuem de forma mais ou menos descontínua. Na região de Cascais, esta espécie foi extinta no séc. XVI devido à caça e à fragmentação do habitat com a introdução da pastorícia em regime intensivo e agricultura. Cinco séculos depois, a região volta a ter esta espécie de cervídeos e que vai contribuir no processo de renaturalização do PNSC.

Estes animais, juntamente com os cavalos sorraias, garranos, burros mirandeses, vacas maronesas e corços, vão desenvolver a sua atividade de pastoreio natural, reativando processos ecológicos face ao seu papel de “modeladores” da paisagem, tendo em conta a suas especificidades face ao regime alimentar. Ou seja, se são pastadores, ramejadores ou alimentadores intermediários. Desta forma, é possível aumentar a complexidade e estrutura dos habitats, valorizar o ecossistema, entre outros, ao que se juntam as vantagens trazidas por estes animais.

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