Ver o Meo Arena totalmente cheio

O espectáculo das marchas não está a ser bem aproveitado, dizem Bruno Marques, da marcha de Alfama, e Suse João, da Mouraria. 

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Os marchantes trabalham um ano inteiro e os desfiles no Meo Arena são feitos para as claques e os bairros. Solução? Divulgar a sério este evento!

“É gratificante ver as nossas claques no Meo Arena, mas seria ainda melhor ver o pavilhão cheio, se as pessoas de fora dos bairros tivessem mais informação sobre os desfiles e fossem vê-los”, afirmam Suse João, marchante e porta-estandarte da Mouraria, e o seu marido, Bruno Marques, que desfila por Alfama.

“Pensam que é muito caro, mas não é. São seis euros por um espectáculo de três horas. No teatro de revista pagam 15 euros”. As marchas são vistas como um espectáculo menor, de bairro, e “isso tem a ver com a divulgação, e a forma como é feita”.

O próprio Herman José, quando entrevistou participantes de marchas na televisão, “também disse que tinha essa ideia, errada, antes de começar a falar directamente com as marchas. Afinal de contas, há milhares a ver o desfile na Avenida, no dia 12. Dever-se-ia pôr de lado o ‘filtro’ de associar isto ao bairrismo, e olhá-las, pura e simplesmente, como um espectáculo”.

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A hipótese de prolongar e aumentar o serviço de transportes no dia dos desfiles no pavilhão é bem vinda, mas a divulgação junto do grande público parece-lhes mais crucial. Quanto às pessoas do bairro, essas vão, “de qualquer maneira. Há pessoas que só se vêem nessa altura do ano”.

Os dois marchantes salientam ainda que uma marcha é uma coreografia de 18 minutos, feita por amadores, por homens que levam ao ombro mulheres de 70 quilos, e nada pode falhar. Os profissionais fazem uma coreografia de um minuto, e as bailarinas “pesam 45 quilos”…

Nesses 18 minutos, “toda a gente espera que falhemos. Ou porque ganhámos no outro ano, ou porque mudámos alguma coisa, ou porque pertencem às claques ruidosas e entusiásticas da marcha rival”.

O que provoca mais nervos e impacto nos marchantes é o dia do ensaio geral. “Nesse dia, estamos a trabalhar para os do nosso bairro. Não há filtros. Se falhamos, somos ‘comidos’. Mas se corre bem, somos levados ao colo e protegem-nos de tudo”.

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