O primeiro ministro António Costa presidiu hoje à cerimónia de lançamento do concurso público para a aquisição e manutenção de 10 novos barcos para a transportadora fluvial do Tejo.
Depois de em março a Transtejo ter tido vários problemas com as ligações fluviais entre a Margem Sul e Lisboa, chegou agora uma boa notícia: a empresa de transportes vai ter mais barcos, já a partir de 2020. De facto, o primeiro ministro António Costa presidiu hoje à cerimónia de lançamento oficial do concurso público internacional para renovação da frota da Transtejo, que visa a celebração de contratos de construção e manutenção de 10 novas embarcações para transporte fluvial de passageiros.
A cerimónia de lançamento teve lugar no terminal fluvial do Cais do Sodré e contou com a intervenção do primeiro ministro, António Costa; do ministro do Ambiente e Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes; dos presidentes das Câmaras Municipais de Lisboa e Almada, Fernando Medina e Inês Medeiros, e da presidente do conselho de administração da Transtejo, Marina Ferreira.
“Este concurso público internacional materializa as orientações constantes da Resolução do Conselho de Ministros n.º 11/2019, que aprovou a compra de 10 novas embarcações e mandatou a Transtejo S.A. para assumir os encargos plurianuais e realizar a despesa necessária à concretização do Plano de Renovação da Frota”, destaca um comunicado da empresa.
Segundo o primeiro-ministro, só o investimento agora realizado pelo seu Governo na Transtejo, na ordem dos 89 milhões de euros, supera em valor todos os que foram feitos pelo anterior executivo PSD/CDS-PP nos transportes públicos.
António Costa referiu que «só neste concurso está previsto um investimento superior a todo o investimento que foi feito na legislatura anterior em todos os sistemas de transportes públicos. Não é só na Soflusa e na Transtejo, mas na Carris, no metro, nos STCP e na Refer».
Numa nova alusão ao período de assistência financeira de Portugal, entre 2011 e 2014, o primeiro ministro considerou que o investimento nos transportes urbanos demonstra que o país «está a recuperar das feridas que foram abertas pela crise».
Após intervenções do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, dos presidentes das câmaras de Lisboa e de Almada, respetivamente Fernando Medina e Inês de Medeiros, e da presidente da Transtejo e Soflusa, Marina Ferreira, António Costa defendeu que o seu Governo apostou “num sistema em que cronicamente não se investia”.
Além da questão da mobilidade das populações das áreas metropolitanas e suas consequências económicas e sociais, o primeiro-ministro referiu-se também ao desafio da “mitigação das alterações climáticas”.
Se queremos vencer os desafios das alterações climáticas, temos de investir na descarbonização da sociedade. «Alterar o paradigma da mobilidade não é só mudar do diesel para o elétrico, mas também do transporte individual para o coletivo. O transporte coletivo não pode ser a fatalidade de quem não tem recursos», defendeu o primeiro-ministro.
As novas embarcações da Transtejo vão permitir importantes melhorias nos padrões de conforto e segurança oferecidos aos passageiros, captando novos utilizadores para o transporte fluvial e dando ainda maior relevância ao papel da via fluvial na estratégia de mobilidade da Área Metropolitana de Lisboa, afirma um comunicado da Transtejo.
Concurso peca por tardio
Por seu turno, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, após ter referido que este concurso peca por tardio, advertiu que a redução dos preços nos passes sociais das empresas de transporte fluvial da Transtejo e Soflusa devem ser acompanhadas por mais oferta de navios e contratação de trabalhadores.
«A partir de 1 de abril o preço dos passes sociais vão baixar significativamente, o que é um grande passo adiante, mas por outro lado, a redução dos preços vai ter como consequência a maior procura e a questão da oferta disponível é central. De que serve ter o passe barato e não ter barcos suficientes», questionou Jerónimo de Sousa, em declarações aos jornalistas.
O líder comunista falava após ter feito a travessia fluvial, operada pela Transtejo, entre o Seixal e o Cais do Sodré, onde frisou que a supressão de carreiras e ausência de navios «tem consequências tremendas para milhares de pessoas que têm o seu horário a cumprir».
Apesar de se mostrar “profundamente satisfeito” pela aprovação de uma proposta do PCP, referindo-se à redução de preços dos passes sociais, o secretário-geral do PCP sublinhou que é urgente a concretização do concurso para a compra de 10 novos barcos.
«Consideramos que o Governo já devia ter concretizado aquele anúncio do novo concurso para se conseguir mais 10 barcos e, fundamentalmente, enquanto não se concretiza o concurso, é necessário reparar para manter aquilo que existe e é preciso reforçar o número de trabalhadores em cada barco. Tudo questões que, a não serem resolvidas, ensombram este passo adiante da redução dos preços dos transportes», afirmou.
Durante a viagem, Jerónimo de Sousa falou com alguns utentes daquele transporte fluvial e realçou que, por vezes, basta faltar um barco para que tudo fique “congestionado”.