LISBOA CRIA CASA DA DIVERSIDADE PARA AS COMUNIDADES LGBTI E IMIGRANTE

Arroios, a freguesia mais multicultural da capital, conta, desde ontem, com um Centro que apoia as comunidades LGBTI e minorias no combate à discriminação e violência.A Junta de Freguesia de Arroios e a Câmara Municipal de Lisboa deram, nesta quarta-feira, o primeiro passo para a criação da Casa da Diversidade – Centro Municipal LGBTI e Centro Municipal para a Interculturalidade que pretende ser um pólo de atendimento multicultural e de apoio a vítimas de discriminação.

O espaço, no Mercado Forno do Tijolo, em Arroios, foi inaugurado ontem pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e pela presidente da Junta de Freguesia de Arroios, Margarida Martins, que assinaram um acordo de cooperação.

«A imagem que hoje tiramos daqui é de unificação, harmonia e tolerância. Um gesto de inclusão porque as desigualdades só se combatem com uma Lisboa mais atuante e ativa», disse Fernando Medina, realçando que «Lisboa está a dar ao mundo uma imagem de igualdade, de cidadania e de liberdade».

Lembrando todo o trabalho que Margarida Martins tem desenvolvido, ao longo de mais de 20 anos, na cidade em prol destas causas, Fernando Medina fez questão de salientar que as «desigualdades não se combatem com retórica» mas sim com trabalho no terreno no combate ao racismo, à xenofobia e à descriminação, com base na orientação sexual e/ou identidade de género.

Já para Manuel Grilo, vereador dos Direitos Sociais, a existência deste espaço «é mais do que a criação de um novo espaço, é o símbolo do caminho para a pertença da cidade por todos e todas que aqui vivem».«Queremos que seja um espaço de encontro e de trabalho para potenciar novas e melhores respostas na cidade. Para isso, garantiremos espaços diversificados, tanto com espaços de ‘co-work’ como com gabinetes adaptados para atendimento social e médico, se necessário», afirmou Manuel Grilo.

Por seu turno, Margarida Martins salientou que «as iniquidades nos acessos aos cuidados de saúde; nas oportunidades de empregabilidade e nos percursos educativos, ainda são patentes junto das comunidades imigrantes», considerando ainda que é «urgente criar condições para uma sociedade informada, participativa, responsável e inclusiva».

O espaço será partilhado pelos dois centros municipais, correspondendo o primeiro a um espaço para as comunidades LGBTI, em que funcionará uma rede de partilha de informação, e respostas de apoio em várias áreas, atendimento para vítimas de discriminação, com base na orientação sexual e/ou identidade de género, um espaço de cultura e encontro de e para as associações.

Centro de Enfermagem Queijas

O segundo espaço corresponderá a um local de encontro e cooperação entre as diversas organizações que intervêm na área da interculturalidade, assim como na resposta social a migrantes e refugiados.

«Que em ambos os Centros seja hasteada com orgulho a bandeira da defesa dos direitos LGBT e de todas as nacionalidades que compõem o que são hoje os cidadãos de Lisboa», destacou Margarida Martins, que recordou que ao longo da sua vida tem «defendido, publicamente os direitos LGBTI e o esbatimento de barreiras ao acolhimento de imigrantes».

A autarca anunciou que, até final do seu atual mandato, vai ser possível instalar as primeiras organizações no novo espaço que irá nascer no Mercado do Forno do Tijolo, que incluirá respostas sociais por parte das associações espaços de trabalho conjunto, gabinetes de atendimento especializados e ainda uma sala para iniciativas e espetáculos abertos ao público.O acordo de cooperação entre o Município e a Junta de Freguesia de Arroios vai permitir o desenvolvimento do projecto Casa da Diversidade, constituída pelo Centro Municipal LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Intersexo) e o Centro Municipal para a Interculturalidade, a instalar no Mercado Forno do Tijolo.

O Centro Municipal LGBTI será «um espaço para as comunidades LGBTI, em que funcionará uma rede de serviços de informação e atendimento específicos para vítimas de discriminação e violência, com base na orientação sexual e/ ou identidade de género ou características sexuais».

O Centro Municipal para a Interculturalidade deverá ser «um espaço de encontro, partilha e cooperação entre as diversas entidades que intervêm na área da interculturalidade» e será instalado na freguesia mais multicultural da capital, onde vivem pessoas de 79 nacionalidades diferentes.

Arroios é uma freguesia reconhecida pela sua diversidade, contando com mais de 90 nacionalidades a viver, trabalhar ou frequentar a zona. Há muito que este espaço era desejado pelas associações, um modelo existente em vários países e que poderá vir a ser fundamental para as comunidades, para a freguesia e para a cidade de Lisboa.

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