Mais de 1000 especialistas, representando 300 cidades do mundo, vão estar presentes em Lisboa, em setembro, para discutirem a erradicação do VIH, hepatites virais e tuberculose, até 2030.
Estas necessidades foram reveladas durante o anúncio da realização em Lisboa, em setembro, da Conferência Fast-Track Cities 2020 – o segundo encontro anual de cidades e municípios comprometidos na erradicação até 2030 das epidemias do VIH, hepatites virais e tuberculose, que reunirá em Lisboa mais de 1000 participantes de todo o mundo.
Longe dos números dos anos 1990
Contudo, dados da União Europeia, referentes a 2017, adiantam que Portugal está longe do pico da epidemia de VIH/sida de finais da década de 1990, mas as estatísticas ainda refletem esses tempos. Pelo menos no número de mortes provocadas pelas doenças relacionadas com a infeção no estado de sida (principalmente pneumonia e tuberculose). Em 2017 foram 134. Na União Europeia (UE), só a Roménia ultrapassa este valor, com 170 óbitos.
Todavia, como realça o mesmo relatório, o número de mortes por doenças relacionadas com o estado de sida tem vindo a diminuir e está no valor mais baixo dos últimos dez anos.
Do ponto de vista de Isabel Aldir, «a prevenção deve estar o mais próximo da população em risco» e, é por isso, que considera importante «a realização em Portugal, nomeadamente Lisboa, a iniciativa ‘cidades na via rápida’ porque nos permite aprender e vermos outras experiências, mas também mostrarmos e divulgarmos tudo o que de bom se realiza entre nós e que deve ser motivo de orgulho», sublinhou Isabel Aldir.
Abordagem humana
Já João Goulão, diretor geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, que também defendeu a prevenção como uma ferramenta extremamente útil no combate a este flagelo, lembrou que os «aspetos mais determinantes no combate a estas epidemias passa pela abordagem humana e por se conseguir um conjunto de respostas integradas que não deixem as pessoas cair».
Para o presidente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), João Goulão, o facto de Lisboa ter sido convidada a acolher esta conferência é «um desafio grande que é colocado, não só ao município, mas a todas as cidades participantes nesta rede e a todas as entidades que de alguma forma colaboram».
Por outro lado, «é também o reconhecimento do que tem sido feito em Portugal e que é muito significativo para contrariar algumas destas problemáticas e das formas eficazes que têm vindo a ser encontradas para as contrariar».
Contudo, salientou, o problema não está erradicado: «Ainda existe em números muito mais reduzidos, mas atinge segmentos muito vulneráveis das nossas populações e por isso precisa de ter uma atenção política e nós queremos que esta conferência sirva para dar essa atenção política».
Em segundo lugar, apontou o autarca, «a evolução do fenómeno das infeções tem sido muito desigual em todo o mundo e uma das razões principais para esta situação é porque a política na área da droga e da toxicodependência é diferente em muitos países e Portugal tem uma muito boa experiência a partilhar».
Reduzir riscos
Portugal ao descriminalizar, a partir de 2000, o consumo e ao passar para a área do sistema clínico, médico e social o problema dos que têm aquela dependência, fez «reduzir de forma impressionante o número de toxicodependentes», e também – como explicou – «fez reduzir de forma muito importante toda a prevalência das doenças associadas à toxicodependência, através de uma resposta viável, mais justa e, acima de tudo, mais humana e mais digna».
Lisboa pretende também divulgar o trabalho que está a fechar relativamente às salas de consumo assistido. «Já temos dados relativamente à primeira e teremos seguramente depois da execução das outras duas, porque é uma estratégia que se está a mostrar eficaz e acima de tudo digna do ponto de vista humano», sublinhou o autarca.