A Área Metropolitana de Lisboa (AML) lançou hoje um concurso internacional de serviço público de transporte rodoviário de passageiros para os 18 municípios da grande Lisboa. No valor de 1,2 mil milhões de euros, com a duração de sete anos, a Área Metropolitana de Lisboa lançou, hoje, um concurso internacional para aquisição do serviço público de transporte rodoviário de passageiros na área metropolitana de Lisboa, que prevê a atribuição dos quatro lotes a diferentes operadores, todos a operar sob a marca Carris Metropolitana, com autocarros de cor amarela.
Desta forma, conforme fizeram questão de salientar o ministro do ambiente, João Matos Fernandes, o presidente da Área Metropolitana de Lisboa, Fernando Medina, e o primeiro-secretário da AML, Carlos Humberto, «está dado mais um passo na revolução nos transportes públicos rodoviários da Área Metropolitana de Lisboa».
O primeiro-secretário da AML revelou que este «é o maior concurso público promovido a nível nacional, sem histórico para a aquisição do transporte público rodoviário que deverá servir os 2,7 milhões de pessoas que vivem nos 18 municípios desta região nos próximos sete anos».
Segundo Carlos Humberto, este concurso «envolve um reforço superior a 40% da oferta de autocarros, que passarão a ser todos iguais, e, se tudo correr como o previsto, estarão a operar em meados do próximo ano.
Este concurso, envolvendo um investimento que ascende a 1,2 mil milhões de euros, vai substituir as concessões que estão atualmente em vigor, pelo que, além da cor, se preveem mudanças na rede de autocarros na Grande Lisboa, reforço e modernização da frota para a tornar também mais sustentável.
As novas linhas, segundo os mapas apresentados, estão mais concentradas na margem sul, sendo a Península de Setúbal «a mais beneficiada com o alargamento da rede, porque é também a que tem uma oferta mais deficitária», explicou o primeiro-secretário da AML.
Uma outra novidade prende-se com o sistema de bilhética (atualmente a cargo da empresa Otlis) que vai ser revisto e, em seu lugar, criado um sistema de informação único, com um mapa único de rede, construído com o contributo dos municípios e tendo em conta os movimentos pendulares que existem entre os concelhos, e que integrará também as ligações a meios de transporte, como o comboio, metro ou barco.
Sérgio Pinheiro, diretor do Departamento de Gestão e Planeamento dos Sistemas de Transportes e Mobilidade da AML, revelou que a Grande Lisboa foi dividida em quatro lotes – dois na margem norte e dois na margem sul do Tejo – aos quais as empresas de transporte poderão concorrer (as empresas vencedoras não podem deter mais de 50% da oferta). Mas, nem a empresa de transportes públicos de Lisboa Carris nem as empresas municipais de Cascais e Barreiro podem participar no concurso e o mesmo concorrente não poderá ficar com todos os lotes, revelou.
Adjudicação no verão
Segundo Sérgio Pinheiro, a adjudicação deverá decorrer até ao Verão, sendo que as empresas vencedoras deverão ser aquelas que apresentarem as propostas com melhor relação qualidade-preço (85% preço e 15% para a idade média da frota). Os novos autocarros deverão estar prontos a circular em meados do próximo ano.
Recorde-se que a criação da Carris Metropolitana, assim como a intenção de lançar um novo concurso internacional para o transporte público rodoviário, foi anunciado em outubro de 2018, pouco tempos depois do anúncio da implementação dos passes únicos nas áreas metropolitanas, que entraram em vigor em Abril de 2019.
O objetivo da AML é que os novos contratos resultem num reforço da oferta de transportes públicos em Lisboa de 43%, incluindo mais carreiras nas horas de ponta dos dias úteis, mas também ao fim de semana e à noite.
A Área Metropolitana de Lisboa pretende estabelecer com este concurso uma «oferta anual de 90 milhões de veículos/quilómetro de transporte público rodoviário, um aumento superior a 40% face aos serviços atuais».
Depois da redução dos preços dos passes sociais, a procura por transportes públicos aumentou. Como consequência, o Governo inscreveu, no Orçamento do Estado para 2020, um novo programa semelhante, mas para reforçar a oferta de transportes públicos: é o Programa de Apoio à Densificação e Reforço da Oferta de Transporte Público, com uma dotação de 15 milhões de euros por ano, lembrou, por seu turno, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes.
Pontualidade nos horários
Já para o presidente do conselho metropolitano da AML, Fernando Medina, a Carris Metropolitana vai «melhorar as condições de vida de 2,7 milhões de portugueses. Mais transporte público, mais pontual, a tempo e horas, mais ligações, novas linhas, frota renovada, ambientalmente mais sustentável».
«Vamos ter novas linhas, novas ligações que não existiam até agora. Vamos ter mais oferta, mais pontualidade, menos intervalo entre autocarros, vamos ter também horários em que esses autocarros não existiam e vão passar a existir, em horários noturnos, em horários de fim de semana», sublinhou Fernando Medina.
«Este é o maior concurso que o país já lançou do ponto de vista dos serviços rodoviários, com autocarros de muito melhor qualidade, com uma idade média muito mais baixa do a atual. Vai diminuindo a idade média ao longo do tempo do concurso. Autocarros mais confortáveis, mais amigos do ambiente, vão reduzir de forma muito significativa as emissões. Vão estar todos integrados numa marca única, rede única, sistema de informação único, que se junta ao passe único, o Navegante Metropolitano», afirmou Fernando Medina.
A AML também destaca também que, neste concurso, são preconizadas metas ambiciosas, que contemplam: maior oferta, rejuvenescimento da frota, maior eficiência, mais informação, mais qualidade no serviço prestado, mais sustentabilidade ambiental e responsabilidade social.