NEM TODOS QUEREM REABERTURA DE CRECHES E REGRESSO DAS VISITAS A LARES

    A reabertura das creches e a retoma das visitas aos lares e às unidades de cuidados continuados, a partir de 18 de maio, estão a gerar alguma contestação na sociedade portuguesa, por causa dos «riscos de contágio» de Covid-19.

    A DGS anunciou na passada segunda-feira que estas estruturas poderão retomar visitas a 18 de maio, com novas regras

    Apesar do Governo e a Direção Geral de Saúde afirmarem que a reabertura das creches, assim como o retorno das visitas aos lares, vão ser feitas «de forma segura e tranquila», pais e familiares consideram que ainda é cedo para essas estruturas começarem a funcionar.

    A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, reafirma que que existem um conjunto de regras e orientações que permitem a reabertura das creches em segurança, lembrando que o Governo definiu um período de transição para a abertura das creches, entre 18 de maio e 1 de junho, para que as famílias possam deixar as crianças quando «ganharem confiança sem perderem o apoio atribuído às famílias».

    Até sexta feira vão ser testados ao coronavírus cerca de 29 mil trabalhadores, das mais de 2 mil creches existentes no país.

    Contudo, algumas associações que representam as creches e os profissionais do sector confessam que existe uma incapacidade de cumprir com as regras e recomendações da Direcção-Geral da Saúde. Por exemplo, a Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular alega que «algumas medidas não são exequíveis nem adequadas», salientando que não é possível «restringir os movimentos das crianças e a sua aproximação dos colegas de forma a manter as distâncias de segurança», sublinhando que as «interações entre crianças são necessárias ao seu desenvolvimento». Sobre as distâncias entre berços reconhece que «as salas não têm dimensões suficientes para tal» e acerca da divisão de turmas alega-se que ao fazê-lo «as crianças deixam de estar com os adultos de referência».

    Para as diferentes associações do sector, «pegar ao colo, olhar nos olhos e deixar que a criança crie empatia através da expressão facial, falar perto da sua cara e acariciar o seu rosto são afetos que constroem e cimentam as interações e o vínculo entre criança e educador/cuidador. Impedir estas manifestações de afeto ou artificializá-las, com máscaras e distância física, é violentar a relação».

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    Para o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, «o país vai ter de abrir, não pode ficar eternamente fechado» e a reabertura das creches este pode ser um dos maiores passos. Contudo, neste momento, muitos pais e colaboradores ainda têm medo. «Esse medo e, por um lado, a consciência de que o país tem de recomeçar a trabalhar, obriga-nos a ter todas as cautelas», salienta Manuel Lemos

    Já Lino Maia da CNIS considera que «os receios são compreensíveis. Não estamos imunes a riscos. São precisas cautelas», diz, garantindo, no entanto, que «os pais podem confiar nas instituições».

    Voltam as visitas a lares

    Em relação ao retorno das visitas aos lares mantêm-se as mesmas desconfianças, até porque se «está a falar de uma população particularmente vulnerável à doença e às consequências mais graves da infeção, uma vez que a taxa de mortalidade incide sobretudo sobre os mais velhos», salienta um proprietário de um Lar de Idosos no concelho de Sesimbra.

    Segundo a Direção Geral de Saúde, a partir da próxima segunda-feira acaba o isolamento e poderão ser retomadas as visitas. Mas os lares e as unidades de cuidados continuados vão ter de nomear um funcionário responsável pela gestão dos visitantes e todos os encontros de residentes com familiares ou amigos deverão acontecer com marcação prévia.

    O anúncio foi feito pela Direção Geral da Saúde numa norma publicada segunda-feira, onde é salientado que «todas as pessoas que tenham sintomas sugestivos de covid-19 ou tenham estado doentes nos 14 dias anteriores não poderão fazer visitas e também os idosos que tenham sintomas não poderão receber familiares».

    A Direção Geral de Saúde define em seis pontos as regras que permitem o acesso às visitas:

    1. A instituição deve ter um plano para operacionalização das visitas e ter identificado um profissional responsável pelo processo.
    2. A instituição deve comunicar aos familiares e outros visitantes as condições nas quais as visitas decorrem.
    3. A instituição deve garantir o agendamento prévio das visitas, de forma a garantir a utilização adequada do espaço que lhe está alocado, a respetiva higienização entre visitas e a manutenção do distanciamento físico apropriado.
    4. A instituição deve ter organizado um registo de visitantes, por data, hora, nome, contacto e residente visitado.
    5. As pessoas que participam na visita devem manter o cumprimento de todas as medidas de distanciamento físico, etiqueta respiratória e higienização das mãos (desinfeção com solução à base de álcool ou lavagem com água e sabão).
    6. As pessoas com sinais ou sintomas sugestivos de COVID-19 ou com contacto com um caso suspeito ou confirmado de COVID-19 nos últimos 14 dias, não devem realizar ou receber visitas.

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