CRUZ QUEBRADA TEM A 5ª MAIS ANTIGA COLETIVIDADE DO PAÍS

Cantada por Amália Rodrigues, a quinta mais antiga coletividade do País, a SIMECQ, na Cruz Quebrada, Oeiras, orgulha-se dos seus pergaminhos na música e no basquetebol e, agora, com o apoio da Câmara e da União de Freguesias está a reequilibrar a sua situação financeira.

A Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense (SIMECQ), inicialmente conhecida por «Solidó», foi tema de uma canção de Amália Rodrigues, o «Cochicho da Menina», em que se recorda os saraus dançantes que se realizavam no salão nobre desta coletividade da Cruz Quebrada, nos anos 50 do século passado, onde: «Entre apertões, aos encontrões/ A dançar o Solidó batem mais os corações/ Olha o cochicho que se farta d’apitar…»

Criada em 9 de outubro de 1880 por um grupo de trabalhadores de uma fábrica de curtumes que se dedicavam ao desenvolvimento de atividades culturais, a SIMECQ, provavelmente imbuída dos ideais republicanos que, na época, começavam a surgir em Portugal, defendia o direito ao acesso de todos ‘os cidadãos’ à cultura e à educação.

E, daí, a ligação da instrução musical à educação escolar, chegando mesmo a funcionar, em 1924, nas suas instalações uma escola primária frequentada por mais de 2000 crianças que se manteve operacional até 1990, tendo sido encerrada devido ao corte de apoios às escolas que não pertenciam à rede pública.

Sediada na União de Freguesias de Algés, Linda-a-Velha, Dafundo e Cruz Quebrada, a SIMECQ, nas palavras do seu presidente, Carlos Jaime, «é uma coletividade que, apesar de estar a viver com muitas dificuldades, tem uma dinâmica muito própria na divulgação cultural e desportiva, tendo vindo sempre a crescer. Hoje, somos a quinta coletividade, segundo os arquivos nacionais, mais antiga do País».

Ao fim de 140 anos de existência, comemorados a 9 de outubro com cerimónias mínimas por causa da pandemia (hastear da bandeira e missa), a sociedade cruz-quebradense enfrenta um dos seus maiores desafios: recuperar dos danos colaterais provocados pelo novo coronavírus.

Carlos Jaime lembra que a atividade da SIMECQ é suportada por um orçamento mensal de oito mil euros, tendo cerca de mil sócios que pagam quotas e que o encerramento das atividades, assim como do bar, causaram prejuízos financeiros na ordem de «uns bons milhares de euros», diz, confessando terem conseguido ultrapassar esta crise devido aos apoios financeiros da Câmara de Oeiras e da União de Freguesias de Algés, Linda-a-Velha, Cruz Quebrada e Dafundo.

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Com a reabertura do bar e o reinício das atividades, associados e utentes deste espaço voltaram a ter de novo onde partilhar desabafos e, porventura, lamentar a impossibilidade de ocuparem parte do seu tempo no atelier de arte, nas danças ou nas classes de atletismo e basquetebol.

Carlos Jaime que, como o próprio diz, «aceitou o cargo de presidente da coletividade para equilibrar as contas da instituição», que se encontrava com algumas dificuldades, mostra-se esperançado que «melhores dias virão» e, por isso, com o apoio da autarquia e das empresas privadas, prevê, dentro de 3 ou 4 anos, «equilibrar as ‘condições financeiras’, o que possibilitará à instituição dar um salto qualitativo no serviço que prestam à comunidade».

A ‘almofada financeira’ que pretende criar vai permitir «sustentar a máquina», que é constituída por 260 atletas (basquetebol 190 e atletismo 70), 38 músicos da banda musical e mais os frequentadores dos Atelier de Arte, de Dança de Salão e de Teatro, entre as várias atividades que se realizam nas suas instalações.

Câmara de Oeiras e União de Freguesias tem sido fundamentais

Do ponto de vista de Carlos Jaime, a Câmara Municipal de Oeiras e a União de Freguesias de Alges, Linda-a-Velha, Dafundo e Cruz Quebrada, nas figuras dos presidentes Isaltino Morais e Rui Teixeira, tem sido fundamentais na «nova dinâmica» que está a ser criada e no reequilíbrio da situação financeira da instituição.

Valores como os do serviço à comunidade, da solidariedade e de apoio, da participação cívica e os da sã competição, são os pilares basilares da participação da SIMECQ na vida da comunidade oeirense, refere Carlos Jaime, lembrando que «a SIMECQ é uma coletividade intimamente ligada a uma comunidade da Cruz Quebrada-Dafundo e existe para servir essa comunidade, em especial a sua juventude, e todos os que a procurem».

Na perspetiva deste dirigente, «as coletividades são constituídas essencialmente por pessoas. São elas os elementos fundamentais, capazes de viabilizar a prosperidade de uma organização. Daí ser essencial que as pessoas (os sócios, atletas, dirigentes e funcionários) estejam alinhados com a missão, visão, e principalmente os valores da organização, de forma a que os resultados sejam alcançados de forma colaborativa e que sejam positivos».

Apesar de ainda hoje a Banda Musical, criada em 1922, ser ex-libris da coletividade, o basquetebol é uma das atividades chave da Coletividade, participando a Equipa Sénior Masculina no Campeonato Nacional B1 e a Feminina na 1ª Divisão. As restantes equipas participam nos Campeonatos Regionais e Nacionais.

Mas, o grande destaque vai para o basquetebol feminino com vários títulos de Campeã Nacional.

Atualmente, têm equipas em todos os escalões (de mini a veteranos) masculino e feminino e o reconhecimento por parte da Federação Portuguesa de Basquetebol, como clube de formação ímpar, com vários dos seus atletas a participarem em representação das Seleções Nacionais nos vários escalões.

São muitas as atividades culturais, desportivas, lúdicas e recreativas desenvolvidas por esta Coletividade, tais como: Banda da SIMECQ, Escola de Música, Grupo de Teatro, Tango, Atelier de Artes, Aikido, Fitness, Capoeira e Karaté.

Também já faz parte da oferta de atividades, a escola de Atletismo aberta, também, a crianças com 12 ou mais anos.

1 COMENTÁRIO

  1. Basta um ligeiro abanão (o que de todo não foi caso de agora) para uma pequena colectividade de orçamento limitado, para colocar em causa uma instituição cheia de pergaminhos ao serviço da comunidade local – como é o caso da multi centenária S.M.E.C.Q..
    Oxalá bons ventos aportem e lhe tragam conforto financeiro para continuidade dos seus projectos da maior valia para a população.
    (Ex aluno de 1956-1959)

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