BAIRRO 25 DE ABRIL EM LINDA-A-VELHA APOSTA NAS CAUSAS SOCIAIS

O Bairro 25 de Abril nasceu em Linda-a-Velha com as expropriações feitas após a revolução do 25 de Abril. Na altura, existiam 9 núcleos de “barracas”: Biscoiteiras, Aninhas, Bairro das Andorinhas, Alto de Sta. Catarina, Estrada dos Balteiros, Olivais do Pereiro, Largo da Roda, Bairro da Câmara, Bairro da Estrada da Junça.

Há cerca de 50 anos vieram da província para trabalhar em Lisboa e ficaram a viver em barracas que foram fazendo aos poucos, em Linda-a-Velha, Oeiras. Embalados pela revolução de 1974, juntaram-se e ocuparam um terreno na zona para construir 192 habitações para morar. Passaram anos a lutar e, ao fim de quase quatro décadas, conseguiram, finalmente, ter uma casa a que podem chamar sua a 100%.

Mas, como diz Roberto Carlos Gradim Oleirinha, diretor Financeiro da Associação de Moradores do Bairro 25 de Abril, este núcleo habitacional, após tantas décadas, necessita de várias obras de requalificação. Neste momento, em parceria com a Câmara Municipal de Oeiras e com a União de Freguesias de Algés, Linda-a-Velha, Dafundo/Cruz Quebrada, «estamos a tentar revitalizá-lo», afirma Roberto Oleirinha, adiantando que, após contacto com a União de Freguesias, foram «melhoradas as acessibilidades, com a expansão da rede Combus ao ‘coração’ do bairro, o que deu melhores condições de ‘conforto’ aos habitantes».

Segundo este responsável da Associação de Moradores, a inauguração recente do Gabinete Técnico Local e a abertura da nova sala polivalente destinada à atividade física dos utentes do Centro de Dia da Associação, marcam, de certa forma, o início dos trabalhos de recuperação e requalificação deste bairro, projetado pelo arquiteto Silva Carvalho, em 1976.

Na perspetiva de Roberto Oleirinha, «o bairro 25 de Abril está a precisar de uma intervenção profunda, que começou a acontecer», devido ao apoio da Câmara de Oeiras ao instalar um Gabinete Técnico, sublinhando, ainda, que a «inauguração da Sala Polivalente «começou a concretizar um sonho que já saiu do papel, esperando-se que outros venham a acontecer, porque a comunidade precisa».

Conjunto arquitetónico residencial unifamiliar, no âmbito da Operação SAAL, o bairro é composto por casas em banda de dois pisos, com logradouro junto à fachada principal e no tardoz, formando quarteirões, com um espaço verde muito agradável com algumas árvores a oferecer sombra, tendo sido concretizado a partir de uma operação, de realojamento, promovida após o 25 de Abril de 1974, no âmbito do programa SAAL – Serviço de Apoio Ambulatório Local, integrada pela Câmara Municipal de Oeiras a partir de 1977.

Nos dias de hoje, a Associação de Moradores tem «uma dimensão completamente diferente daquela para que foi criada nos idos anos de 1976», dedicando-se essencialmente às valências sociais, dando uma especial atenção à terceira idade e à infância.

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Centro de dia e apoio domiciliário

E, imbuída do espírito de solidariedade, criou o Centro de Dia para os mais velhos, com capacidade para cinquenta utentes. Esta resposta social pretende, acima de tudo, a valorização pessoal, partilha de conhecimentos e experiências pessoais, proporcionando ainda durante o dia a resolução de necessidades básicas pessoais, terapêuticas e socioculturais às pessoas afetadas por diferentes graus de dependência, contribuindo para a manutenção da pessoa no seu meio familiar.

O centro de Dia, na perspetiva de Roberto Oleirinha, valorizou o papel do idoso na comunidade, tendo contribuído para a melhoria das suas condições de vida, ao desenvolver atividades que conduzam à aplicação e manutenção das suas capacidades, participação e autonomia.

Por outro lado, também tendo em vista o bem-estar dos mais velhos, a Associação criou o Serviço de Apoio Domiciliário (S.A.D.) para a prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicílio, a indivíduos e famílias quando, por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não possam assegurar temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e/ou as atividades da vida diária.

O Apoio Domiciliário, que nestes tempos de pandemia foi intensificado, apoiando 36 utentes, não é comparticipado pela Segurança Social.

Roberto Oleirinha, que prevê, para breve, o «regresso» dos apoios da Segurança Social salienta que, atualmente, a Associação «dá apoio alimentar a todos os utentes, cobrando uma quantia simbólica por esse serviço.

Do ponto de vista de Roberto Oleirinha, o SAD contribuiu e contribui para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e promove a sua inserção social e comunitária, bem como o desenvolvimento de processos de valorização pessoal, colaborando com as famílias, reforçando as suas capacidades e competência, concedendo-lhes o apoio necessário e o acesso a ajudas técnicas adequadas.

Tempos livres para crianças

Mas, não são apenas os mais velhos que são «alvo das atenções» da Associação. Em Abril de 1983, inaugurou do Centro de Tempos Livres para crianças, denominado Centro de Atividades de Tempos Livres, os «Putos».

A funcionar todo o ano, com exceção do mês de Agosto, o Centro, neste momento encerrado devido à pandemia, tem capacidade para 60 crianças em idade escolar obrigatória e pretende, essencialmente, ajudar «a criança a construir a sua própria identidade, criando-lhe o gosto pela participação e intervenção na descoberta e conhecimento do meio físico e social de que faz parte e, ao mesmo tempo, destruindo a barreira entre trabalho e brincadeira, porque “A Brincar também se trabalha, o trabalho também é um jogo”.

Este espaço para as crianças fornece à criança de hoje instrumentos válidos para desempenhar amanhã um papel adulto nesta nossa sociedade, neste nosso mundo, proporcionando a oportunidade de realização pessoal através de atividades livres do seu agrado. Paralelamente, fomenta o espírito de iniciativa, a capacidade criativa, crítica, o sentido da responsabilidade e do trabalho de grupo, e constitui um estímulo para a interligação entre famílias, escola e comunidade, num a ótica de prevenção da marginalidade e da delinquência juvenil, oferecendo objetivos imediatos e concretos.

Atividades desportivas

Contudo, é importante não esquecer que, há longa data, esta Associação deu prioridade às camadas mais jovens na prática do desporto.

Beneficiando durante alguns anos do apoio técnico local da Autarquia, a Associação passou, a partir de 1983, a assegurar com autonomia a gestão e conservação dos fogos, dos espaços exteriores, bem como da organização de atividades Desportivas e Culturais.

O equipamento social integrado no Bairro 25 de Abril, aberto a toda a população de Linda-a-Velha, já tem pergaminhos conquistados, participando em campeonatos distritais de Futsal, tendo sido finalista da Taça de Portugal de Futebol de Salão 91 e finalista da Supertaça Futsal em 91/92

No ténis de Mesa também alcançou vários troféus, sendo responsável pela organização do Torneio de Ténis de Mesa integrado nas Festas de Linda-a-Velha.

Roberto Oleirinha anuncia, por outro lado, que está a ser desenvolvido um projeto de reabilitação do polidesportivo, designadamente construção de balneários e melhoria da iluminação. No fundo, como adianta, «o pavilhão vai sofrer uma reabilitação total que vai permitir, além de poder ser usufruído por toda a população, a realização de várias atividades desportivas».

Neste momento, garante, a grande preocupação da Associação de Moradores está centrada na forma como vão arranjar apoios «para revitalizar todos os equipamentos que dispõem», nomeadamente o bar.

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