O prolongamento de dois quilómetros entre o Rato e o Cais do Sodré deverá estar concluído em 2024 e vai custar 210,2 milhões de euros. Quando as obras estiverem concluídas passa a existir uma linha circular que liga a linha amarela à linha verde, prevendo-se o alargamento da linha vermelha para 2026.
As obras na linha circular no Metro de Lisboa vão arrancar. O projeto prevê ligar o Rato ao Cais do Sodré, com novas estações em Santos e na Estrela, e assim criar uma nova linha verde interligada, num investimento de 210,2 milhões de euros. Os trabalhos deverão terminar entre o final de 2023 e início de 2024, e a nova linha está prevista abrir ao público em 2024.
Ontem, quarta feira, foi assinado o auto de consignação do Lote 1 do Plano de Expansão. Ou seja, 2021 é o ano que fica marcado com o arranque das obras da linha circular. Isto depois de ter sido oficialmente adjudicada a primeira empreitada da construção da linha, concretamente uma parte da expansão da rede desde o Rato até Santos. A empresa contratada foi a Zagope-Construção e Engenharia, pelo preço contratual de 48,6 milhões de euros mais IVA.
A nova estação da Estrela «localizar-se-á ao cimo da Calçada da Estrela, em frente à Basílica da Estrela, com acesso na extremidade Sul do Jardim da Estrela, no antigo Hospital Militar». Já a de Santos «ficará localizada a Poente do quarteirão definido pela Av. D. Carlos I, Rua das Francesinhas, Rua dos Industriais e Travessa do Pasteleiro».
O primeiro-ministro, António Costa, que esteve na assinatura do auto de consignação, fez questão de frisar que «esta obra é muito mais do que dois quilómetros, duas novas estações, é um importante sinal de política económica».
Ao assinar o auto de consignação para avançar com as obras de expansão, o primeiro-ministro recordou que, ao longo dos últimos anos, Lisboa evoluiu, porém, o Metro «continuou parado», considerando «esta estagnação um erro».
Agora, António Costa diz que «o Metro não vai parar, pelo contrário, vai alargar», anunciando que a continuação da linha vai beneficiar os utilizadores de vários circuitos.
«Apesar de estarmos na maior crise sanitária, económica e social que vivemos nas últimas décadas, o metro não vai parar», disse António Costa. «Saímos do congelador em que nos encontrávamos para a actividade em que estamos, apesar de todos os constrangimentos que a epidemia de covid-19 nos tem imposto. Não nos basta governar para os dias de hoje ou para o dia de amanhã. É fundamental poder olhar para o futuro com a certeza de que, depois desta crise, virão outras crises, mas que de crise em crise vamos vencendo e, sobretudo, conseguimos concretizar objectivos», declarou o primeiro-ministro.
Já para Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, é uma «enorme satisfação estar a assinalar o avanço oficial da obra do Metro», sublinhando que este «é um momento importante para a cidade de Lisboa», que, desta forma, reafirma o «seu compromisso na promoção do transporte coletivo».
«Um bom sistema de metropolitano pesado no centro da cidade vai obviamente desbloquear a capacidade dos transportes», disse Fernando Medina, convicto de que esta obra se vai traduzir numa «grande melhoria de eficácia na mobilidade do centro».
O autarca fez questão de agradecer ao ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e também à equipa do Metro, que tem exibido uma «enorme vontade e competência».
Por seu turno, o ministro Matos Fernandes afirmou que a construção da linha circular «vai ser estruturante para a mobilidade em Lisboa», lembrando que, «mesmo a sentir dificuldades devido à pandemia, o Metro não deixou de servir quem o sempre procura.
Mais transportes, menos poluição
No antigo Hospital Militar da Estrela, onde ficará a entrada da futura estação, o presidente do Metropolitano de Lisboa, Vitor Santos, salientou: «Lisboa estará com melhores transportes e o ambiente estará menos poluído».
Pelas contas do metro, esta extensão de dois quilómetros permitirá captar nove milhões de novos passageiros e retirar cerca de 2,6 milhões de carros por ano das estradas da capital. Contrariando a argumentação daqueles que consideravam mais prioritária a expansão da rede a Alcântara, o Metro de Lisboa diz que o Cais do Sodré é o local da cidade onde mais pessoas chegam a partir dos subúrbios, seja da Linha de Cascais ou da Outra Banda. Em vez de fazerem pelo menos dois transbordos, os passageiros com destino ao Marquês de Pombal, Saldanha ou Entrecampos passam a ter uma ligação directa.
Linha Vermelha em Alcântara
Na cerimónia ficou-se também a saber alguns pormenores sobre a extensão da Linha Vermelha a partir de São Sebastião, que Vítor Santos espera ver em funcionamento lá para 2025 ou 2026. Haverá novas estações nas Amoreiras, Campo de Ourique, Infante Santo e Alcântara, esta junto à estação de comboios de Alcântara-Terra, em viaduto sobre a Av. de Ceuta. «Foi sempre inequívoco que a cidade devia dispor dos dois prolongamentos, o debate foi sobre qual se faria primeiro», disse Fernando Medina.
A criação da linha circular está orçada em 210,2 milhões de euros e terá um financiamento europeu de 83 milhões. Já a extensão da linha Vermelha deverá rondar os 304 milhões de euros, contando o Governo que uma parte provenha do Plano de Recuperação e Resiliência (a ‘bazuca’ europeia).
Vítor Santos espera, no entanto, que o processo burocrático que rodeou a linha circular não se repita. Esta quarta-feira, disse o presidente do metro, completaram-se 825 dias desde que a empresa lançou os primeiros procedimentos para a empreitada. «É muito tempo. É necessário e urgente rever os processos e a legislação sobre obras públicas», alertou.
Visto do Tribunal de Contas para as restantes empreitadas
O Tribunal de Contas já deu visto prévio favorável aos contratos para executar outras das empreitadas neste projeto, nomeadamente o prolongamento para Santos e para a Nascente do Campo Grande. A adjudicação da empreitada do Lote 2, para a construção entre a Estação de Santos e o Cais do Sodré, coube ao agrupamento constituído pelas sociedades Mota Engil/SPIE BatignollesInternational, com o valor de 73,5 milhões de euros.
Para o Lote 3, a construção dos novos viadutos sobre a Rua Cipriano Dourado e sobre a Av. Padre Cruz, na zona do Campo Grande, prevendo a ampliação da estação do Campo Grande para Nascente, coube ao consórcio da Teixeira Duarte/Somafel a adjudicação, por um valor de 19,5 milhões de euros.
Esta obra é necessária para permitir a circulação da nova linha, nomeadamente ao ligar a atual linha Verde do lado de Alvalade com a Amarela do lado da Cidade Universitária. Já a linha Amarela, na extensão Campo Grande – Odivelas, será ligada ao troço de Telheiras.
Estes contratos ainda vão passar por alguns processos, como autorizações para “trabalhos arqueológicos para a realização das sondagens de diagnóstico para o troço previsto no Lote 2”, sendo que se deverão realizar sondagens arqueológicas na zona no primeiro semestre deste ano.
Para o Lote 3 «o contrato terá desenvolvimento com a implementação do plano de sondagens complementares de suporte ao projeto de execução, no âmbito da fase inicial de conceção dos trabalhos contratados», indicava o Metro em fevereiro.
Para o segundo semestre de 2022, está prevista a entrega da primeira unidade tripla. Isto já que o projeto de modernização da rede do Metropolitano «revê um investimento de 114,5 milhões de euros num novo sistema de sinalização ferroviária CBTC (Communications-Based Train Control) nas linhas Azul, Verde e Amarela, que inclui a aquisição de 14 novas unidades triplas», segundo adianta a empresa.
Já no quarto trimestre de 2023 o Metro planeia ser entregue a última unidade tripla (que depende do visto prévio do Tribunal de Contas, após o qual é feita a adjudicação).
Abertura ao público
Finalmente, depois de todos estes passos, o Metro espera abrir ao público a nova linha circular no último trimestre de 2024. De recordar que, quando foi inicialmente apresentado, em 2017, o plano previa concluir os trabalhos até ao final de 2021.
Após as obras, o Metropolitano terá 58 estações, 46,5 quilómetros de rede, as quatro linhas que tem já mas com uma configuração diferente, e 375 carruagens.
O investimento total previsto para esta fase de expansão do Metropolitano de Lisboa é de 210,2 milhões de euros, montante que será cofinanciado em 127,2 milhões pelo Fundo Ambiental e em 83 milhões pelo Fundo de Coesão, através do POSEUR – Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos.