A reivindicação de Loures de ter uma linha de metro ligeiro começou hoje a concretizar-se, com a assinatura de um protocolo entre o Governo e os municípios de Loures e Odivelas para ligar os concelhos via metro ligeiro de superfície, até 2025 e com um traçado de 12 quilómetros entre os dois concelhos
Os 12 quilómetros de linha previstos para o Metro de Superfície em Loures vão começar a ser construídos em 2023. Hoje, foi dado o primeiro passo com a assinatura do protocolo entre aa Câmaras Municipais de Loures e Odivelas, lideradas respetivamente por Bernardino Soares e Hugo Martins, a empresa Metropolitano de Lisboa e o Governo, que esteve representado pelo Primeiro Ministro, António Costa, e o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.
Este projeto vai ter um investimento na ordem dos 250 milhões de euros totalmente previstos no Plano de Recuperação e Resiliência que o Executivo viu aprovado recentemente pela Comissão Europeia. As obras deverão estar terminadas até ao final de 2025.
A cerimónia surge depois de uma reunião da Área Metropolitana de Lisboa em que esta rede de Transporte Coletivo em Sítio Próprio (TCSP) que ligará os municípios de Loures e Odivelas foi considerada uma prioridade para a boa mobilidade na AML.
A linha terá uma configuração em “C”, uma extensão de 12 quilómetros e dois “braços”: um com a estação terminal no Hospital Beatriz Ângelo e o outro no Infantado, servindo diretamente as freguesias de Loures, Santo António dos Cavaleiros e Frielas.
Além da pretensão desta linha de metro de superfície a autarquia de Loures tem defendido ainda a criação de uma outra linha de metro ligeiro entre a Estação de Santa Apolónia em Lisboa e Loures, com passagem por Moscavide, Portela e Sacavém.
Para o primeiro-ministro, António Costa, a ligação por metro de superfície dos concelhos de Loures e de Odivelas será «o concretizar de um sonho antigo, que só será possível devido ao Plano de Recuperação e Resiliência».
«Não escondo a emoção de ver finalmente encarrilado o metro ligeiro até Loures. É um dia histórico, um sonho antigo que vai passar ao papel e do papel ao território», afirmou António Costa.
Neste primeiro ato público após cumprir cinco dias de isolamento profilático, devido a contacto de risco, António Costa sublinhou a necessidade de esta obra ser encarada com «muita responsabilidade», uma vez que será financiada ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), advertindo, contudo, que «este Programa de Recuperação e Resiliência nos impõe a todos uma enorme responsabilidade. Temos três anos para assumir compromissos e mais três para executar totalmente. Aqui não pode haver mais atrasos, não pode haver mais demoras e aqui não pode haver novos passos atrás».
A obra, que deverá arrancar em 2023, prevê cerca de 12 quilómetros de traçado e duas ligações, sendo uma Odivelas – Ramada – Santo António dos Cavaleiros – Hospital Beatriz Ângelo e outra Odivelas – Póvoa de Santo Adrião – Santo António dos Cavaleiros – Loures – Infantado.
Solução mais económica
Por seu turno, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, destacou a importância do projeto e do envolvimento das autarquias de Loures e de Odivelas, em conjunto com o Metropolitano de Lisboa, neste processo.
«Quando se trata de uma linha de metro de superfície, que vai passar pelas ruas que já existem, ao lado das vias que já existem, passar junto a territórios que já estão construídos é essencial fazer este trabalho em conjunto com as autarquias. O projeto tem de ser feito a três mãos», apontou.
João Matos Fernandes ressalvou ainda que a opção pelo metro de superfície é a solução «mais económica e de execução mais simples, embora a sua capacidade de transporte seja de menos um terço do que a do metro convencional».
«Se nós fizemos o metro convencional com estes 250 milhões de euros aquilo que faríamos eram dois quilómetros do metropolitano e três estações. Com estes mesmos 250 milhões faremos 12 quilómetros de rede, 18 estações, sete delas em Odivelas, 11 em Loures e servindo 175 mil pessoas», sintetizou, adiantando ainda que dos 250 milhões previstos para a concretização deste projeto, 30 milhões serão destinados à aquisição de 20 novas composições.
Já do ponto de vista de Bernardino Soares, presidente da Câmara de Loures, trata-se «de uma enorme conquista para o município, uma vez que é o único na fronteira com Lisboa a não ter um meio de transporte pesado eficaz».
«Essa era uma necessidade evidente, mesmo do ponto de vista da estruturação da rede de transportes da área metropolitana, e ainda bem que isto vai permitir que seja possível concretizar esta obra. Parece-nos que desta vez já não vai andar para trás», sublinhou o autarca.
Em paralelo, o município está envolvido num projeto para a criação de uma linha, também em metro ligeiro de superfície, que ligue Lisboa (Santa Apolónia) à zona oriental do concelho de Loures (Moscavide, Portela e Sacavém). «A nossa expectativa é que este investimento seja feito com verbas do próximo quadro comunitário de apoio e que não tenha um calendário muito diferente desta ligação de Odivelas a Loures», referiu.
Por seu turno, o presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Hugo Martins, sublinhou que a ligação do metro ligeiro a Loures «vai trazer mais-valias ambientais e de mobilidade para o concelho, diminuído o congestionamento de trânsito, aumentando o estacionamento e “diminuindo a pressão” sobre o município».
Uma história que já «têm barbas»
Com a cerimónia de hoje foi dado mais um passo de um processo longo que teve um grande arranque em 2017 quando a Câmara de Loures lançou, em junho, uma petição pelo desenvolvimento da extensão do metropolitana do concelho. Um mês depois já tinha recolhido 31 314 assinaturas que foram entregues na Assembleia da República.
No ano seguinte – em março e setembro – o presidente da autarquia foi ouvido na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas e na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
A petição sobre a extensão do metro a Loures foi a votação em julho de 2019 tendo sido aprovada uma recomendação ao Governo que considerava esta obra como “prioritária”.
Depois desta votação registaram-se mais dois momentos: Bernardino Soares entregou, em fevereiro do ano passado, ao primeiro-ministro António Costa um documento a reivindicar a extensão do metro e em outubro foi aprovado um protocolo durante uma reunião da Câmara de Loures um protocolo com a congénere de Odivelas para a criação da linha.
Além da pretensão desta linha de metro de superfície a autarquia de Loures tem defendido ainda a criação de uma outra linha de metro ligeiro entre a Estação de Santa Apolónia em Lisboa e Loures, com passagem por Moscavide, Portela e Sacavém. Mapa de estações - Metro de Loures
ja vi esse filme a anos