MATRACA AO SERVIÇO DA CULTURA E DO TEATRO

Umbilicalmente ligada a Caxias, em Oeiras, a Associação Cultural e Artística a Matraca, fundada em 2014, tem como principal objetivo democratizar o acesso ao Teatro e à Cultura, principalmente junto dos mais novos, por considerar que «a cultura é fundamental para o desenvolvimento saudável dos jovens».

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«Nos dias de hoje, a arte e a cultura são aspetos fundamentais que entram, cada vez mais, no debate sobre a integração social, a multiculturalidade e a importância de currículos escolares interculturais e com componentes artísticas», salienta Selma Tomásio Fernandes, presidente da Associação Cultural e Artística a Matraca que, neste momento, está sediada em Caxias, junto à praia e estação da CP, nas recéns requalificadas instalações de apoio à praia de Caxias.

Esta dirigente associativa, que considera relevante perceber de que forma a cidadania é construída e como a arte a influencia, afirma que o projeto do grupo a Matraca pressupõe o acompanhamento e formação artística de jovens, designadamente filhos de imigrantes e de famílias disfuncionais, que se encontram em risco de exclusão social, procurando contribuir para uma melhor integração social dos seus participantes.

Criada há 7 anos, na Pedreira Italiana, para colmatar «uma lacuna cultural que se sentia em Caxias», a Matraca tem como principal «foco a formação em teatro», com o intuito de «democratizar a cultura, tornando-a acessível a todos». E, como diria Confúcio (filosofo e pensador chinês, que fundamentou o direito essencial do acesso à cultura), Selma Tomásio defende que «a cultura está acima das diferenças sociais».

A adesão dos «futuros atores» tem sido expressiva. «As pessoas estão ávidas por “saírem da caixa” e encontrarem uma atividade que as complete, principalmente nestes tempos de pandemia», adianta Selma Tomásio, reconhecendo que «muita gente, encara o teatro como uma forma de conviver e de conhecer novos amigos».

Na prática, esta posição de Selma Tomásio vai ao encontro da máxima que defende que a Cultura é entretenimento, e também é reflexão, estando presente em todas as nações, seja através das rimas do rap, no drama teatral, no movimento da dança, na vida da tela do cinema, nos contos fantasiosos de livros e em diversas manifestações humanas.

Por isso, é que a Matraca é também um espaço aberto, nas suas instalações em Caxias, à música, dança, teatro e exposições, que demonstram como a cultura pode ser um vetor de transformação, de respeito às diferenças e «palco» para importantes reflexões sobre o papel da cultura e a integração social.

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Apoios autárquicos

Contando com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras, que suporta os custos inerentes à formação teatral, e da União de Freguesias de Oeiras, Paço de Arcos e Caxias, que cedeu as instalações que lhes permite realizar receitas provenientes da exploração do bar, a Matraca tem, neste momento, três classes de teatro, com idades compreendidas entre os 8 e os 70 anos: a Infantil; Juvenil e a de Adultos, onde estão incluídos os seniores.

Na perspetiva de Selma Tomásio, as classes de teatro são um espaço de aprendizagem e experiência na área do teatro, facultando uma formação mais completa dos seus participantes, já que promove o contacto com novos mundos e novas formas de pensar, exercita o pensamento crítico sobre a realidade e tem também o objetivo de fomentar o interesse pela arte.

As aulas são ministradas pela encenadora Paulo Moreira, que dá formação aos infantis e juvenis, trabalhando à base de textos escritos pelos próprios alunos, e pelo encenador Tiago Vieira, que baseia todo o seu trabalho com os mais velhos com textos que retratam o quotidiano «da vida das pessoas».

Aproximar as pessoas

No fundo, como refere, o teatro «aproxima as pessoas e reforça a relação, muito próxima, existente entre a associação e as escolas e a população de Caxias. Acho que ganhámos cada vez mais laços com a comunidade, o que ajuda na partilha de experiências e conhecimentos. Daqui para a frente, quem sabe se podem nascer mais projetos», adiantou, deixando no ar a possibilidade de realização de fóruns culturais, com outras associações locais.

Apesar da manifesta falta de espaço para desenvolverem plenamente a sua atividade, sendo obrigadas a ensaiar na Pedreira Italiana, a associação «é uma família que “se aproximou” por causa do teatro», sendo gerida por 9 mulheres, que contam com o apoio dos pais e dos alunos, e que tem desenvolvido, ao longo dos tempos, um conjunto vasto de atividades, que culminava com a apresentação das suas classes de teatro na Mostra de Teatro Amador de Oeiras.

Além de realizarem, à 5ª feira, às 18 horas, um espetáculo de música ao vivo com os alunos da Escola de Jazz Luís Villas Boas e, à 6ª feira, contarem com um D.J., de Caxias, que «dá música à malta», esta associação cultural e artística efetua workshops (em 2019 levou a efeito uma sessão sobre costura e outra de narrativa de estórias) e dá aulas de dança, como forma de fomentar a participação da comunidade em atividades culturais.

Mas, para efetivarem todas as ações que tencionam levar a cabo, a Associação a Matraca sonha com uma nova sede, onde possam ensaiar, guardar os adereços teatrais e parte do acervo cultural que foram juntando desde 2014, ano da sua fundação.

No entanto, enquanto o sonho não se concretiza, vão aproveitando a requalificação da estrutura de apoio à Praia que incluiu a zona de esplanada sob gestão da Associação e os balneários que dão suporte ao Centro de Treino de Águas Abertas, sob a égide da Federação de Triatlo de Portugal e Federação Portuguesa de Natação, com forte ligação aos clubes do concelho que desenvolvem esta modalidade, nomeadamente o Sport Algés e Dafundo e o Clube Olímpico de Oeiras.

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