Várias figuras marcaram presença na tomada de posse de Carlos Moedas como presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Cavaco Silva, Passos Coelho ou Marques Mendes e o socialista João Soares foram alguns dos presentes, mas também Margaritis Schinas, vice-presidente da Comissão Europeia.
O social-democrata Carlos Moedas tomou posse como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, numa cerimónia na Praça do Município, deixando um aviso à oposição: «os lisboetas votaram maioritariamente na coligação Novos Tempos, o que lhe dá legitimidade própria para governar».
Na cerimónia de posse do presidente e dos vereadores, bem como dos eleitos para a Assembleia Municipal e dos presidentes de Juntas de Freguesia (deputados municipais por inerência), que decorreu na Praça do Município, o nono presidente da Câmara de Lisboa eleito após o 25 de Abril, Carlos Moedas, fez questão de nomear todos os seus antecessores, designadamente Aquilino Ribeiro Machado, Nuno Krus Abecasis, Jorge Sampaio, João Soares, Pedro Santana Lopes, Carmona Rodrigues, António Costa e Fernando Medina (a quem derrotou nas eleições autárquicas de 26 de setembro), defendeu o envolvimento das pessoas no processo de decisão da cidade e realçou como primeira obrigação ajudar os lisboetas a recuperarem da crise pandémica da covid-19.
«A comunidade tem de estar no centro de tudo. As soluções que realmente geram prosperidade têm que vir de baixo para cima e não de cima para baixo. Têm que partir das pessoas, têm que ser sentidas pelas pessoas, têm que servir as pessoas», afirmou Carlos Moedas, no seu discurso de tomada de posse como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, reiterando a proposta de criar uma Assembleia de Cidadãos.
Na perspetiva do autarca, a tomada de posse é um «um ritual de passagem de testemunho, de transição pacífica de poder, de alternância democrática», numa cerimónia em que estiveram presentes várias personalidades como o ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, os antigos primeiros-ministros Francisco Pinto Balsemão, Pedro Passos Coelho e Pedro Santana Lopes (atual presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz), o presidente do PSD, Rui Rio, e o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos. O presidente cessante da autarquia, Fernando Medina, também esteve presente, assim como os ex-líderes do PSD Luís Marques Mendes e Manuela Ferreira Leite, os presidentes das Câmaras Municipais de Cascais, Carlos Carreiras, e do Porto, Rui Moreira, do vice presidente da Câmara de Oeiras, Francisco Rocha Gonçalves, do presidente do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, o candidato à liderança do PSD, Paulo Rangel, e os antigos candidatos à liderança do PSD, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa manifestou a sua «emoção» nesta cerimónia, em que contou com a presença da família, de amigos e de pessoas que partilham a «paixão por Lisboa», salientando que «a modernidade faz por vezes o erro de desmerecer os rituais. De os tratar como algo do passado, anacrónico e bafiento, uma ideia que deve ser contrariada».
«Quando cheguei a Bruxelas pedi para colocarem no corredor de acesso ao meu gabinete a fotografia de todos os anteriores Comissários da Ciência e Inovação. Todos os dias, para entrar no gabinete tinha que passar por uma fila de caras que me fixavam o olhar. Era o meu pequeno ritual matinal, útil para me relembrar que o cargo está acima da pessoa», relembrou, antes de se afirmar «profundamente convicto que a comunidade tem que estar no centro de tudo e que as soluções que realmente geram prosperidade têm que vir de baixo para cima e não de cima para baixo».
Sobre as decisões políticas para o quadriénio 2021/2025, Carlos Moedas disse que a primeira obrigação é a de ajudar os lisboetas, os comerciantes locais e as empresas a recuperarem o «mais rapidamente possível da crise provocada pela pandemia de covid-19».
«É aqui que entra o novo programa Recuperar+ e outras iniciativas de resposta imediata e sem burocracia, mas também as nossas propostas de redução de impostos, que darão maior liquidez às famílias», apontou o social-democrata, destacando ainda a redução de impostos municipais, para que Lisboa seja uma «cidade fiscalmente amigável».
Diminuir carga fiscal
No discurso inaugural como presidente da maior autarquia do país, Carlos Moedas passou em revista boa parte das suas bandeiras eleitorais, prometendo uma redução de impostos municipais «progressiva e regular, até tornar Lisboa numa cidade fiscalmente amigável».
«Uma Câmara Municipal que queira fortalecer a comunidade – que confie na comunidade – deve antes de mais libertar recursos para que seja cada Lisboeta a decidir o que quer fazer com esses recursos», defendeu o autarca.
Mas, a par de uma descida dos impostos, Carlos Moedas salientou que é preciso promover o crescimento, assegurando que «nenhuma família fica para trás e que a comunidade cuida dos mais frágeis», prometendo um plano de acesso à saúde para os «lisboetas com mais de 65 anos, que são carenciados e que hoje, em muitos casos, não têm médico de família».
Num discurso em que elencou as várias prioridades para o seu mandato, o já presidente da Câmara de Lisboa passou também pela habitação e urbanismo, uma área em que é «preciso fazer mais e melhor». A começar por uma auditoria: «Houve nos últimos anos demasiada incerteza nestas áreas. O meu dever é auditar para melhorar e é isso que farei».
Segundo o edil, «temos de acelerar a reconversão urgente do muito património municipal devoluto. Temos que reconverter para habitar. Temos que ajudar os jovens na compra da sua primeira casa».
Em relação à mobilidade foi perentório: «Temos que tornar o estacionamento mais acessível. Temos que redesenhar a rede de ciclovias. Queremos aumentar a circulação em bicicletas, mas de uma forma que seja segura e equilibrada».
Já em termos da sustentabilidade, o autarca defendeu que uma «cidade verde e sustentável se faz com as pessoas e não impondo a transição», anunciando que vai, ele próprio, ficar com o pelouro da transição energética e alterações climáticas.
Carlos Moedas assinalou, por outro lado, a transição da pasta da presidência do município pelo executivo cessante, em particular por Fernando Medina, a quem aproveitou para agradecer pessoal e publicamente, por «esta passagem tão digna, tão democrática».
«Estou também confiante na cooperação entre o município e o Governo», apontou, considerando que é possível, no respeito das competências e diferenças próprias, colaborar em prol de Lisboa e de Portugal.
No fim do discurso, o social-democrata agradeceu aos funcionários da Câmara Municipal de Lisboa e concluiu: «Larguei tudo como candidato. Darei tudo como presidente».
Os novos vereadores
Com a tomada de posse do novo executivo a vereação é agora composta por Carlos Moedas, presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia, que assumirá a vice-presidência, Joana Castro e Almeida (que assumirá o pelouro do urbanismo), Filipa Roseta (que é também deputada do PSD e deverá ficar com a pasta da Habitação), Diogo Moura (deputado municipal do CDS no último mandato), Ângelo Pereira (presidente da distrital de Lisboa do PSD) e Laurinda Alves (independente indicada pelo CDS).
Pelo PS, e após a renúncia de Fernando Medina, da arquiteta Inês Lobo e de Inês Ucha (presidente da Lisboa Ocidental SRU, a empresa municipal de reabilitação urbana), tomaram hoje posse João Paulo Saraiva (vice-presidente da autarquia no anterior mandato), Rui Tavares (do Livre, que assinou um acordo de coligação pré-eleitoral com o PS), Paula Marques (anterior vereadora da habitação), Miguel Gaspar (vereador da Mobilidade no último mandato). Com a renúncia de Medina entrou no executivo municipal Inês Drummond (antiga presidente da junta de freguesia de Benfica). As duas outras saídas abriram lugar a Pedro Anastácio (líder da Juventude Socialista de Lisboa) e Cátia Rosas (engenheira do Ambiente e que era vogal da junta de freguesia dos Olivais) – o 11º e 12º nomes apresentados por Medina.
A CDU elegeu João Ferreira e Ana Jara e o Bloco de Esquerda elegeu Beatriz Gomes Dias
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