Amanhã, 2ª feira, a partir das 8 horas, a Associação Casa Jasmim (entidade de solidariedade social) vai ser despejada das instalações que usufrui no Clube Atlético e Recreativo do Caramão da Ajuda por decisão da atual direção do centenário Clube da Ajuda. A Junta de Freguesia da Ajuda vai promover, também, amanhã à tarde, um encontro com um responsável da Câmara de Lisboa, para tentar encontrar uma solução.
Na freguesia da Ajuda, apesar da mediação da Junta de Freguesia e da própria PSP, as posições extremaram-se entre o Clube Atlético e Recreativo do Caramão da Ajuda e a Associação Casa Jasmim (instituição independente sem fins lucrativos, centrada nas atividades sociais, no respeito, apoio, igualdade e diversidade). O radicalizar de posições levou à mudança da fechadura das instalações ocupadas pela Casa Jasmim que, amanhã, 20 de dezembro, vai retirar todo o equipamento e materiais para um armazém cedido pela Junta de Freguesia da Ajuda.
A Junta de Freguesia da Ajuda, tendo em vista a resolução deste problema, vai promover, também, amanhã uma reunião entre as partes litigantes e a Câmara Municipal de Lisboa, entidade proprietária do espaço.
Mas, um facto é que apesar dos esforços da Junta de Freguesia e da PSP (esquadra de Belém), a Casa Jasmim vai mesmo ser «despejada». Alguns associados do Clube e da Casa Jasmim acusam o Atlético da Ajuda de ter fomentado «atitudes intimatórias, que passaram pelo corte de eletricidade, água e gás na passada quarta-feira» e, inclusivamente, pela ameaça física».
Segundo Rui Firmino, associado das duas instituições, mas defensor da Casa Jasmim e adepto do diálogo entre as entidades, a associação tem «tido um papel importante na integração social, apoiando os idosos mais carenciados do bairro e fomentando o convívio inter-geracional. Ou seja, é uma entidade importante para comunidade do bairro, que está envelhecida e a precisar de apoios».
Por isso, na perspetiva de Rui Firmino, as duas entidades, em vez de estarem a digladiar-se, deveriam «dar as mãos para encontrarem uma solução que permitisse a continuação do papel social da Casa Jasmim».
Entretanto, em comunicado emitido no passado dia 13 de dezembro, o Clube Atlético e Recreativo lamenta que «devido à ausência de entendimento com a Casas Jasmim, devido aos constantes atrasos nos pagamentos das faturas da EDP, EPAL e Gás, a direção do Clube tenha decidido cancelar todas as contratos e serviços prestados no espaço Multiusos (pertença da Gebalis), na Praça do Caramão».
No comunicado, o Clube salienta que «tudo foi feito para evitar esta situação» e também em resposta às criticas de alguns associados, o Atlético reafirma a necessidade de «sermos unidos na construção do bem-estar de todos: crianças, jovens, adultos e idosos», porque «todos fazem parte da família do Clube».
Situação que é desmentida por Rui Firmino que afirma: «temos doado mensalmente 20 euros ao clube e, mensalmente, temos cumprido as nossas obrigações com a EDP, EPAL e gás».
Rui Firmino recorda que «no inicio de 2021, estando o clube ao abandono e sem direção há cerca de 20 anos, a junta de freguesia da Ajuda, convidou a Associação Casa Jasmim para realizar a sua atividade social no pavilhão Multiusos (espaço da Gebalis), tendo as chaves das instalações sido dadas pelo único membro responsável do clube que ainda ia mantendo, de quando em vez, as instalações abertas (café/sede)».
Segundo este associado do Clube e da Casa Jasmim, quando as chaves foram dadas, por intermédio da Junta de Freguesia da Ajuda, ficou acordado que haveria lugar a um pagamento de renda mensal para usar esse espaço, sob a forma de donativo, referindo ainda que durante alguns meses a colaboração entre as duas entidades foi profícua.
Lembrando que quando a Casa Jasmim tomou posse do espaço foi obrigada a fazer limpezas, remodelações e aquisições de material para equipar a cozinha, todo o espaço interior e exterior, Rui Firmino conta: «Houve um conjunto de pessoas (sócios e não sócios) que quiseram formar uma lista para direção. Contudo, com o decorrer do tempo e com as ações que foram feitas, que prejudicaram gravemente o funcionamento normal da Casa Jasmim, sócios antigos, frequentadores desse espaço, decidiram formar uma lista para fazer frente a esta situação. Lista que não foi aceite, tendo sido invocadas irregularidade na sua constituição».
Os contestatários da «expulsão» da Casa Jasmim salientam que os principais prejudicados com esta decisão são os «seniores, pessoas carenciadas e que viviam em solidão, que encontraram naquele espaço uma alegria de viver que há muito não sentiam. Não podemos ficar alheios nem baixar os braços contra tamanha desumanidade e bullying que estas pessoas estão a ser sujeitas».
Segundo explica, são entre 50 a 60 beneficiários que ficaram sem prestação de qualquer serviço, impossibilitando também o seu convívio diário, salientando que as ações levadas a cabo pela associação, são: refeições a preços sociais ou gratuitos (dependendo dos casos); apoio ao domicilio; coordenação com a policia de proximidade, com casos referenciados de violência doméstica e isolamento; ginástica para seniores; dança, musica, tertúlias de leitura e caminhadas.
Foto: JFAjuda |Aula de ginástica do programa “Lisboa +55” na Casa Jasmim.
Foram “expulsos” ou convidados a sair dum espaço que não lhes pertencia e ocupavam ilegalmente? Curiosamente já foram expulsos doutro Clube Desportivo da Zona da Ajuda e agora instalaram-se em instalações pertencentes à Paróquia da Nossa Senhora da Ajuda, tendo obtido uma chave, sabe Deus como. Vamos ver quanto tempo até serem “expulsos” dali.
Uma Associação de Solidariedade idónea não tem necessidade de andar a ocupar ilegalmente locais que não lhe pertencem.
Gostaria de saber que solidariedade fazem? Apoio domiciliário a idosos carenciados? Refeições grátis?