JUNTAS CONTRA SUSPENSÃO DE CARREIRAS DE BAIRRO DA CARRIS

Apesar de compreenderem os motivos evocados pela Carris, aumento do número de casos Covid entre os seus trabalhadores, algumas juntas de Freguesia de Lisboa estão «agastadas» com a decisão unilateral da transportadora rodoviária de suspender as carreiras de bairro e de retomar o horário das férias escolares, lembrando que o ensino presencial já começou.

A Carris vai operar, até 14 de janeiro, em horário de férias escolares e suspender algumas carreiras de Bairro e o reforço do elétrico 28 devido ao previsto aumento de infeções por covid-19 entre os seus trabalhadores. Mas, algumas Juntas de Freguesia de Lisboa, apesar de compreenderem os motivos evocados, salientam que só tomaram conhecimento desta decisão unilateral da Carris e da Câmara Municipal de Lisboa pela Comunicação Social.

Segundo as juntas, que em nenhum momento foram informadas, esta decisão só «pode ser vista como um ataque à mobilidade de centenas de pessoas que assim se veem privadas do único transporte público existente na zona onde residem», lembrando que «as carreiras de Bairro são linhas que reforçam a mobilidade local, criando complementaridade à rede já operada pela Carris», gerando «maior proximidade às infraestruturas mais importantes dos bairros como as escolas, centros de saúde, mercados e outros meios de transporte público».

Para a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, a autarquia lisboeta e a sua empresa municipal de transportes rodoviários, a Carris, deveriam «em primeiro lugar ter falado com as Juntas para vermos se seria possível encontrar alguma solução que atenuasse o incómodo que esta paragem vai provocar às pessoas, sobretudo às crianças e pessoas com mais idade».

Para esta junta, estes «são novos tempos» pouco auspiciosos para o poder autárquico, «pelo menos no que respeita às relações entre as juntas de freguesia e a Câmara».

Na perspetiva da junta de freguesia, dirigida por Miguel Coelho, esta «é a terceira vez que tenho conhecimento pela imprensa/redes sociais de decisões da Câmara Municipal que implicam transtorno para os residentes da Freguesia. Desta vez foi com a interrupção da “carreira do Bairro”. Até admito que circunstâncias excecionais a isso tenha obrigado, mas tudo aconselhava que tivessem em primeiro lugar falado com a Junta».

Alcântara e Campolide com autocarros próprios

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Da mesma situação se queixa Miguel Belo Marques, da Junta de Freguesia de Campolide, para quem é lamentável que «esta Junta de Freguesia tenha sido confrontada com notícias pela comunicação social que referia que na semana, entre 10 e 14 de janeiro, a Carris iria diminuir a operação e suspender algumas carreiras, entre as quais a nossa carreira de bairro, facto que foi possível confirmar através de uma nota colocada pela própria Carris, na passada sexta feira, no site dessa empresa municipal».

Do ponto de vista de Miguel Belo Marques, «numa semana em que reiniciam as aulas, a Empresa Municipal Carris entende ser boa prática suspender uma carreira que é fundamental para tanta gente e que é a única que cobre uma parte significativa da Freguesia, como por exemplo a Bela-Flor».

Confrontada com este facto consumado, que «demonstra cabalmente a falta de consideração que a Carris e a Câmara Municipal têm pela Freguesia de Campolide”, a Junta de Freguesia garante que, «entre 11 e 14 de janeiro, a custos próprios, vai realizar o circuito da carreira de bairro com uma viatura de 9 lugares, a maior disponível, cumprindo os mesmos horários que a carreira cortada pela Carris».

O mesmo tenciona fazer a Junta de Freguesia de Alcântara que, «em virtude da suspensão do serviço da Carreira de Bairro 73B», decidiu retomar a carreira do Azulinho, que circula pela Rua da Quinta do Jacinto, Rua da Cruz a Alcântara, Travessa do Sebeiro, Rua do Alvito».

A Junta de Alcântara informa ainda que, sempre que o Azulinho se desloque ao Bairro do Cabrinha, fará o desvio de forma a minimizar a ausência da carreira de Bairro, lamentando eventuais perturbações que possam surgir, sobretudo no que diz respeito a alterações aos horários.

Em comunicado hoje divulgado, a empresa revela que, “face ao prolongamento parcial das medidas de contenção decretadas pelo Governo, nomeadamente o teletrabalho obrigatório, e ao previsto incremento de casos positivos, com reflexo entre os colaboradores da Carris, estima-se durante a próxima semana algum impacto na atividade e fluxos da região de Lisboa”.

A semana passada, em comunicado, a Carris informou que vai operar o serviço regular de transporte de passageiros em horário de férias escolares e suspender as carreiras de Bairro, à exceção das seguintes: 26B (Parque das Nações), 29B (Olivais), 34B (Beato), 37B (Penha de França), 40B (Santa Clara), 41B (Santa Clara) e 64B (Campo de Ourique), dado que estas «têm um maior nível de procura», segundo a empresa, anunciando ainda que irá também ficar suspenso o reforço da carreira do elétrico 28E com autocarros minis.

 

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