Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu a mobilização do Governo central, das autarquias e de outras entidades no acolhimento aos refugiados ucranianos em Portugal. Este elogio do PR foi efetuado durante a visita que efetuou hoje, ao principio da noite, ao centro de acolhimento de emergência dos refugiados ucranianos com capacidade para 100 camas, instalado no pavilhão da Policia Municipal de Lisboa.
O Presidente da República e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa visitaram hoje, ao principio da noite, o centro de acolhimento de emergência dos refugiados ucranianos com capacidade para 100 camas e operado pela Cruz Vermelha Portuguesa, instalado no pavilhão da Policia Municipal de Lisboa, em Campolide.
«Todo o país tem-se mobilizado para criar condições para o acolhimento de refugiados ucranianos», elogiou o Presidente da República, destacando que «Portugal, na hora da verdade, disse ‘presente!». «É bom ver aqui Lisboa a avançar com a Cruz vermelha e a dar aqui o exemplo», disse Marcelo.
Marcelo Rebelo de Sousa, que se mostrou satisfeito pelo acordo entre Ucrânia e Rússia para a abertura de corredores humanitários durante o conflito, elogiou a solidariedade do povo português em torno da causa ucraniana.
«Este é um exemplo da solidariedade do povo português em torno de uma causa. Já ouvi dizer que faz lembrar a causa de Timor-Leste. Os ucranianos são bem-vindos em Portugal e contam aqui uma sociedade que louva o seu contributo. Por todo o país haverá o que aqui arranca», frisou.
Já Carlos Moedas adiantou que esta iniciativa permite que Lisboa esteja preparada para acolher os refugiados «muito antes de outras cidades da Europa», esclarecendo que «a ideia é que os refugiados passem aqui uma ou duas noites enquanto esperam pela sua regularização e destino. Não se sabe quantas pessoas poderão vir aqui a ser acolhidas».
Do ponto de vista do Presidente da República, que anunciou que vai convocar o Conselho de Estado para analisar o conflito, esta «é uma fase fundamental de ajudar pessoas de carne e osso», de uma forma concreta, num esforço nacional que se estende do Governo a todo o país, referindo «um forte sentido de causa».
«São bem-vindos a Portugal», garantiu o Presidente, dirigindo-se à embaixadora da Ucrânia igualmente presente no local, revelando, por outro lado, que duas dezenas de pessoas se encontram já provisoriamente em hotéis acolhidas pela Câmara. Carlos Moedas confirmou esta informação avançada pelo Presidente da República, esclarecendo que, neste momento, estão 17 pessoas alojadas em hotéis da capital, existindo mais 50 pessoas que não podem regressar à Ucrânia e, por isso, tem de ficar em Portugal.
O presidente da Câmara de Lisboa explicou esta quinta-feira como vai funcionar o acolhimento de refugiados ucranianos. «Com a ajuda da embaixadora da Ucrânia, vamos ajudar ucranianos que não puderam voltar às suas casas e preparar-nos para os que vão chegar. Preparámos este centro de acolhimento em 24 horas, em coordenação com a ARS, porque estas pessoas precisam de cuidados de saúde. Temos de acolher as pessoas de forma organizada. São nossos irmãos ucranianos», afirmou Carlos Moedas.
«Está tudo preparado. As pessoas podem chegar. Estamos a ajudar 17 pessoas que estavam em Portugal e não puderam voltar. Hoje já temos mais de 800 contactos, um terço dos quais de pessoas que precisam de ajuda», acrescentou o edil lisboeta.
«Este é um centro de acolhimento temporário. Estamos a pensar como podemos integrar estas pessoas a longo prazo, junto inclusivamente dos agrupamentos escolares. Queremos que as crianças que cheguem possam ir à escola», salientou o autarca, não temendo surtos de covid-19 no centro de acolhimento.
Contudo, o presidente da Câmara frisou que «agora o importante é dar uma resposta imediata neste momento de guerra».
Carlos Moedas destacou ainda a disponibilidade dos munícipes que têm contactado a câmara para doarem bens e acolherem refugiados nas suas casas, bem como dos vereadores e dos presidentes das juntas de freguesia de Lisboa, que têm assumido projetos de apoio próprios ao longo dos últimos dias.
«Lisboa vai sempre ser uma cidade aberta e justa para ajudar todos aqueles que precisam. Ser lisboeta é isto: não hesitar em ajudar», disse, garantindo que a cidade está unida «na missão de ajudar a Ucrânia».
Considerando a ofensiva militar das tropas russas à Ucrânia «inqualificável e inaceitável», o presidente da Câmara deixou também uma palavra de apoio aos ucranianos: «Têm em Lisboa a vossa casa», afirmou.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.