RESIDENTES NO BAIRRO DO REGO CONTESTAM ENCERRAMENTO DO BALCÃO DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS

Nesta segunda-feira, dia 22 de agosto, vários moradores e utilizadores da Caixa Geral de Depósitos do Bairro do Rego realizaram uma manifestação contra o encerramento daquela agência. O presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, Daniel Gonçalves, já esteve reunido com a Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e adiantou, ao Olhares de Lisboa, que a agência do Rego irá mesmo encerrar portas. Com este fecho, os utilizadores terão que se deslocar até às agências da Avenida Columbano Pinheiro, em Sete Rios, ou da Avenida Conde Valbom, no Campo Pequeno. 

De acordo com o presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, Daniel Gonçalves, que esteve reunido com a administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o encerramento é inevitável, mas serão garantidas pelo menos duas caixas multibanco no Bairro de Santos ao Rego, para manter o serviço. “Estas duas caixas vão ficar nesta zona pelo menos até ao final do ano”, garantiu o autarca ao Olhares de Lisboa, acrescentando que em Dezembro haverá uma nova reunião com a administração da CGD para manter a presença destas duas caixas multibanco.

Outra das intenções de Daniel Gonçalves é ainda ter uma reunião com a Carris, para que a empresa assegure uma paragem do 731 junto à agência da CGD da Avenida Columbano Pinheiro, para “que os idosos não tenham de andar muito”. O presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas soube da notícia do fecho da agência do Rego “há cerca de 15 dias”, sendo que na mesma altura pediu “uma reunião com a Administração da CGD e outra com o presidente da Câmara de Lisboa”, garantiu.

No protesto desta segunda-feira esteve presente a Comissão de Utentes contra o Encerramento dos Balcões da CGD, Jorge Canadelo, da Comissão de Trabalhadores, e ainda o vereador do PCP na Câmara de Lisboa, João Ferreira. Esta manifestação vem ao encontro da pretensão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) encerrar, até ao dia 26 de agosto, 23 balcões, dos quais nove estão situados em Lisboa. Estas nove agências, para além da do Rego, são as da António Augusto Aguiar, do Areeiro, da Duque de Loulé, do Príncipe Real, de Santo Amaro, da Praça de Londres, da Francisco Manuel de Melo, e da Quinta dos Inglesinhos, e que se juntam às já 30 agências encerradas, desde 2017, em Lisboa.

Com estes encerramentos, e no caso do Rego, alertou ainda a Comissão de Utentes, os residentes, na sua grande maioria idosos, terão de se deslocar até à agência da Avenida Columbano Pinheiro, em Sete Rios, ou ao balcão da Avenida Conde Valbom, no Campo Pequeno. Segundo Mário Lopes, da Comissão de Utentes, ao Olhares de Lisboa, “este balcão, ao fechar, vai levar à desertificação do bairro que deixa de ter o serviço bancário essencial”.

O mesmo lembrou ainda que o Rego é um bairro que “está limitado geograficamente pela linha do comboio a Sul e a Norte pela saída do Eixo Norte-Sul, estando limitado pela Avenida dos Combatentes, ou seja, não tem saídas fáceis, apenas uma carreira de autocarro que circula no bairro”, o que, na sua perspetiva, irá condicionar os residentes no Rego, visto que a grande maioria é de idade e “não tem condições financeiras para apanhar um táxi até Sete Rios”, salientou ainda Mário Lopes, ressalvando que a agência de Sete Rios é a mais perto do Rego, e que fica a quatro quilómetros deste bairro.

Já Jorge Canadelo, da Comissão de Trabalhadores, apelou a que o Governo trave o fecho destas nove agências. “Os trabalhadores da Caixa sabem que esta agência e as outras 22 agências são todas rentáveis, se são rentáveis dão contributo para os lucros da Caixa e do Estado”, explicou, acrescentando que, desta forma, “não faz sentido encerrar estes balcões”. Na sua perspetiva, “a missão da Caixa enquanto banco público, com 100% de capitais públicos, também obriga que ela tenha em consideração não apenas a atividade bancária normal”, pelo que a administração da CGD deve, a seu ver, ter em conta a necessidade das populações, garantindo-lhes “serviço público de qualidade”.

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No entanto, Jorge Canadelo também considera que a decisão de encerrar estas nove agências “vai também prejudicar os trabalhadores” da Caixa a “médio e longo prazo”. “O Ministro das Finanças não pode esconder-se nem pode ignorar que isto está a acontecer, tem que tomar uma decisão”, explica o mesmo, que é funcionário no edifício sede da CGD, acrescentando ainda que esta comissão de trabalhadores pondera avançar com uma queixa à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), caso não tenham respostas quer do Governo, quer da Administração da CGD.

“Estamos desde o dia 28 de março a solicitar uma reunião com o Ministro das Finanças”, acrescentou Jorge Canadelo, explicando ainda que as ações de protesto não irão ficar por aqui. Na manifestação desta segunda-feira no Bairro do Rego foi ainda entregue um abaixo-assinado com cerca de 600 assinaturas, e que pede o fim deste encerramento.

Para já, e segundo o vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa, João Ferreira, o Bairro do Rego “é o exemplo de uma extensa zona da cidade com habitação, moradores e população, de onde uma percentagem considerável são pessoas mais idosas, mas também onde existe muito comércio. Todos eles vão ser prejudicados por esta decisão porque esta zona não tem outro balcão nas imediações”, disse o vereador comunista na sua intervenção, lembrando ainda que o Rego pertence a uma das “freguesias do coração e das mais centrais da cidade”, pelo que a decisão de encerrar o balcão da CGD “vai deixar uma grande parte da população, um bairro inteiro, sem acesso a uma agência bancária”.

Recorde-se que os comunistas solicitaram, a 12 de agosto, uma posição de Carlos Moedas acerca do fecho destes nove balcões, assim como saber se a autarquia tem conhecimento desta pretensão da CGD e que diligências já foram feitas, junto do Governo, para travar estes encerramentos. No entanto, e de acordo com João Ferreira, ao Olhares de Lisboa, “ainda não houve resposta de Carlos Moedas sobre estes encerramentos”, e afirma que irá levantar a questão na próxima reunião do executivo.

“Do nosso ponto de vista, a Câmara não pode nem deve adotar uma atitude de passividade perante uma decisão que prejudica a cidade e todos aqueles que aqui vivem e trabalham e por isso, deve tomar uma posição”, acrescentou o vereador comunista. Segundo uma missiva endereçada ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e partilhada com a comunicação social, estes encerramentos irão afetar “a população e o tecido económico e social (comércio tradicional, micro e pequenas empresas)” da cidade de Lisboa, que vê assim “o serviço público de proximidade prestado pelo banco público português” a ser reduzido.

Na perspetiva do PCP, “com estes encerramentos perde-se um serviço de proximidade, com impacto negativo para a população, em particular, para os mais idosos e com maiores dificuldades de mobilidade”, salientando que a Caixa Geral de Depósitos é uma entidade pública que para além da sua vertente comercial, deve ter uma gestão identificada com o interesse público, e desempenhar também um serviço de cariz social permitindo a interligação do Estado e os cidadãos, em especial à população mais idosa”.

 Ainda no mesmo documento, o PCP salienta que o fecho destas nove agências em Lisboa “colocam também em causa o futuro dos trabalhadores da CGD”, havendo, ao mesmo tempo, por parte do Governo, uma “desvalorização do banco público português”, ressalvando que o mesmo “transfere milhões para salvar a banca privada”.

Artigo atualizado em 23 agosto

1 COMENTÁRIO

  1. Sou contra o fecho dessa agência porque eu tenho conta abertana caixa aonde pôr acaso é a minha agência aonde abri a minha conta

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