O Metropolitano de Lisboa já terminou as escavações da futura Linha Circular, com a abertura do túnel que liga as estações Estrela e Santos. O ato foi formalizado na manhã desta terça-feira, dia 28 de fevereiro, e contou com a presença do Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro.
Este túnel que liga as estações Estrela e Santos está inserido no Plano de Expansão da rede do Metropolitano de Lisboa. Este plano inclui a construção da Linha Circular e da Linha Violeta, bem como a expansão da Linha Vermelha. No total, serão “mais de mil milhões de euros de investimento”.
Para Duarte Cordeiro, esta é “uma obra muito complexa do ponto de vista de engenharia”. Contudo, “está a andar a um ritmo positivo”. Ao mesmo tempo, espera-se que a Linha Circular fique pronta em outubro de 2024. Por outro lado, o ministro considerou que este é “um grande investimento em curso” e “muito importante para o ambiente”.
Por sua vez, este “vai permitir alargar a rede em cerca de 18 quilómetros”. Neste sentido, Duarte Cordeiro estima que estas novas infraestruturas tragam um aumento de 45 milhões de viagens por ano, com “uma redução de emissões em cerca de 30 mil toneladas de CO2”. Para o ministro do Ambiente e Ação Climática, estes serão “impactos muito significativos e que correspondem ao grande objetivo que o país tem de atingir a neutralidade carbónica”.
Objetivo é tornar o transporte público “mais atrativo”
Desta forma, e até 2030, o país deve reduzir 40% das emissões carbónicas no setor da mobilidade. Por isso, Duarte Cordeiro refere a necessidade de existir uma “mudança de paradigma”. Ou seja, “tornar mais atrativo o transporte coletivo”, o que passa pelo reforço da rede de transportes públicos.
Aos jornalistas, o ministro avançou que abriu recentemente o concurso para a extensão da Linha Vermelha do Metro, cujas obras deverão começar ainda este ano. Já a avaliação de impacto ambiental da Linha Violeta termina esta terça-feira, e espera-se que no primeiro semestre de 2023 seja lançado o concurso. Contudo, e para além do Metro, Duarte Cordeiro classificou ainda o Plano Ferroviário Nacional como “um plano muito ambicioso para o futuro do país”.
Governo já investiu mais de quatro mil milhões de euros no reforço da mobilidade urbana, salienta Duarte Cordeiro
“Se nós formos, entre 2015 a 2030, avaliar todo o montante de investimento, entre o que já mobilizámos e o que esperamos mobilizar, estamos a falar de 4,8 mil milhões de euros”. De acordo com Duarte Cordeiro, este valor corresponde a “mais de dois por cento do PIB”.
Dois terços deste valor foram investidos no “alargamento da oferta de mobilidade urbana nas cidades”. Por outro lado, um terço foi aplicado “na redução dos preços dos passes”. “Este investimento tem uma mobilização sem precedentes no nosso país”, reiterou o ministro.
No entanto, Duarte Cordeiro não quis avançar com uma data para a divulgação dos prazos de execução do Plano Ferroviário Nacional, remetendo essa informação para o Ministério das Infraestruturas. Por outro lado, salientou, “há vários objetivos que nós estamos a desenvolver e que têm como objetivo tornar mais atrativo o transporte público”.
Neste sentido, o ministro sublinhou a necessidade de “alargar a oferta”, ou “trabalhar na acessibilidade dos custos dos transportes públicos”. No entanto, existem ainda outras opções, tais como o projeto Bilhete.pt, que vai permitir criar um único sistema de bilhética.
Alargamento do Metro vai permitir contratação de mais 400 trabalhadores
No entanto, o reforço da rede do Metro de Lisboa vai ainda trazer um “alargamento do número de trabalhadores”. Neste sentido, espera-se que se contratem mais 400 novos trabalhadores até 2026. Por outro lado, em relação aos solos contaminados encontrados nas obras do metro na zona de Santos, o ministro do Ambiente não quis adiantar mais pormenores. No entanto, garantiu que “todos os aspetos identificados são devidamente encaminhados para tratamento”.
A futura linha Circular vai ligar as atuais estações Cais do Sodré e Rato, com a criação de duas novas estações, com dois quilómetros de rede. Recorde-se que, em maio do ano passado, foi inaugurado o túnel entre o Largo do Rato e a Estrela. Por sua vez, esta terça-feira, abriu-se o túnel que liga as estações Estrela a Santos, com 45 metros de profundidade do solo. Deste modo, assinalou-se o fim das escavações associadas à construção da estação Estrela.
Em 2024, espera-se que a rede do Metro de Lisboa tenha 56 estações, com 46,5 quilómetros de rede, distribuídos por quatro linhas.
Estação Estrela ficará localizada junto à Basílica da Estrela
Esta visita ao túnel que liga as estações Estrela e Santos contou ainda com a presença do Secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, e do Presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa, Vitor Domingues dos Santos. Esta estação vai estar localizada ao cimo da Calçada da Estrela, em frente à Basílica da Estrela. Por sua vez, o acesso será feito pela extremidade sul do Jardim da Estrela, a partir do edifício da antiga farmácia do Hospital Militar.
Ao mesmo tempo, a acessibilidade será efetuada por seis ascensores de grande capacidade e duas escadas mecânicas. Atualmente, já existe uma ligação entre o Rato e Santos, concretizada a 28 de maio do ano passado.
A futura Linha Circular deverá ser inaugurada no último trimestre de 2024, e vai ligar a estação Rato ao Cais do Sodré, numa extensão de mais dois quilómetros de rede e trazendo duas novas estações, Estrela e Santos. Estas, por sua vez, irão unir as linhas Amarela e Verde num novo anel circular no centro de Lisboa.
Construção da Linha Circular está dividida em quatro lotes
A execução do Plano de Expansão do Metropolitano de Lisboa está dividida em quatro lotes. O Lote 1 envolve a execução dos toscos entre o término da estação Rato e a estação Santos. Já o Lote 2 engloba a execução dos toscos entre a estação de Santos e a estação do Cais do Sodré. Por outro lado, o Lote 3 visa a construção de dois novos viadutos e ampliação da estação do Campo Grande e o Lote 4 envolve a construção dos acabamentos e sistemas para a futura linha Circular.
No que respeita ao lote 3, as obras de intervenção na zona do Campo Grande com a construção de dois novos viadutos e ampliação da estação do Campo Grande para Nascente, começaram em janeiro de 2022. Ao mesmo tempo, o concurso para a empreitada do Lote 4 foi lançado em agosto de 2021 e encontra-se, atualmente, em fase de audiência prévia de interessados.
Nova linha deverá trazer mais nove milhões de passageiros
Segundo o Metro de Lisboa, a linha Circular pretende melhorar as acessibilidades e das conectividades dentro da cidade. Por sua vez, esta linha vai trazer uma nova circularidade interna, reforçando as ligações com os vários transportes públicos que operam em Lisboa. Por outro lado, espera-se que esta linha traga um aumento do número de utilizadores do transporte público e uma diminuição de utilização de transporte individual.
A empresa estima que a procura no primeiro ano desta linha seja de nove milhões de novos passageiros, o que corresponde a um reforço de 5,3% em toda a rede. Espera-se ainda que este novo anel retire da cidade cerca de 2,6 milhões de veículos por ano e ainda cinco mil toneladas de CO2 no primeiro ano de exploração.
A Linha Circular conta com um investimento total previsto de 331,4 milhões de euros. No entanto, 137,2 milhões são provenientes do Fundo Ambiental e 103,0 milhões do Fundo de Coesão, através do Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR). Por fim, 91,2 milhões de euros provém do Orçamento de Estado.