O palco-altar que irá acolher o Papa durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vai passar a custar 2,9 milhões de euros. Desta forma, são menos 1,7 milhões do que o valor estipulado inicialmente. Contudo, o projeto inicial vai sofrer algumas alterações, ao nível da altura e da capacidade do número de pessoas. Por outro lado, o palco que irá ser montado no Parque Eduardo VII vai ser totalmente pago pela Fundação JMJ.
Desta forma, a estrutura vai passar a contar com quatro metros de altura, menos cinco do que o inicialmente previsto, e vai ter capacidade apenas para 1240 pessoas, menos 760 do que as previstas no projeto inicial. Ainda assim, e como forma de reduzir os gastos, a área deste palco-altar da JMJ terá apenas 3250 metros quadrados, quando inicialmente estava previsto chegar aos cinco mil. Por isso, admitiu Carlos Moedas, estas reduções vão “ter um impacto na visibilidade”, pois serão menos 30 mil espetadores a conseguir ver o Papa.
Estas alterações foram divulgadas esta sexta-feira, dia 10 de fevereiro, durante uma conferência de imprensa que se realizou nos Paços do Concelho. Nesta sessão, estiveram também presentes o Bispo Auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, D. Américo Aguiar, e o vice-presidente da CML, Filipe Anacoreta Correia. Contudo, o valor já tinha sido divulgado ao início desta manhã pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que foi informado em primeira mão por Carlos Moedas.
Por sua vez, garantiu o edil de Lisboa, o Chefe de Estado “mostrou-se muito satisfeito” com a redução. “Eu acho que valeu a pena aquilo que a comunicação social e a sociedade portuguesa fez”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República falou aos jornalistas, durante uma visita a Celorico da Beira, recordando ainda os “tempos difíceis de guerra e de inflação, subida de preços e dificuldade da vida”.
Palco no Parque Eduardo VII será financiado pela Igreja
Ao mesmo tempo, avançou ainda Moedas, o palco que irá ser instalado no Parque Eduardo VII terá o custo de 450 mil euros e será financiado pela Fundação JMJ. “O projeto ainda não estava fechado”, salientou o autarca, acrescentando que esta estrutura “será muito leve”.
Ainda na mesma intervenção, o presidente da autarquia reiterou que “um evento desta dimensão tem custos”. Ainda assim, admitiu que teve em conta estes gastos, mas que irão trazer “um retorno para a cidade”.
O investimento total, recorde-se, será de 35 milhões de euros, mas, no entender do edil lisboeta, “25 milhões ficarão na cidade”. Por isso, considera que o investimento no evento seja apenas de “10 milhões de euros”. Recorde-se que, para além do palco-altar, a CML irá ainda gastar 1,6 milhões de euros com estudos e projetos relacionados com a obra e ainda os gastos com os ensaios e fundações (1,06 milhões de euros).
Sobre esta última matéria, Filipe Anacoreta Correia garantiu que estas são essenciais para suportar o palco-altar, uma vez que os terrenos são pantanosos. “É uma solução sólida e segura”, justificou o vice-presidente da autarquia.
CML terá de fechar novo contrato com a Mota-Engil
Ao mesmo tempo, a CML irá ainda investir 7,1 milhões de euros na reabilitação do aterro sanitário de Beirolas, bem como na construção e manutenção de infraestruturas e equipamentos (3,3 milhões de euros). Está ainda prevista a construção de uma ponte pedonal sobre o Rio Trancão (4,2 milhões de euros).
Paralelamente, vão ser colocados mais três palcos no Terreiro do Paço, Parque da Bela Vista e Alameda D. Afonso Henriques, locais que irão receber o Festival da Juventude. Contudo, estes eventos terão uma componente mais reduzida e com um número muito inferior de participantes.
“Esta é a primeira vez que recebemos 1,5 milhões de pessoas em Lisboa”, reforçou Moedas, classificando a JMJ como um “evento digno para a cidade”. Ao mesmo tempo, o edil recordou novamente que a escolha sobre a Mota-Engil para a construção do palco “não foi através de um ajuste direto”. Ou seja, foi porque foi a empresa que apresentou a melhor proposta. No entanto, e tendo em conta a alteração do projeto, irá ser celebrado um novo contrato com a empresa.
“Eu fui o primeiro a ter atenção e a limitar os custos”, finalizou Carlos Moedas. O autarca salientou ainda a boa relação com a Fundação JMJ e com a Câmara Municipal de Loures, que também irá contribuir financeiramente para a realização do evento no Parque Tejo.
D.Américo Aguiar considera que a JMJ vai alavancar o turismo e a economia da cidade
Por sua vez, o Bispo de Lisboa considerou que os últimos 15 dias “foram infernais”, devido às constantes notícias sobre o tema. Contudo, D. Américo Aguiar disse que houve, entre a Fundação JMJ e a CML “um grande desejo em reavaliar os custos” do palco-altar da JMJ.
Ao mesmo tempo, já em resposta aos jornalistas presentes na conferência, o Bispo reforçou que os participantes serão colocados no palco por ordem de importância, começando pela figura maior, o Papa Francisco. “Este é um evento esmagador, um acontecimento único na cidade”, reforçou D. Américo Aguiar. O Bispo Auxiliar reiterou ainda que este processo foi realizado “com a total transparência”.
Em simultâneo, o Bispo Auxiliar de Lisboa sublinhou que a JMJ será um evento bom para a cidade e que vai contribuir para a economia da capital. Por isso, considera ainda que é importante colocar os jovens no Parque Eduardo VII. Desta forma, poderão “ter a experiência de viver e conhecer a cidade”. Ainda em declarações aos jornalistas, D. Américo Aguiar salientou que a edição das JMJ em Lisboa irá trazer “jovens de quase todos os países do mundo, à excepção de 14 ou 15”.
Ao mesmo tempo, o Bispo Auxiliar avançou ainda que “o orçamento ainda não está fechado”. Contudo, o custo com o palco do Parque Eduardo VII será pago através de contribuições, quer de empresas, famílias, e dos próprios jovens que irão participar na iniciativa. Por isso, não saberá se este investimento irá trazer lucro para a Igreja, mas admitiu que, em caso afirmativo, o dinheiro será “aplicado em projetos para os jovens”.
Custos com o palco em edições anteriores da JMJ tiveram gastos semelhantes, garante D. Américo Aguiar
No entanto, o Bispo Auxiliar de Lisboa desvalorizou o custo do palco-altar da JMJ na edição de 2023 do evento. “Os custos nas edições anteriores foram similares”, acrescentou. Desta forma, considera ainda que o gasto com o palco em Lisboa “está relacionado com o local”. Recorde-se que o Parque Tejo localiza-se no mesmo sítio onde funcionou, antes da Expo 98, o antigo Aterro Sanitário de Beirolas.
Por isso, é preciso fazer um maior investimentos. Neste sentido, deu ainda como exemplo a edição de 2011 da JMJ, em Madrid, onde o palco foi colocado num aeródromo. Ou seja, não foram precisos grandes investimentos no terreno, ao contrário do que tem de ser feito em Lisboa.
Por fim, D. Américo Aguiar finalizou a sua intervenção sublinhando que “este será um parque que vai ficar para o futuro”. Desta forma, considera que a JMJ será importante para revitalizar aquela zona. O Parque Tejo está entre os concelhos de Lisboa e Loures. Neste sentido, no lado da capital, considera, o futuro parque “vai duplicar a zona verde do Parque das Nações”, bem como permitir “a recuperação da frente ribeirinha” do concelho de Loures.