JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE (JMJ) – PLANO FOI APRESENTADO ESTA QUARTA-FEIRA

Altar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ)

O vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, apresentou, esta quarta-feira, dia 25 de janeiro, o  Plano e Investimento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realizará em Lisboa, entre os dias 1 a 6 de agosto, no Parque Tejo e em mais quatro locais da cidade.

 

Desta forma, e para além das iniciativas previstas para o Parque Tejo, haverá ainda, à semelhança de outras edições da Jornada Mundial da Juventude, três momentos que irão ter lugar no Parque Eduardo VII: a abertura do evento, logo no dia 1 de agosto; a sinalização e o acolhimento do Papa em Lisboa; e ainda a Via Sacra, que terá lugar no dia 4 de agosto, sexta-feira.

“O acolhimento do Papa no Parque Eduardo VII pretende ser um momento da própria afirmação da cidade de Lisboa, porque vai ser no centro da cidade”, explicou Filipe Anacoreta Correia, acrescentando ainda que esta iniciativa contará ainda com  iniciativas programadas no Terreiro do Paço, Alameda D. Afonso Henriques e Parque da Bela Vista, locais onde se irá realizar o Festival da Juventude, eventos que, porém, terão uma componente mais reduzida e com um número muito inferior de participantes.

Segundo o vice-presidente da CML, estima-se que as iniciativas marcadas para o Parque Eduardo VII contém com cerca de 200 mil pessoas, no caso da primeira missa. Já na festa de acolhimento do Papa, espera-se que estejam presentes entre 400 e 500 mil pessoas; e ainda 700 mil participantes na Via Sacra, valores que, no entanto, são inferiores ao milhão e meio de peregrinos esperados no Parque Tejo. “Esta é a responsabilidade da câmara e além disso foi-nos pedido e aceitámos contribuir também com mais três palcos”, acrescentou Filipe Anacoreta Correia, referindo-se aos palcos situados no Terreiro do Paço, Alameda D. Afonso Henriques e Bela Vista.

Ainda de acordo com o autarca, “Lisboa hoje em dia é procurada para grandes eventos mas que normalmente não atraem mais do que 80 ou 90 mil pessoas”, e por isso, considerou que a Jornada Mundial da Juventude são um evento “de outra dimensão”, uma vez que vai trazer à cidade um número largamente superior, algo que até então nunca aconteceu em Lisboa. Ao mesmo tempo, o vice-presidente da CML explicou ainda que a grande parte destes peregrinos deverá ficar na cidade durante os seis dias do evento, embora existam outros tantos que fiquem mais dias, “porque fazem viagens transatlânticas”, o que implica, muitas vezes, chegar com uma semana de antecedência.

JMJ vai contar com o investimento de cerca de 35 milhões de euros por parte da Câmara de Lisboa

A realização das JMJ contará com um investimento, por parte da CML, de cerca de 35 milhões de euros, sendo que, para já, já tem 20 milhões de euros aprovados, sendo que o restante valor chegará através de um empréstimo, e que já foi aprovado em reunião do executivo. Deste valor, 21,5 milhões de euros estão destinados a estudos, projetos e fiscalização (1,6 milhões de euros); reabilitação do aterro sanitário de Beirolas (7,1 milhões de euros); ensaios e fundações (1,06 milhões de euros); a construção do altar-palco (4,24 milhões de euros); a construção e manutenção de infraestruturas e equipamentos (3,3 milhões de euros); e ainda a construção de uma ponte pedonal sobre o Rio Trancão (4,2 milhões de euros).

De acordo com a CML, destes 21,5 milhões de euros, 19 milhões dizem respeito a investimentos que irão “ficar na cidade”. Já os restantes 13,5 milhões de euros do custo total do investimento da Câmara de Lisboa nas JMJ estão destinados à realização dos eventos previstos para os restantes recintos espalhados pela cidade e ainda para o reforço das equipas de Higiene Urbana, Regimento de Sapadores Bombeiros, Polícia Municipal e Proteção Civil.


Contudo, o evento terá responsabilidades partilhadas com a Fundação JMJ, que será responsável pela promoção do evento, bem como da decoração do mesmo e ainda da organização do Festival da Juventude; e ainda com o Governo, que ficará responsável por definir os planos de mobilidade, segurança e saúde, bem como do aluguer, montagem e desmontagem da ponte militar no Parque Tejo e ainda pela promoção e realização do Centro de Reconciliação e Feira das Vocações, que se irá realizar em Belém.

Por sua vez, a Câmara de Lisboa terá, a seu cargo, a requalificação do Parque Tejo (em conjunto com a autarquia de Loures), e a construção do altar-palco que ficará no Parque Eduardo VII. Já o altar-palco destinado para o Parque Tejo, de acordo com os requisitos da Fundação JMJ, terá de ter uma capacidade em cima do palco para duas mil pessoas, e contará com três plataformas, com altura de nove metros, para que a maioria dos peregrinos tenha visibilidade. Ao mesmo tempo, esta infraestrutura, com cinco mil metros quadrados, conta ainda com uma escadaria central e dois elevadores para pessoas de mobilidade reduzida.

“Além desta questão da dimensão do palco, é preciso termos presente o local. A zona escolhida para acolher este evento prolonga-se por cerca de 100 hectares. Para além da área de Lisboa, que tem cerca de 38 hectares, temos toda a área de Loures, onde ficarão os participantes”, o que justifica estas características específicas do palco, nas palavras do vice-presidente da CML.

Para além do palco situado no Parque Tejo, haverá ainda outro palco no Parque Eduardo VII, um pedido que partiu da Igreja, e cujo projeto está a ser ultimado pela CML, para que, nos próximos dias, possa lançar o concurso, que será internacional. No entanto, garantiu Filipe Anacoreta Correia, o valor desta estrutura será “inferior”, uma vez que “não terá utilização para além do evento”.

CML garante que empresa escolhida foi a que “apresentou melhor proposta”

Segundo a informação publicada no Portal Base, a construção deste palco foi adjudicada à empresa Mota- Engil, por ajuste direto, mas a CML avança que a empresa foi escolhida por ter “apresentado a melhor proposta em todas as fases do procedimento”. A autarquia explica ainda que, inicialmente, houve uma primeira consulta a sete empresas de construção, e que apresentaram valores entre 4,4 e 8,4 milhões de euros. De seguida, houve uma nova consulta, desta vez às quatro empresas que apresentaram “as melhores propostas”, procedendo-se a uma terceira consulta, já às duas empresas que apresentaram propostas mais favoráveis e que “correspondem às maiores empresas de construção em Portugal”.

Esta apresentação surge numa época em que a autarquia lisboeta está a ser duramente criticada devido ao gasto de cerca de cinco milhões de euros num altar-palco (4,2 milhões para o palco e ainda mais o IVA e 1,06 milhões de euros fundações indiretas da cobertura). O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, justificou este valor com “exigências” da Igreja Católica, as quais foram “definidas por reuniões que temos com a Jornada Mundial da Juventude e com a própria Igreja”. O assunto foi levantado na reunião camarária desta quarta-feira, pelos vereadores do Bloco de Esquerda e do PCP.

O vereador comunista João Ferreira considera que a decisão deveria ter sido discutida em reunião camarária, e Beatriz Gomes Dias, do BE, considera que este valor é “exageradamente elevado” e que “não houve transparência no processo” de contratação da empresa responsável pela construção do altar. Em resposta, o autarca garantiu “que, desde o início, fui o primeiro a mostrar preocupação com os custos”, explicando ainda que foi necessário proceder ao ajuste direto para que “tudo fique pronto” a tempo das JMJ.

Ao mesmo tempo, este procedimento está previsto no Orçamento de Estado para 2023, que abre uma exceção aos contratos realizados no âmbito das Jornadas Mundiais da Juventude, desde que tenham um valor até 5,35 milhões de euros. O contrato foi assinado no passado dia 13 de janeiro, e este documento refere que a obra terá de ser feita num prazo de 150 dias. Contudo, a CML espera que o altar-palco fique concluído entre maio e junho. Ainda de acordo com Filipe Anacoreta Correia, “todo o processo está documentado e será posteriormente para o Tribunal de Contas”.

Para Moedas, este investimento vai ficar na cidade e para o futuro, reiterando ainda que este será um evento que vai trazer milhões de pessoas a Lisboa, muito mais do que “o Web Summit ou o Rock In Rio”, por exemplo. “A Jornada Mundial da Juventude é receber o Papa num contexto em que há milhões de pessoas que vêm a Lisboa receber o Papa”, reforçou o edil na mesma sessão, acrescentando que todo o processo foi feito “com a maior transparência”.

Futuro daquele palco ainda não é conhecido

Ainda de acordo com o presidente da Câmara de Lisboa, foi pedido, aos engenheiros e arquitetos responsáveis pela obra, que o palco fosse feito de forma a ser utilizado noutras circunstâncias. A mesma opinião foi partilhada por Filipe Anacoreta Correia, que acrescentou que, após as JMJ, o palco já não terá os nove metros de altura, mas vai incorporar, estruturalmente, aquela zona. A ideia, segundo os dois autarcas, será criar ali condições para que Lisboa tenha mais um espaço para acolher eventos, nomeadamente festivais ou outros eventos de dimensão internacional, por exemplo.

Fotos: CML

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