ATELIER MUSEU JÚLIO POMAR RECEBE ‘GUARDAR OS OLHOS NO BOLSO’

Título da exposição remete para a obra 'Cegueira dos Pintores', da autoria de Júlio Pomar

O Atelier-Museu Júlio Pomar (AMJP) recebe, a partir da próxima sexta-feira, dia 31 de março, a exposição ‘Guardar os Olhos no Bolso’. A exposição será inaugurada pelas 18h00 e ficará patente até ao dia 18 de junho.

Ao mesmo tempo, esta mostra conta com a curadoria de André Cepeda e Eduardo Matos. Já a conceção e desenho de exposição ficou a cargo de Eduardo Matos. ‘Guardar os Olhos no Bolso’ será inserida no programa do AMJP.

Por sua vez, esta exposição pretende cruzar a obra de Júlio Pomar com outros artistas, procurando estabelecer novas relações. Desta forma, permite destacar as múltiplas conexões entre a arte e palavra escrita e entre a contemporaneidade e a produção artística e literária de Júlio Pomar.

Nesta exposição serão mostrados as 34 edições do Inland já publicados e será lançada a edição 35, com um texto inédito de Pomar, e ainda parte de um significativo corpo de escritos e reproduções fotográficas enviado de Paris para o Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1964 e 1966. Júlio Pomar foi bolseiro desta instituição durante este período.

Por sua vez, como complemento à exposição, o museu receberá ainda vários eventos performativos. O Inland é uma publicação independente, dedicada aos textos escritos de artistas, e foi criada em 2015 pelos artistas André Cepeda e Eduardo Matos.

Desta forma, a exposição vai ainda destacar a importância dos textos de artistas. Ou seja,  reconhecendo-os como veículo indispensável das suas vozes próprias, sem interferência ou crivo de mediação. Ao mesmo tempo, junta-os com a vertente escrita da obra de Júlio Pomar.

Título da exposição remete para a obra ‘Cegueira dos Pintores’, da autoria de Júlio Pomar

‘Guardar os Olhos no Bolso’ remete ainda para o livro que Júlio Pomar escreveu na década de 1980, Cegueira dos Pintores. “A expressão traduz a ideia de que para ver, para ir além da aparência e perscrutar o invisível, trazendo e ficcionando mundos alternativos àquele que conhecemos, é necessário fechar os olhos e sondar o interior», explica Sara Antónia Matos, diretora do Atelier-Museu Júlio Pomar.

Neste sentido, pretende-se transformar o espaço expositivo num local de consulta e de leitura. Por outro lado, pretende-se mostrar, em simultâneo, objetos e imagens referenciados em várias edições do Inland. “O que está em causa é também questionar a própria epistemologia museológica, desconstruindo os seus códigos”.


Contudo, pretende-se ainda “transitar entre posições e metamorfosear funções, juntando criação e mediação, apresentação e representação, produção e receção. Na esteira de Júlio Pomar, o museu deve ser um espaço onde se entra para perguntar, discutir, debater, ver, ler, sentir e perceber o mundo de outras formas”, conclui a diretora do AMJP.

Por outro lado, “a arte pode e deve ser a tecnologia de produção (poética, ficcional, interventiva) desses outros saberes que, muitas vezes, se constroem em cegueira, com os olhos fechados ou guardados no bolso”.

Exposição irá cruzar várias formas de arte

Já para Eduardo Matos, um dos comissários da exposição, “o carácter autorreflexivo e poético, que caracteriza muitos dos textos de artistas, tornou-se numa peça essencial e insubstituível na experiência e compreensão da arte moderna e contemporânea”. Ao mesmo tempo, “estes textos trazem consigo uma áurea de resistência e contraponto a discursos críticos, históricos e teóricos dominantes e introduzem um olhar subjetivo. São, em muitos casos, pessoais e difíceis de catalogar”.

No mesmo sentido, “surgem-nos nos sítios mais improváveis e das mais variadas formas”. Ou seja, através de “notas soltas, palavras desenhadas, rascunhos sobrepostos, folhas de sala ou textos que acompanham obras”. Contudo, “outros têm uma dimensão mais articulada, mais teórica, mais crítica e acompanham a produção artística e as posições estéticas e políticas dos seus autores”.

Por fim, a exposição ‘Guardar os Olhos no Bolso’ conta ainda com a participação de Aida Castro e Maria Mire. Ao mesmo tempo, conta também com a Associação Amigos da Praça dx Anjx, Cristina Mateus, Fernando José Pereira e Francisca Carvalho + Paulo T. Silva.  Contudo, também os autores Horácio Frutuoso, Isabel Baraona, João Fonte Santa, João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, estarão presentes na mostra, a par de Júlio Pomar, Missing Artist Foundation, Nuno Ramalho e Pizz Buin.

Por fim, alguns deles realizaram novas obras para o espaço do AMJP, mas outros estarão representados na exposição, através de imagens e objetos divulgados em algumas das edições do Inland Journal.

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