Foi lançada, esta sexta-feira, dia 3 de março, o catálogo da exposição ‘Amor Veneris – Viagem ao Prazer Sexual Feminino’. Esta foi a primeira exposição do MUSEX – Museu Pedagógico do Sexo, que termina já na próxima quarta-feira, dia 8 de março.
O lançamento do catálogo da exposição contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais. Por sua vez, a apresentação ficou a cargo de Marta Crawford, editora do catálogo, fundadora do MUSEX e co-curadora da exposição. A cerimónia decorreu no Palácio Anjos, em Algés, no mesmo local onde está patente a mostra.
“É um livro muito bonito”, começou por referir a sexóloga. Na sua perspetiva, a obra retrata bem aquilo que é a exposição ‘Amor Veneris’, que surgiu de uma ideia que Marta Crawford tinha desde 2010. Ao mesmo tempo, este catálogo retrata fotograficamente o espaço e as obras expostas. As imagens são da autoria de Fernando Guerra e António Jorge Silva. Ao mesmo tempo, este documento conta ainda com artigos e recensões de vários autores.
Neste sentido, alguns deles são Emília Ferreira, diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea; Patrícia Pascoal, psicoterapeuta, terapeuta sexual e professora associada na Universidade Lusófona; ou Rosa Monteiro, ex-secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade. Por sua vez, o catálogo centra-se em torno da exposição e das temáticas e problemáticas que a compõem, contando ainda com a colaboração de Marta Crawford.
O catálogo está editado em português e inglês e contou com a assistência editorial de Diogo Montenegro e a consultoria editorial de David Rato. Por seu turno, poderá ser comprado na bilheteira do Palácio Anjos.
‘Amor Veneris’ contou com 25 mil visitas
Na mesma apresentação, Marta Crawford agradeceu todo o apoio prestado pelo seu “núcleo duro”, que inclui os Espacialistas, Fabrícia Valente e David Rato, e que contribuíram para o sucesso da exposição. Por outro lado, salientou que ainda exposição “só foi possível com o apoio de um grupo de artistas extraordinário”.
No entanto, a sexóloga também salientou todo o apoio da autarquia de Oeiras. Neste sentido, revelou que a CMO “acreditou num projeto que podia ser polémico”. ‘Amor Veneris’ foi inaugurada em junho de 2022, tendo durado cerca de nove meses. “Foi uma espécie de bebé”, brincou Marta Crawford.
Contudo, e agora que a exposição se prepara para encerrar, fica o catálogo, editado pela Ideias com Peso. Por sua vez, o objetivo desta obra é deixar um registo daquilo que ‘Amor Veneris’ pretendeu transmitir ao público. Ao mesmo, pretende encerrar um dos projetos que marcou a vida cultural do município de Oeiras nos últimos tempos.
Neste aspeto, Isaltino Morais reforçou o sucesso de ‘Amor Veneris’, que “correu muito bem” e contou com cerca de 25 mil visitantes. “Houve outros eventos aqui no concelho, gratuitos, que nunca tiveram esta frequência”, salientou o autarca. Por outro lado, Isaltino Morais destacou este feito, num país “de brandos costumes”.
Ao mesmo tempo, recordou ainda que chegou a ser aconselhado a não avançar com a exposição ‘Amor Veneris’ no concelho de Oeiras. “Todos me disseram para não avançar, porque era pornografia”, disse o presidente da autarquia oeirense. No entanto, considera que o Musex ajudou a trazer uma “maior normalização” em falar sobre o tema da sexualidade. Por sua vez, acredita que este é um tema “sério e que exige um conhecimento profundo”.
Oeiras irá promover mais iniciativas dedicadas ao sexo em breve
Para já, não há previsão para a criação de um museu dedicado ao sexo em Oeiras. De acordo com Isaltino Morais, a ideia teria avançado, de imediato, caso “tivessem vindo 100 mil pessoas a esta exposição”.
No entanto, o autarca admitiu que este é um “tema que vale a pena continuar”. Por isso, admitiu que a autarquia está disponível para realizar novas iniciativas sobre a sexualidade no concelho de Oeiras.
Ao mesmo tempo, o presidente da Câmara de Oeiras explicou que, recentemente, recebeu duas propostas para a criação de dois museus, um dedicado ao Objeto, e outro sobre a Ilustração.
Contudo, e novamente sobre a exposição ‘Amor Veneris’, Isaltino Morais salientou a dedicação e o trabalho de Marta Crawford para que esta fosse uma realidade. “A Marta traz uma grande seriedade sobre como o tema seria tratado”, reforçou o presidente da Câmara de Oeiras, justificando desta forma a aposta na exposição.
Por fim, o autarca salientou ainda a “conjugação de esforços”, e que contribuiu para o sucesso de ‘Amor Veneris’. Ainda na sua perspectiva, esta exposição ajudou a trazer “um avanço significativo” no país, uma vez que “muita gente pensava que uma exposição destas não podia acontecer em Portugal”.
‘Amor Veneris’ termina no Dia da Mulher
Por outro lado, ainda na apresentação do catálogo da exposição, Marta Crawford referiu que ‘Amor Veneris’ ajudou ao Palácio Anjos a “ficar no mapa”. Para tal, contribuíram ainda as diversas iniciativas que fizeram parte do programa da exposição. Algumas delas foram, por exemplo, “consultas de sexologia”, algo inédito no contexto de uma exposição, entre outras.
A exposição Amor Veneris – Viagem ao Prazer Sexual Feminino foi prolongada pelo Município de Oeiras até dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Até lá, poderá continuar a ser visitada às terças, quartas, quintas e domingos, das 11h00 às 19h00. Já às sextas, sábados e feriados, está aberta das 11h00 às 20h00. O bilhete para a exposição pode ser adquirido no Palácio Anjos ou na Ticketline.
Musex contribuiu para a liberdade da mulher, considera Fabrícia Valente
No mesmo dia, está ainda prevista a apresentação de um estudo preliminar sobre a exposição. Por outro lado, dia 8 de março é também o Dia Internacional da Mulher. Neste sentido, a co-curadora da exposição, Fabrícia Valente, salientou que ‘Amor Veneris’ contou com a participação de 36 autores, 30 dos quais “são mulheres”.
Para Fabrícia, ‘Amor Veneris’ também ajudou a dar “uma voz ativa” às mulheres, porque elas “não devem ser silenciadas”. Neste sentido, considera que a exposição ajudou, de certa forma, a contribuir para a “liberdade da mulher”.
Por fim, a co-curadora da exposição salientou o carácter pedagógico do Musex, só foi possível “graças ao trabalho de uma equipa muito grande”. No entanto, Fabrícia Valente admitiu que, ao início, o Musex “tinha tudo para correr mal”, porque “não se sabia bem o que iria ser” e também porque “curar uma exposição traz muita responsabilidade”, finalizou.
Espaço vai promover conversas sobre sexo este fim de semana
Ao mesmo tempo, neste fim de semana, dias 4 e 5 de março, o Musex recebe a iniciativa ‘Vamos falar de sexo?’. Por outro lado, haverá ainda uma Oficina de Desenho sobre Nu Feminino e visitas orientadas pelas curadoras naquele que será o último fim de semana de atividade do Musex.
“Vamos falar de sexo?” será a sexta e última roda de conversas informais sobre sexualidade, e está marcada para as 15h00. Desta forma, os participantes poderão falar, de forma livre e descontraída, sobre dúvidas e ansiedades relativamente à sexualidade e aos relacionamentos. Contudo, os temas a abordar são sugeridos no início da sessão pela orientadora e pelos participantes.
A participação na conversa deste sábado é gratuita, mas está limitada à lotação da sala. Já a oficina é recomendada para maiores de 16 anos e também é gratuita, mas está sujeita a inscrição prévia. Por sua vez, as visitas guiadas têm uma lotação máxima de 20 pessoas, e implicam a compra de bilhete para a exposição e o levantamento de uma senha, a partir de uma hora antes, na bilheteira do Palácio Anjos.
Por outro lado, a Oficina de Desenho Nu Feminino é um workshop dedicado ao corpo feminino. Deste modo, os participantes são desafiados a desenhar uma modelo nua. Assim, poderão conhecer, de uma forma intimista, as várias temáticas da exposição Amor Veneris. Esta iniciativa está marcada para as 11h00 de domingo, e será orientada por Nicole Sánchez, do Lisbon Drawing Club.
Por fim, no sábado, pelas 12h, Marta Crawford vai fazer uma visita guiada à exibição. Para além desta visita, haverá ainda mais duas: às 15h00 e às 17h00. A primeira ficará a cargo de Fabrícia Valente, e a última novamente por Marta Crawford.
