A Unidade de Saúde Mental do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), localizada em Paço de Arcos, foi inaugurada esta terça-feira, dia 30 de maio. Esta nova unidade fica no piso superior do antigo quartel dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos.
Por sua vez, no piso inferior encontra-se o Auditório José Augusto de Castro, inaugurado no final de abril. A nova unidade de saúde mental implicou um investimento municipal de um milhão e 800 mil euros. Ao mesmo tempo, irá ter uma Unidade de Dia, espaços de apoio administrativo, bem como as valências de Psiquiatria, Psicologia, Enfermagem, entre outras, que se irão distribuir por 12 gabinetes clínicos, todos insonorizados. Os gabinetes e corredores têm ainda diversas fotografias de arte urbana existente no concelho. O seu intuito é ajudar a relaxar e tornar o espaço mais aprazível.
Para Miguel Xavier, Coordenador Nacional das Políticas de Saúde Mental, “congratulo todos por esta unidade, que se enquadra na estratégia assumida para a saúde mental”. Para o responsável, a integração destes espaços na comunidade vai ao encontro daquilo que é seguido noutros países europeus. A nova unidade de saúde mental de Paço de Arcos conta com uma equipa comunitária, e Miguel Xavier não tem dúvidas de que esta “será um modelo que vai ser seguido por quem quiser criar unidades análogas noutros pontos do país”.
Aliás, o coordenador referiu mesmo que estas equipas devem existir e ser reforçadas nas regiões onde não há este tipo de resposta. No mesmo sentido, Miguel Xavier salientou o mérito da Câmara de Oeiras em investir numa unidade de saúde mental sem apoios do Governo. Por fim, o responsável manifestou o desejo de que estes espaços se propaguem pelo país nos próximos anos.
Acabar com o estigma da doença mental
Já na perspetiva de Rita Perez, presidente do Conselho de Administração no Centro Hospital Lisboa Ocidental (CHLO), são este tipo de espaços que ajudam a quebrar o estigma das doenças mentais. Desta forma, salientou, “é possível retirar os doentes dos hospitais e levá-los para onde devem estar”. Rita Perez assinou, juntamente com o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, o contrato de comodato que formaliza a parceria entre a autarquia e o CHLO.
Por fim, ressalvou a responsável, este Centro Hospitalar é o mais pequeno de toda a região e foi, durante a pandemia, o que teve, a seguir ao Centro Hospital Lisboa Central, “mais doentes críticos”. Aqui, Rita Perez recordou o “apoio excepcional” da Câmara Municipal de Oeiras neste período.
Câmara de Oeiras já investiu mais de 30 milhões de euros em obras da competência do Estado Central
O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, começou a sua intervenção dizendo que aquilo que “dá energia a um político é o reconhecimento da comunidade”. Por isso, agradeceu o reconhecimento que lhe fizeram pelo investimento nesta nova unidade, que se juntará à Unidade de Saúde Mental do Dafundo. “Há muitos anos que intervimos na saúde, como noutras matérias”, sublinhou o autarca, reforçando que a CMO trabalha “em parceria com o Governo, mas nem sempre foi assim”.
Por outro lado, Isaltino Morais considerou que as autarquias “poderiam ter um papel mais ativo” caso o Governo autorizasse a criação de mais parcerias entre os munícipios e as entidades. Desta forma, lembrou que, em Oeiras, são estas parcerias que permitem o desenvolvimento de projetos e a melhoria de alguns espaços.
Aqui, deu como exemplo a obra prevista para o Hospital de Santa Cruz, situado em Carnaxide e integrado no CHLO. Esta prevê a recuperação e ampliação das unidades destinadas a acolher os centros de referência de cardiopatias congénitas (incluindo a ala pediátrica), transplante cardíaco e transplante renal deste espaço. Esta intervenção foi anunciada há quatro anos e prevê um investimento municipal na ordem dos cinco milhões de euros. Contudo, “ainda não existe projeto”, lembrou Isaltino Morais, criticando a burocracia associada a este tipo de investimentos.
Captar mais profissionais de saúde
O presidente da CMO considerou ainda que a nova Unidade de Saúde Mental de Paço de Arcos “é um edifício bem conseguido” e que será “fundamental para todos aqueles que precisam”. Por outro lado, reforçou que o espaço tem condições para que os “profissionais se sintam aqui bem”, de forma a não saírem para outros locais. “Atualmente existe uma grande falta de ligação entre os profissionais de saúde e a comunidade”, acrescentou o autarca.
Desta forma, lembrou que, em 2018, havia “uma cobertura de médicos de família em 95% do concelho”, valor que baixou para 75% em 2020. “Provavelmente, à semelhança dos polícias e dos professores, vamos ter de investir em casas para os médicos”, concluiu Isaltino Morais, reconhecendo que o valor elevado das habitações em Oeiras é um dos motivos que poderá ajudar a afastar os profissionais de saúde do concelho.
Saúde Mental é uma das prioridades do Governo
Já o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse que este “era um grande dia para o SNS e para a saúde mental em Oeiras”. “Este é um espaço bonito e funcional e vai ajudar os profissionais a sentirem-se bem”, reforçou. Por outro lado, o ministro lembrou que a saúde mental ficou em destaque durante a pandemia da Covid-19 e lembrou que a saúde mental “deve ser integrada na comunidade”.
Por isso, voltou a sublinhar a necessidade de se acabar com os hospitais psiquiátricos, pois só assim é que se pode acabar com o estigma associado a estas doenças. Manuel Pizarro referiu ainda que a saúde mental está nas prioridades do Governo. Por fim, aproveitou para saudar a aprovação da nova lei de saúde mental pela Assembleia da República e que vai permitir “a valorização e a dignidade” do doente mental.
Oeiras vai receber 16 novos médicos
Por fim, o Ministro da Saúde adiantou que o SNS abriu todas as vagas para médicos especialistas recém formados. No total, foram 978 vagas abertas, às quais concorreram 306 profissionais. Destes, 278 foram colocados em diversas unidades de saúde do país. Deste número, 16 ficaram em Oeiras e irão iniciar funções muito em breve.
Contudo, reconheceu Manuel Pizarro, “é preciso continuar a insistir” nesta matéria, sobretudo quando existem muitos cidadãos no país sem acesso a um médico de família. “A maior parte dos profissionais ficam no norte do país”, sendo que as maiores lacunas estão nas zonas centro e sul do país. Um dos motivos, considera o ministro, está relacionado com o valor elevado da habitação em algumas zonas. Por isso, “se resolvermos esta questão, iremos também conseguir captar mais profissionais” para estas zonas do país.
Por fim, o Ministro da Saúde lembrou ainda alguns investimentos que estão a ser realizados pela tutela. Um deles é a requalificação e a modernização da maternidade do Hospital de Santa Maria. Por isso, reforçou que, durante o verão, as grávidas serão desviadas para o Hospital São Francisco Xavier (HSFX), em Belém.
Este hospital contará com um reforço de recursos humanos e técnicos, vindos do Santa Maria. No entanto, o ministro admitiu ainda estabelecer parcerias pontuais “com alguns hospitais privados, como a CUF ou os Lusíadas”. O objetivo será garantir esta resposta em casos de maior fluxo no HSFX.
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