O Bairro Padre Cruz, na freguesia de Carnide, vai receber obras de reabilitação no âmbito do programa Morar Melhor. O plano de intervenções foi apresentado esta terça-feira, dia 20 de junho.
Desta forma, a autarquia irá proceder à retirada das coberturas com amianto e colocar novas, permitindo ganhos de eficiência energética. No entanto, outras prioridades para o Bairro Padre Cruz, gerido pela Gebalis, será ainda a instalação, substituição e modernização de elevadores em alguns prédios.
“O programa Morar Melhor chega hoje a Carnide e ao Bairro Padre Cruz”, ressalvou o presidente do Conselho de Administração da Gebalis, Fernando Angleu. Para o responsável, este programa é ainda o “maior investimento da autarquia na reabilitação da habitação pública desde o PER”. No total, serão 13 os lotes que irão receber novas coberturas, o que equivale a 213 fogos habitacionais.
Por sua vez, Angleu reforçou que esta intervenção “avança dois anos antes do previsto”. Contudo, as intervenções não se ficam por aqui. Ou seja, a Gebalis pretende ainda instalar elevadores nos prédios situados nas ruas Rio Sado e Rio Guadiana, e que datam da década de 70. “Falamos de 201 casas, 201 famílias que poderão morar melhor”, disse Fernando Angleu, lembrando que este é um desejo antigo da Associação de Moradores, em especial de Elisete Andrade, representante desta associação.
Cinco milhões de euros para reabilitar mais 28 fogos
A par destas intervenções, que irão começar em breve, a Gebalis tem ainda o objetivo de reabilitar, entre 2024 e 2026, mais 28 prédios no Bairro Padre Cruz. No total, serão 329 frações que vão ficar de cara lavada, após um investimento municipal de cinco milhões de euros. O presidente do Conselho de Administração da Gebalis lembrou ainda que, nos últimos dois anos, já foram recuperadas 50 fracções em diversos bairros lisboetas.
A estas juntam-se mais 10 intervencionadas este ano e outras 23 em fase de concurso. “Recordo que, em 2022, projetámos a recuperação de 830 frações até 2026”, disse Fernando Angleu. No entanto, o responsável tem a expetativa de que estas obras fiquem concluídas aqui a 18 meses, ou seja, metade do prazo estabelecido. Por outro lado, referiu que estes objetivos só conseguem ser cumpridos graças à “intervenção comunitária”. Aqui, deu como exemplo o projeto ‘Bairro Sem Fronteiras’.
Este pretende melhorar “a vivência no bairro, a apropriação dos espaços comuns, a construção de relações de vizinhança positivas e a satisfação residencial”, disse Angleu. Para além da Associação de Moradores, o responsável da Gebalis agradeceu ainda aos profissionais afetos ao Gabinete de Apoio ao Bairro da Intervenção Prioritário (GABIP), que existe no Bairro Padre Cruz há 13 anos.
Fernando Angleu aproveitou ainda para adiantar que será ainda neste bairro municipal que irá ser instalado um gabinete de intervenção local da Gebalis, com instalações modernas e pensadas para a equipa. É ela que está, atualmente, “a gerir o processo de realojamento dos moradores das alvenarias”. Até ao momento, já foram atribuídos 280 fogos, faltando apenas 183 por atribuir.
Casas para polícias nos bairros Padre Cruz e Alfredo Bensaúde
Para além de todas estas intervenções, a autarquia tem em vista a construção de habitações destinadas a polícias, nos bairros Padre Cruz e Alfredo Bensaúde, nos Olivais. Deste modo, a CML já assinou o protocolo com os Serviços Sociais da PSP para pôr este projeto em marcha. Na perspetiva de Fernando Angleu, este acordo vai permitir que “alguns profissionais tão importantes para a nossa cidade consigam ter a sua habitação em Lisboa”.
Condições dignas aos moradores do Bairro Padre Cruz
Por sua vez, o presidente da Junta de Freguesia de Carnide, Fábio Sousa, parabenizou o lançamento destas intervenções. Para o autarca, este “é um dia muito feliz para todos nós”, porque finalmente os habitantes do Bairro Padre Cruz irão ter condições dignas nas suas casas. Recorde-se que, para além das coberturas com amianto, estes moradores sofrem ainda com problemas de humidade e infiltrações.
Fábio Sousa reforçou que estas são “reivindicações antigas” dos moradores, as quais tem vindo a alertar junto dos órgãos municipais desde 2019. No entanto, o presidente da junta aproveitou ainda para pedir ao executivo camarário mais três intervenções na freguesia. A primeira será avançar, finalmente, com a obra de construção de um Parque Verde, nos terrenos para onde estava destinada a Feira Popular de Lisboa.
“Queremos muito que este espaço, que está hoje com um futuro incerto, seja transformado num grande pulmão verde do Bairro Padre Cruz e da freguesia”, disse o autarca, antes de avançar para o segundo pedido. Já este diz respeito à construção de um parque hortícola e área ajardinada da Rua Professor Pais da Silva, projeto este que aguarda o lançamento da empreitada desde 2016.
Continuar a apoiar as associações de Carnide
Por fim, Fábio Sousa exortou ainda o executivo da CML a continuar a apoiar as associações da freguesia. Aqui, deu como exemplos a Associação de Moradores do Bairro Padre Cruz, cujos projetos sociais “ajudam a atenuar e combater as desigualdades sociais”, mas também o Clube Atlético e Cultural da Pontinha (CAC).
Esta coletividade sonha com um complexo desportivo, obra que está contemplada no orçamento para 2023 da CML. Contudo, “nunca mais vê o lançamento da primeira pedra”, lembrou o autarca. Outro projeto será ainda a construção de uma residência para estudantes da área da Saúde, pedida pela Associação Amigas do Peito. É neste local que irão ficar também algumas pacientes com cancro de mama.
Habitação é prioritária, diz Moedas
O presidente da CML, Carlos Moedas, também marcou presença na apresentação oficial deste Plano de Intervenção de Obras e Reabilitação no Bairro Padre Cruz. O edil agradeceu “o trabalho conjunto” que tem feito juntamente com Fábio Sousa, independentemente de serem de partidos opostos. Por outro lado, acrescentou que a apresentação deste plano é “um momento muito especial”.
Neste sentido, reforçou ainda que uma das prioridades do atual executivo da CML é a habitação e dar condições dignas de habitabilidade aos lisboetas. “Sem uma habitação digna não há Lisboa, sem uma habitação digna nós não podemos mudar a cidade”, sublinhou o autarca. Por isso, lembrou que a CML vai investir 800 milhões de euros nesta área.
“Temos o maior programa de habitação para Lisboa desde sempre”, disse Moedas. O autarca adiantou ainda que o executivo assinou, esta segunda-feira, um acordo para disponibilizar mais 322 milhões de euros para a habitação. Este valor junta-se a uma verba de 560 milhões de euros, já aprovada, sendo que a grande fatia será destinada aos bairros municipais.
Neste sentido, Moedas reforçou que foi a vereadora com o pelouro da Habitação, Filipa Roseta, que alertou para o facto de que “havia duas mil pessoas em Lisboa a viver com grandes dificuldades e que não vivem com a dignidade que deviam”.
Trazer mais dignidade aos lisboetas
Os cinco milhões de euros destinados à reabilitação de 28 fogos no Bairro Padre Cruz vão, na perspetiva do presidente da CML, permitir “trazer essa dignidade que é necessária à cidade”. “Se não temos essa dignidade então não fizemos o nosso papel”, reforçou Carlos Moedas. Este lembra ainda que, desde 2021, já foram entregues 1172 chaves de habitações a custos controlados.
Contudo, o autarca admitiu que este trabalho só é possível graças à cooperação e “empenho daqueles que estão e vivem nos bairros”. Aqui, deu como exemplo o trabalho de Elisete Andrade, que “é a cara de todos e da associação”. Para o autarca, esta ligação é fundamental, porque assim consegue saber o que deve mudar na comunidade.
“Vocês são um grande bairro, com uma alma lisboeta, e mesmo com todas as dificuldades que têm, vocês continuam de cabeça erguida”, acrescentou Moedas. Todavia, o autarca admitiu que “às vezes não consegue chegar a todos”, mas comprometeu-se a resolver algumas questões que ainda estão pendentes neste bairro.
“Vamos continuar a investir no vosso bairro”, reiterou Moedas. Para o autarca, “fazer obra é mais importante que os discursos”. Por isso, a CML vai “fazer a obra para vocês terem a prova do que aquilo que dizemos é feito. Isso é o mais importante em política”, concluiu.
