OITO MIL PESSOAS CONTRA NOME DA PONTE D. MANUEL CLEMENTE, NO TRANCÃO

Perto de 9000 pessoas subscreveram uma petição pública lançada este sábado para exigir a alteração do nome da nova ponte pedonal da zona oriental de Lisboa, a que a Câmara Municipal de Lisboa quer chamar Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente. Neste sentido, o Bloco de Esquerda já pediu esclarecimentos sobre a atribuição do topónimo D. Manuel Clemente à ponte ciclopedonal sobre o Rio Trancão, sem cumprimento no disposto das regras da própria Câmara de Lisboa.

Mais de 8500 pessoas já subscreveram uma petição pública para exigir a alteração do nome da nova ponte pedonal da zona oriental de Lisboa. Recorde-se que a Câmara Municipal de Lisboa quer chamar a esta Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente. O documento foi lançado este sábado , dia 12 de agosto e já conta com mais de nove mil assinaturas.

Intitulada “Petição pela alteração do nome previsto para a ponte Lisboa/Loures no Parque Tejo”, a petição foi lançada através da rede social X (antigo Twitter) por Telma Tavares. Por sua vez, esta é a autora dos cartazes em memória das vítimas de abusos sexuais por membros da Igreja Católica. Recorde-se que estes cartazes foram colocados em Lisboa, Loures e Algés durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Desrespeito pelas vitimas de abusos

Desta forma, a petição invoca “a suposta laicidade do Estado”. Por outro lado, questiona ainda se a atribuição do nome de Manuel Clemente à ponte “pode ser vista até como uma ofensa e/ou desrespeito pelas mais de 4800 vítimas de abuso sexual por parte da igreja em Portugal”.

“Sendo a ponte um dos equipamentos que foi pago com recurso a dinheiros públicos, que todos os portugueses irão pagar com assinalável esforço, o mínimo exigível será que se homenageie quem tenha factualmente marcado a diferença ou sido autor de feitos que mereçam destaque no nosso município”, argumenta ainda.

Esta petição é dirigida à CML, mas já ultrapassou as 7.500 assinaturas. Ou seja, terá agora de ser remetida ao Parlamento e publicada na íntegra no Diário da República. Desta forma, o documento vai ser apreciado pelos deputados em plenário da Assembleia da República.

BE pede explicações

Entretanto, o Bloco de Esquerda já fez saber que pediu explicações ao executivo, chefiado por Carlos Moedas, sobre a atribuição do topónimo D. Manuel Clemente à ponte ciclopedonal sobre o Rio Trancão. Neste sentido, o BE afirma que a atribuição do nome decorreu sem cumprir o disposto das regras da própria CML. Contudo, lembra também que compete à Comissão Municipal de Toponímia propor à Câmara, após parecer fundamentado, a atribuição de topónimos.

Por isso, adianta o comunicado, “foi com estupefação que o Bloco de Esquerda tomou conhecimento pela imprensa que o Presidente da CML tinha decidido atribuir o topónimo Ponte D. Manuel Clemente, à nova ponte ciclopedonal sobre o Rio Trancão.

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Esta decisão, ainda segundo o BE, “não foi precedida de parecer da Comissão Municipal de Toponímia, e não foi alvo de apreciação e votação em reunião de Câmara”. No entanto, mesmo que o fosse, sublinham, “não cumpria o princípio plasmado nas regras da CML de que atribuição de topónimo apenas deve ocorrer decorridos 5 anos sobre a morte da personalidade, nem tão pouco o princípio de privilegiar individualidades de maior universalidade”.

Homenagem de Lisboa

Na sexta-feira, a Câmara de Lisboa anunciou que a nova ponte ciclopedonal que liga os concelhos de Lisboa e Loures vai chamar-se Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente. Esta infraestrutura está sobre o rio Trancão e fica na zona oriental da cidade. Em comunicado, a autarquia afirmava que o nome da nova ponte é uma homenagem ao 17.º patriarca de Lisboa. Este renunciou ao cargo na passada quinta-feira, dia 10 de agosto, após ter completado 75 anos. Ao mesmo tempo, esta infraestrutura foi construída a propósito da JMJ e inaugurada em julho deste ano.

“Nos 10 anos de mandato enquanto líder da Igreja de Lisboa, D. Manuel Clemente foi o grande impulsionador da Jornada Mundial da Juventude”. Para o patriarca emérito “‘será lembrada como um momento decisivo para uma geração que construirá um mundo mais belo e fraterno'”, lê-se na nota. Por outro lado, justificou o presidente da CML, Carlos Moedas, “é uma justa homenagem da cidade a um homem que deu tanto a Lisboa ao longo da sua vida”, pode ler-se no mesmo comunicado.

Segundo a autarquia, o nome da ponte foi comunicado ao presidente da autarquia de Loures, Ricardo Leão. Por sua vez, o autarca considerou tratar-se de “uma boa opção e um justo reconhecimento”. A ponte tem cerca de 560 metros e liga os concelhos de Lisboa e Loures. Por fim, é feita, maioritariamente, de madeira e aço. Em simultâneo, esta destina-se a peões e ciclistas e integra a rede de percursos ciclopedonais da região de Lisboa. Contudo, estará ainda ligada ao concelho de Loures.

Nota de redação: Artigo atualizado pelas 19 horas e 56 minutos

 

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