OBRAS DA LINHA CIRCULAR DECORREM A BOM RITMO

As obras da Linha Circular do Metro estão a decorrer a bom ritmo. O Metropolitano de Lisboa realizou, esta terça-feira, dia 2 de janeiro, uma visita ao túnel entre as estações Estrela e Santos, no estaleiro localizado no antigo Hospital Militar da Estrela.

Esta visita contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, do Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, bem como da Ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, entre outros. A Linha Circular deverá ser uma realidade em 2025 e vai ligar o Rato ao Cais do Sodré, simplificando a circulação no centro da cidade.

A futura Linha Circular está a materializar-se e será uma realidade dentro de alguns anos. Recorde-se que esta linha irá ligar as estações Rato e Cais do Sodré, trazendo duas novas estações: Estrela e Santos. Nesta terça-feira, dia 2 de janeiro, o Metropolitano de Lisboa (ML) realizou uma visita de trabalho. Aqui, estiveram presentes o primeiro-ministro, António Costa, o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, e ainda o presidente do Conselho de Administração do ML, Vítor Santos. Ao mesmo tempo, esteve ainda a Ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva e os secretários de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, António Mendonça Mendes, e da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado.

O objetivo desta linha Circular será melhorar a mobilidade, a acessibilidade e as ligações com outros meios de transporte em Lisboa. Esta empreitada tem quatro lotes de construção. 90% da obra, desde a engenharia à concepção, foi realizada por empresas portuguesas. Uma das preocupações foi ainda a preservação do património, sendo que existem equipas de arqueólogos a trabalhar em paralelo. Até ao momento, já se descobriu uma antiga olaria, junto ao ISEG, bem como construções do século XIX e algum material marítimo dos séculos XVI e XVII, junto ao Rio. Igualmente, também foi descoberta uma quinta do século XV na zona do Campo Grande, junto ao Estádio do Sporting. O primeiro lote, ou seja, a construção do túnel entre o Rato e Santos, foi adjudicado por 48,6 milhões e já está executado a 95%.

Quatro lotes

Segundo o consórcio Zagope, Comsa e ACE, responsável pela obra, espera-se que as estruturas internas da Linha Circular possam ficar concluídas até abril. Toda esta zona, entre o Rato e o Cais do Sodré, foi escavada em túnel, com 50 metros de profundidade. A Estação da Estrela, por sua vez, será construída na zona das antigas instalações do antigo Hospital Militar, e o acesso à estação será feito dentro do edifício da antiga farmácia. Haverá seis elevadores que garantem o acesso à estação. Estes, por sua vez, irão conduzir os passageiros diretamente para o cais de entrada no metro. Será a única estação da rede que não contará com as habituais escadas de acesso. Os elevadores de entrada estarão a 60 metros de altura do solo.

O Lote 2 da empreitada foi consignado por 73,5 milhões de euros e está atualmente em execução. Para já, metade deste lote já está concluído. Em relação à estação Santos, esta será semelhante à da Estrela, e encontra-se neste momento em fase de escavação. De igual modo, conta com uma zona de ataque no antigo edifício dos Bombeiros Sapadores. A futura linha circular irá ligar-se à atual estação de metropolitano do Cais do Sodré (atual terminal da Linha Verde). Para que esta ligação seja concretizada em segurança, é necessário desviar o terminal rodoviário, na Avenida 24 de Julho, bem como a linha ferroviária.

Ao mesmo tempo, também serão ampliadas as ligações entre o metropolitano e o comboio, com a construção de novos acessos a poente. Por outro lado, o terceiro lote da operação diz respeito à modificação dos dois viadutos do Campo Grande. Esta intervenção já está concluída, sendo que apenas falta realizar a ligação dos mesmos à futura Linha Circular, que será feita quando a sinalização estiver concluída. O último lote, já começou e diz respeito aos acabamentos e instalação de sistemas entre o Rato e o Cais do Sodré.

Linha Circular deve ficar concluída em 2025

A criação da Linha Circular vai ainda implicar a aquisição de 14 novas unidades triplas da sinalização CBTC – ou seja, mais moderna-, e de um sistema automático de sinalização. Por sua vez, de acordo com Vítor Domingos dos Santos, presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa, a obra da Linha Circular “está a evoluir positivamente. Desde o momento em que formalizamos o arranque das obras, em 2021, muita coisa mudou e muito evoluiu neste projeto fundamental para a melhoria da mobilidade na cidade e na área metropolitana de Lisboa”.

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O responsável estima que a ligação entre o Rato e o Cais do Sodré seja uma realidade já em 2025. Na sua perspetiva, esta nova linha vai permitir um “transporte público moderno, ainda mais eficiente, com combate ao congestionamento automóvel, e o incentivo a formas de mobilidade sustentáveis”. Ao mesmo tempo, vai ainda possibilitar a “redução de emissões em CO2 e a melhoria da qualidade de vida”. Aliás, reforçou, são estes os grandes objetivos do Metro de Lisboa, que procura ampliar a sua rede e dar uma melhor resposta na mobilidade urbana.

Mais investimentos

Vítor Domingos dos Santos lembrou ainda que, durante vários anos, não houve “capacidade e disponibilidade para realizar investimentos estruturantes na rede do Metropolitano”. No entanto, foi possível criar o “enquadramento necessário e assegurar o financiamento imprescindível para avançar em diversas frentes necessárias para dar uma resposta de qualidade e preparar o futuro da mobilidade”, prosseguiu. O responsável lembrou a substituindo da sinalização ferroviária pelo sistema CBTC, que permite “uma gestão mais eficiente da frota de material circulante existente”.

Contudo, a par da aquisição das 14 unidades triplas de sistema CBTC, está ainda em curso a compra de 24 unidades triplas, acrescentou. Por outro lado, o presidente do CA do Metro de Lisboa lembrou ainda o prolongamento da Linha Vermelha até Alcântara. Este é um projeto que “responde a uma aspiração de longa data da população da zona ocidental de Lisboa” e vai trazer mais quatro quilómetros de rede e novas quatro estações. De igual forma, está em ainda em curso a construção da Linha Violeta, entre Loures e Odivelas, com uma extensão de 12 quilómetros e 17 novas estações. Esta última, adiantou, estará concluída no segundo semestre de 2026.

Dados estes investimentos, “torna-se relevante a construção de um novo posto de comando central”. Os concursos deverão ser lançados ainda em 2024, garantiu Vítor Domingos Santos. Paralelamente à expansão e melhoria da rede de metropolitano, há ainda a destacar diversas intervenções nas atuais estações do metro. Algumas passam pela criação de acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida em 16 estações, e ainda a substituição e renovação das escadas e tapetes rolantes. No total, o Metro de Lisboa conta com 100 elevadores e cerca de 270 escadas e tapetes rolantes, grande parte com mais de 25 anos.

Modernização dos sistemas de pagamento

Contudo, realçou, não é possível efetuar, ao mesmo tempo, todas as intervenções necessárias na rede. Por isso, a empresa procura fazê-las da forma mais “expedita possível”, dedicando anualmente cerca de três a cinco milhões de euros em substituições e reparações. Outras melhorias ainda notadas por Vítor Domingos dos Santos são ainda a atualização dos canais de acesso e sistemas de bilhética, permitindo o pagamento sem contacto, entre outras evoluções. Por outro lado, o Metro de Lisboa tem vindo a adquirir novos equipamentos de manutenção das vias e material circulante, entre outros investimentos.

Por fim, Vítor Domingos dos Santos destacou ainda a aposta do Metro de Lisboa na transparência e sustentabilidade, apostando ainda na proteção de dados e na cibersegurança, passando pela “rentabilização do património edificado metropolitano”. Já de acordo com o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, a obra da Linha Circular deverá custar 330 milhões de euros. No primeiro ano de funcionamento, espera-se que realize 12 milhões de novas viagens.

Expansão da Linha Vermelha custa 400 milhões de euros

“Esta é uma peça central num complexo sistema de mobilidade, na principal área metropolitana do país, onde vivem cerca de 2,9 milhões de pessoas, mais de um quarto da população portuguesa”, sustentou o ministro. Este reforçou ainda que a nova linha irá permitir a ligação com outros sistemas de transporte, nomeadamente com o comboio ou com os barcos. A Linha Circular será complementada com “a extensão da linha Vermelha, entre São Sebastião e Alcântara”.

Esta expansão representa um investimento de cerca de 400 milhões de euros. Igualmente, vai servir zonas como Campo de Ourique, Amoreiras e Alcântara, que, até então, não dispõem de metro. “No início do ano, o Metro de Lisboa lançará o concurso para a construção da linha de metro ligeiro de Odivelas a Loures, com um custo de mais de 500 milhões de euros”, adiantou Duarte Cordeiro. Na sua visão, estes investimentos são muito importantes para a sustentabilidade ambiental, uma vez que vão evitar a “redução de 41 mil litros de dióxido de carbono”.

Cinco mil milhões para a Mobilidade

No entanto, o ministro reforça ainda que estes investimentos vão continuar, pois, no âmbito do Programa de Ação Climática e Sustentabilidade até 2030, estão previstos mais 1,3 mil milhões de euros para infraestruturas e material circulante. Por isso, prosseguiu, será possível, paralelamente ao Metro de Lisboa, apostar ainda na extensão da linha do Metro Sul do Tejo, ou na criação de um transporte ligeiro desde Alcântara até Oeiras, entre outros.

“Com recurso a diferentes fontes de financiamento, nós contabilizamos, até ao final da década, mais de cinco mil milhões de euros neste setor”, disse Duarte Cordeiro, lembrando ainda outras medidas como a redução do preço do passe metropolitano para 40 euros mensais, ou até mesmo a gratuitidade dos mesmos para todos os estudantes até aos 23 anos. “Para cumprirmos a Lei de Bases do Clima, para alcançar a neutralidade carbónica até 2045, nós temos que diminuir em 55% os gases de efeito de estufa”, disse o ministro. Por isso, considera, é fundamental apostar na mobilidade e nos transportes coletivos.

Aumentar o uso de energias renováveis

“Na revisão do Plano Nacional de Energia e Clima, nós aumentámos o objetivo, no setor da Mobilidade, a incorporação de energias renováveis no consumo final do setor dos transportes, de 20% para 23%”, prosseguiu o ministro, salientando que “a mobilidade continua muito dependente dos combustíveis produzidos a partir do petróleo. Cerca de 74% do consumo final de produtos de petróleo ocorreram no setor dos transportes”.

Por fim, o Ministro do Ambiente sublinhou que, para atingir estes e outros objetivos de neutralidade carbónica, é necessário “planear a mobilidade urbana em três vertentes”. Desta forma, é fundamental evitar “deslocações que sejam desnecessárias”, promover a utilização do “transporte coletivo em vez do transporte individual”, e ainda “apostar numa mobilidade sem emissões”, o que comprova a aposta em veículos elétricos, alimentados por energias limpas, como por exemplo o hidrogénio.

Combater as alterações climáticas

Já para o primeiro-ministro, António Costa, “o maior desafio que a humanidade tem pela frente é mesmo enfrentar as alterações climáticas. Em Portugal essa necessidade é particularmente relevante porque somos triplamente atingidos pelas alterações climáticas. Somos atingidos pelo impacto que a subida das águas do mar tem na erosão da costa e do risco de inundações. Somos atingidos pelo risco de seca, em particular na região de Trás-os-Montes e no sul, em particular no Algarve e em terceiro lugar, pelo gravíssimo aumento do risco de incêndio”. Por isso, sustenta, é importante agir para se alcançar a neutralidade carbónica até 2045.

“Começámos a investir cedo nas energias renováveis, em particular na hidráulica. Investimos bem naquilo que tem sido a energia solar. Estamos a investir bem na energia eólica, mas temos muita margem para crescer. Ainda hoje produzimos menos energia solar do que um país como a Dinamarca”, prosseguiu Costa. O primeiro-ministro lembrou ainda que outras medidas tomadas pelo atual Governo passaram ainda pelo fim das licenças para exploração de petróleo no Algarve, bem como pela “valorização dos nossos recursos próprios, em particular do lítio, que é o minério estratégico para a transição energética”.

Valorizar a floresta e investir no transporte público

No mesmo sentido, “fizemos bem em encerrar as centrais a carvão e ter apostado na produção de energia por via do solo e de abundância de água no mar para a produção de hidrogénio verde e de outros gases renováveis”. Contudo, ainda na perspetiva de António Costa, é igualmente importante valorizar a “proteção da nossa floresta, que é um grande consumidor de CO2”, bem como aumentar o número de áreas marinhas protegidas em Portugal. Por outro lado, a redução de gases de efeito de estufa implica o investimento no transporte público.

Atualmente, está em curso, na ferrovia, “a maior obra dos últimos 100 anos”, com a eletrificação da linha do Douro até Marco de Canaveses e entre o Porto e Braga, bem como a modernização da Linha de Cascais. Outra aposta, todavia, diz ainda respeito à nova Linha de Alta Velocidade entre Lisboa e Porto. Aqui, notou Costa, Portugal pode conseguir um financiamento de 750 milhões de euros para a concretização desta linha, “estruturante para o país”. Todavia, para o obter, é necessário apresentar a candidatura para o TGV até ao final deste mês, sublinhou.

Ainda para o primeiro-ministro, a expansão da Linha Vermelha será “uma revolução na cidade de Lisboa. Pela primeira vez, a zona ocidental da cidade estará ligada ao sistema de metropolitano”.

Linha Circular vai trazer mais fluidez na mobilidade em Lisboa

De igual forma, serão também cruciais as Linhas Violeta e Circular. Sobre a última, António Costa realçou que esta será um anel, que vai evitar os transbordos na cidade, facilitando a deslocação em Lisboa. “Vai permitir a distribuição e a fluidez da circulação. É a primeira obra que verdadeiramente serve exclusivamente a cidade de Lisboa e que aumenta significativamente a fluidez do trânsito. Foi, por isso, uma obra definida como prioritária e é por isso que a estamos aqui a realizar”.

Sobre as duas novas estações previstas nesta linha, o primeiro-ministro referiu que elas vão trazer dois quilómetros que “verdadeiramente ligam as linhas Amarela e Verde como uma só”. Por isso, reforçou, é “com muita satisfação que vejo o grau de maturidade que esta obra já assumiu”. Contudo, estão menos avançados os trabalhos entre Santos e o Cais do Sodré, pois é uma intervenção mais complexa em termos de engenharia.

Obras são importantes para desenvolvimento da economia

“Queria, por isso, agradecer a todos o trabalho que têm vindo a fazer. Temos de prosseguir e concluir esta obra para melhorar a circulação na cidade, para contribuirmos decisivamente para enfrentar as alterações climáticas”, disse o líder do Governo, confiante de que os prazos serão cumpridos.

Finalmente, António Costa acrescentou que este conjunto de investimentos é também importante para “ajudar ao desenvolvimento da nossa economia. É com estas obras e é com este investimento que nós também ajudamos a economia a continuar a crescer. A necessidade de aumentar o investimento público é particularmente importante para mantermos o mesmo nível de crescimento económico que temos tido até agora”, concluiu.

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