Apresentado projeto-piloto para melhorar a coesão social na comunidade

A União de Freguesias de Santa Iria da Azóia, São João da Talha e Bobadela (UFSSB) apresentou, projeto pioneiro para a promoção da coesão social. O estudo é realizado em parceria com a Universidade de Valência, e vai incidir sobre as dinâmicas, necessidades e melhorias dos agrupamentos de escolas daquelas três localidades.

Melhorar a coesão social, a qualidade socioeducativa e a integração da comunidade são alguns dos objetivos do projeto ‘O Papel das Escolas na Construção da Coesão Social’. Este estudo foi apresentado na passada quarta-feira, 31 de janeiro, no auditório da Escola Secundária de São João da Talha, em Loures. Segundo Dora Pereira, investigadora da Universidade de Valência e especialista em Avaliação Educativa, a escolha da União das Freguesias de Santa Iria da Azóia, São João da Talha e Bobadela (UFSSB) foi uma “oportunidade” que surgiu. “Vamos tentar perceber, num local que nos deu todas as condições para o fazer, quais são as necessidades, pontos fortes e fracos” da comunidade, explicou ao Olhar Loures.

Para além de Dora Pereira, a equipa de investigadores inclui ainda mais dois docentes da Universidade de Valência. O grupo, desta forma, vai ainda tentar “perceber qual é o impacto que a escola pode ter na construção de uma coesão a nível social”. Igualmente, irá unir “a escola, a comunidade, e a Universidade”. Por sua vez, este projeto quer ainda aplicar um modelo de avaliação “que sirva de instrumento de identificação de pontos fortes e fracos”, através da aplicação de questionários à comunidade educativa. De igual modo, pretende também encontrar instrumentos e modelos que possam ser replicados noutros agrupamentos escolares do país. O processo de avaliação conta com “quatro fases”. São eles “a validação, a recolha de informação, discussão e implementação dos resultados e, por fim, a divulgação” dos mesmos.

Cinco dimensões de estudo

Por outro lado, os estudos baseiam-se em cinco dimensões. Algumas delas passam pela dimensão educativa, da aprendizagem, dos recursos humanos, entre outros factores. Este processo tem a duração de um ano. Outro dos objetivos desta iniciativa passa ainda por tornar “vísivel o conceito de coesão social como critério de qualidade da Educação”. O projeto destina-se à comunidade educativa dos agrupamentos escolares da UFSSB. Esta vai desde os alunos, professores e diretores das escolas. No entanto, passa ainda pelos órgãos políticos, que podem utilizar estes resultados para melhorar as instituições e sistemas educativos.

Os alunos abrangidos serão os do quarto e nono ano de escolaridade. Na próxima segunda-feira, 5 de fevereiro, será assinado o protocolo entre a Universidade de Valência e a UFSSB para a dinamização do projeto. “Com este estudo-piloto, conseguimos perceber a validade e a pertinência” deste modelo de avaliação, que se espera “que seja replicado noutras escolas”, acrescentou ainda a investigadora. Por fim, sublinha ainda que “a coesão social é a capacidade da sociedade em proporcionar e garantir o bem-estar de todos os seus membros”. Ao mesmo tempo, é também a uma forma de proporcionar a “participação, o sentimento de pertença, e a participação responsável” na comunidade.

Primeira vez que o projeto é aplicado em Portugal

O estudo já foi aplicado em países como Espanha, México, República Dominicana, Colômbia ou Equador. Contudo, os resultados obtidos até ao momento foram apenas identificados como parciais e direcionados apenas para fins académicos. Por isso, será a primeira vez que este estudo é aplicado globalmente. A adaptação do modelo na UFSSB pretende ainda ajudar a constituír as bases para a criação de uma rede de escolas de coesão social. Nesta apresentação, esteve ainda o presidente da UFSSB, Nuno Leitão. O autarca sublinhou, ao Olhar Loures, que este projeto “vai versar no conhecimento das escolas e na investigação sobre coesão social”.

Ao mesmo tempo, vai ainda “ajudar a conhecer um bocadinho melhor a forma como a escola se pode posicionar como um fator de agregação social”. Por outro lado, a parceria com a União de Freguesias vai ainda permitir “uma facilidade na relação entre a escola e a comunidade”, considera o autarca. Nuno Leitão disse ainda que esta oportunidade de colaborar com a Universidade de Valência surgiu com base nas características do território daquela União de Freguesias. Aqui, existem “dois centros de acolhimento de refugiados, uma grande comunidade dos PALOP”, bem como outras etnias, e que trazem “um espelho cultural muito forte” a esta União de Freguesias.

Por fim, o contacto partiu de Dora Pereira, que já conhecia bem este território e as suas necessidades. “Em função da perspetiva apresentada, e após uma conversa com os diretores dos agrupamentos, permitiu-se chegar à conclusão que tínhamos condições para avançar” com esta investigação, referiu ainda o autarca. Com este estudo, “esperamos ter um conhecimento diferente daquilo que é a perspetiva da educação” em relação à sua comunidade. “Vamos estudar a coesão social na vertente da escola e da visão da comunidade educativa”, acrescentou.


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