A cidade de Lisboa foi eleita, em novembro, como Capital Europeia da Inovação. Para além do título, a capital portuguesa ganhou ainda um prémio de um milhão de euros. O presidente da autarquia, Carlos Moedas, anunciou esta quinta-feira, 8 de fevereiro, que parte deste valor será aplicado em projetos de âmbito social.
Para agradecer o título de Cidade Europeia da Inovação, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, juntou, nesta quinta-feira, 8 de fevereiro, agentes económicos e da indústria tecnológica no Hub Criativo do Beato, onde funciona a Fábrica de Unicórnios (Unicorn Factory), um projeto criado em 2022. Até ao momento, esta iniciativa já trouxe para Lisboa 12 empresas ‘unicórnio’ e mais de 50 start-ups, de mais de 30 países de todo o mundo. “Nós trouxemos para Lisboa o maior prémio de inovação da Europa, que é ser a Capital da Inovação e um milhão de euros. Queria aplicar uma grande parte deste dinheiro na inovação social”, referiu o presidente da autarquia lisboeta, aos jornalistas, no final do encontro.
Ainda de acordo com Moedas, os projetos serão desenvolvidos em parceria com os empreendedores e talentos que chegam à Fábrica de Unicórnios. Ao mesmo tempo, irão incidir em áreas como “a educação, a saúde” ou a “imigração”. “Nós podemos aqui criar uma rede em que, no fundo, as pessoas mais vulneráveis sabem que podem contar também com este talento para as ajudar”, acrescentou o autarca. Estes projetos serão postos em prática num espaço próprio, que se localizará próximo da Fábrica de Unicórnios, na Ala Norte da antiga Manutenção Militar. “São muitos os problemas que temos [na cidade] e eu penso que a tecnologia também pode ajudar nessa solução”.
120 mil euros para cada ideia
As ideias serão pensadas pelos empreendedores. Por outro lado, a autarquia lisboeta prevê ainda a atribuíção de, pelo menos, três prémios para os melhores projetos. “Cada prémio vai ser de 120 mil euros e neste momento, estamos a pensar em três: saúde, educação e imigração”, prosseguiu Carlos Moedas. O futuro espaço irá acolher pessoas em situação de sem-abrigo, de forma a “fazer a ligação entre este talento internacional e depois as dificuldades da cidade, que são muitas”, disse o autarca. Contudo, realça que a tecnologia “não será a solução, mas pode ajudar na solução”. Por outro lado, na Saúde, Moedas referiu ainda que será também possível premiar entidades como por exemplo as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), desde que tragam projetos próprios na área da saúde ou das pessoas nos centros intergeracionais.
“Somos a Capital da Inovação, mas também gostaria que fossemos também a Capital da Inovação Social”, reiterou o edil lisboeta, admitindo que poderá também existir prémios na área da Habitação. Ao mesmo tempo, o valor do prémio da União Europeia servirá ainda para continuar a desenvolver os projetos da Fábrica de Unicórnios. Aqui, as empresas podem ser acompanhadas durante seis meses, contando com o apoio das empresas tecnológicas ali instaladas. O título Capital da Inovação foi atribuído pela Comissão Europeia. Contudo, para além de Lisboa, concorreram mais de 250 cidades europeias ao título. Esta foi a primeira vez que uma cidade portuguesa conquista esta distinção, considerada o “Nobel” da inovação para as cidades.
Fábrica de Unicórnios já trouxe mais de 50 empresas para Lisboa
O título foi conquistado graças à criação da Fábrica de Unicórnios. Na perspetiva de Carlos Moedas, esta tem trazido vários projetos de sucesso e postos de trabalho para a capital. Até ao momento, já foi possível “atrair 12 ‘unicórnios’, e mais de 50 “empresas tecnológicas”, que “no seu conjunto anunciaram mais de 10 mil postos de trabalho”. “A Fábrica de Unicórnios tornou-se o ponto de encontro para o talento internacional”, referiu o presidente da CML. No mesmo encontro, houve ainda a intervenção de Gil Azevedo, Diretor-Executivo da Fábrica de Unicórnios e da Start-Up Lisboa. Este referiu que, em 2023, triplicou-se o número de novas empresas apoiadas, em comparação com 2022. “Com a Fábrica de Unicórnios, estamos a criar um ecossistema forte não só na cidade, mas também no país e internacionalmente”, acrescentou Gil Azevedo.
Já para Iliana Ivanova, Comissária Europeia da Inovação, disse, através de um vídeo que foi exibido, que “Lisboa merece esta distinção”, porque mostrou “ambição, resiliência e o objetivo de construír algo marcante”. Desta forma, “mostraram à Europa e ao mundo que é possível inovar e sonhar alto e esse é o espírito que precisamos”, acrescentou ainda. No final, houve ainda um painel, moderado por Rita Vilas-Boas, startup advisor. Aqui, participaram o presidente da Câmara de Lisboa, o diretor da Web Summit, Artur Pereira, e ainda Arun Mani e Katelijne Bekers, CEO’s das empresas ‘unicórnio’ Pleo e MicroHarvest, respetivamente.
Trabalho em Bruxelas ajudou a constituír a Unicorn Factory
Estes empreendedores partilharam com o público os seus exemplos e porque escolheram instalar as suas empresas na Fábrica de Unicórnios de Lisboa. Ainda neste painel, Carlos Moedas lembrou ainda os cinco anos em que foi Comissário Europeu, em Bruxelas. “Como comissário, desenvolvi o Centro Europeu de Inovação”. Ou seja, este projeto tinha como objetivo “ajudar os países a desenvolver mais na área da Inovação, investindo em talento. A Fábrica de Unicórnios tornou-se quase como uma réplica dessa desse projeto europeu a nível local”, referiu. Por isso, considera Moedas, a sua experiência em Bruxelas contribuíu para trazer o “conhecimento” para Lisboa.
“Estar lá fora cinco anos foi um privilégio, mas com isso também hoje consigo ajudar a cidade melhor do que se não tivesse tido essa experiência”, reforçou. Já Artur Pereira, diretor-geral da Web Summit, lembrou este evento como “um ponto de encontro” entre talentos e empresas de todo o mundo, e que ajuda a colocar Lisboa no centro do empreendedorismo. Igualmente, reforçou, “queremos continuar a trazer talentos e empresas a Portugal”. Por fim, para além do Hub Criativo do Beato, a Fábrica de Unicórnios está ainda presente na cidade com mais quatro pólos, localizados em vários pontos da cidade.
Um deles fica junto ao Instituto Superior Técnico, na freguesia do Areeiro. Aqui foi criado um ‘hub’ ligado aos videojogos. “Trouxemos gente de todo o mundo para desenvolver empresas na área dos jogos”. De igual modo, o espaço ajudou ainda a trazer “muitos postos de trabalho para muitos jovens”, concluíu Carlos Moedas.
Congrartulo-me com o prémio recebido. Carlos Moedas faria um bom ministro num próximo Governo pela experiência adquirida, especiamente na Europa. Por mim dvidiria o valor do prémio por mais um sector: habitação social com apoios de saúde e cuidadores para idosos como se faz na Holanda por exemplo.É uma área extremamente importante e o número de idosos está a crescer e nãohá um sítio de qualidade com preço acessível de acordo com as fracas pensões dos portugueses.