História do Rock Rendez-Vous em destaque no Avenidas até 31 de maio

O Teatro Avenidas, no Bairro Santos ao Rêgo, nas Avenidas Novas, recebe, a partir desta quinta-feira, 11 de abril, e até 31 de maio, a exposição “Rua Da Beneficência, 175”, que conta a história da mítica sala de espetáculos Rock Rendez-Vous.

Foi inaugurada, esta quinta-feira, 11 de abril, a exposição “Rua Da Beneficência, 175”, que conta a história do Rock Rendez Vous, uma das salas mais emblemáticas do panorama musical português nas décadas de 80 e 90, no Bairro do Rego. Esta exposição está patente no Teatro Avenidas, no Bairro Santos ao Rêgo, nas Avenidas Novas, e marca o início de dois meses de celebração do aniversário do espaço, inaugurado em 1980. Durante o mês de abril, o ambiente festivo e a energia do Rock Rendez Vous são revisitados através desta exposição, que conta com fotografias inéditas, mas também através de um ciclo de conversas e de um documentário.

Estas iniciativas têm entrada livre e pretendem reavivar as memórias das pessoas que passaram por lá (seja pelo palco, seja pela plateia) ou daqueles que têm no Rock Rendez Vous uma referência identitária. Também nesta quinta-feira, será lançado o livro “Rock Rendez Vous – Uma História em Imagens”, de Luís Carlos Amaro, que recolheu e selecionou cerca de 250 fotografias de vários autores como Rui Vasco, Peter Machado, Álvaro Rosendo, Céu Guarda, Pedro Lopes, Rui Faísca e Fred Somsen. No dia 20, às 16h00, haverá um ciclo de conversas inspiradas neste livro.

Conversas e exibição de um documentário sobre o Rock Rendez-Vous

Este encontro conta com a moderação de Henrique Amaro e Pedro Félix, contando ainda com a participação de Luís Carlos Amaro, Ana Cristina Ferrão, Álvaro Rosendo e Rui Vasco A 11 de maio, pelas 16h00, é exibido o documentário “Rock Rendez Vous – A Revolução do Rock”, de Ricardo Espírito Santo. Já a 17 de maio, pelas 19h00, haverá uma nova conversa, intitulada sob o tema “Da plateia ao palco era meio metro de distância”, moderada por Henrique Amaro e Pedro Félix, conta com a participação de Kalú, Tó Trips e Pita. O Teatro Avenidas, inaugurado em 2022, pertence à rede Um Teatro em Cada Bairro, lançado pela Câmara de Lisboa.

As memórias daquele tempo

Edgar Costa tem 65 anos e recorda-se dos tempos em que assistiu, nesta emblemática sala de espetáculos, bandas como os Trovante, os Xutos & Pontapés ou os UHF. “Era um ambiente muito divertido”, recorda, acrescentando que “foram tempos muito bons” e que a comunidade ia até ao Rock Rendez-Vous para conviver e ouvir boa música. Edgar conta ainda que, para além destas bandas, teve ainda a oportunidade de assistir a outros “grupos muito bons”, cujos nomes já não se recorda. “Era algo alternativo na cidade. Passava aqui muitas vezes, porque tinha uma atividade que me obrigava a ir à sede do PCP [na Rua Soeiro Pereira Gomes] e depois, vinha aqui aos concertos”, recorda Edgar, com um certo saudosismo.

Já Augusta Martins, proprietária e gerente do restaurante San-Cita há 40 anos, considera que o encerramento do Rock Rendez-Vous “foi o melhor” que aconteceu àquela rua, devido ao barulho e ao consumo de droga. Por outro lado, Luísa Fernandes, proprietária de uma papelaria na Rua da Beneficência, há 53 anos, recorda que o espaço “trazia muita miudagem” àquela zona, revitalizando-a. “Tinha muita gente, para o bem e para o mal”, referindo-se ao consumo de droga.  “Uma vez tive que ligar para a mãe de um miúdo para o vir buscar, porque ele não estava em condições”, recordou Luísa Fernandes.

No entanto, admite ter pena do Rock Rendez-Vous ter fechado, porque era um ponto que atraia pessoas para aquela zona, dando-lhe vida. “Nunca lá fui, porque não fazia o meu género. Mas gostava de ver aqui os miúdos”, disse ainda. O Rock Rendez-Vous (RRV) foi uma das salas de espetáculos mais importantes em Lisboa, tendo sido o palco onde se estrearam muitas bandas rock nacionais. Funcionou durante os anos 80, e localizava-se no edifício do antigo cinema Universal. A sua abertura foi a 18 de dezembro de 1980, com um concerto de Rui Veloso, e encerrou definitivamente a 27 de Julho de 1990, tendo sido demolido. Atualmente, no mesmo local, situa-se uma pastelaria.


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