Oeiras inaugurou exposição sobre a Censura no Palácio do Egipto

A propósito das comemorações dos 50 anos do 25 de abril, a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) inaugurou, na última sexta-feira, 12 de abril, a exposição ‘Censura a Defesa do Respeitinho’, no Centro Cultural Palácio do Egipto, em Oeiras.

Foi inaugurada na última sexta-feira, 12 de abril, no Centro Cultural Palácio do Egipto, em Oeiras, a exposição ‘Censura a Defesa do “Respeitinho”’. Esta iniciativa está inserida nas comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril e contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Oeiras (CMO), Isaltino Morais, e do responsável pelo Arquivo Ephemera, José Pacheco Pereira. Esta mostra revela, através de documentos originais, a face oculta da Censura, convidando os visitantes ao debate sobre a defesa dos valores da Liberdade e da Democracia.

Segundo José Pacheco Pereira, o Arquivo Ephemera “é, neste momento, o maior arquivo privado de Portugal e um dos maiores da Europa, em termos de extensão. São seis quilómetros de extensão”, começou por afirmar. Este projeto reúne mais de 250 mil títulos de livros e brochuras, mihares de periódicos, cartazes, posters, imagens, fotografias, objetos, entre outros. Reúne ainda artigos de vários países, entre os quais Espanha, Irlanda, Noruega ou França. Através deste acervo, pretende-se contar e preservar a história. Desta forma, acrescentou José Pacheco Pereira, é possível saber, por exemplo, como “era ser uma rapariga cega e viver em instituições de assistência, nos anos 30 e 40. Sabemos o que era a vida privada e sexual, por exemplo, de um casal de namorados muito pobre”.

Exposição reúne títulos que foram proibidos pela Censura

O Arquivo Ephemera é gerido pela Associação Cultural Ephemera, uma entidade sem fins lucrativos fundada em 2017, e que conta, atualmente, com 600 associados. A sua prioridade é salvar tudo aquilo que faz parte da história, desde a contemporânea à mais antiga. “Um dos arquivos tem toda a documentação sobre a construção dos caminhos de ferro, no século XIX”, exemplificou o responsável pelo Arquivo. “Esta exposição é a segunda grande exposição que nós fizemos sobre a censura”, prosseguiu. Esta tem, essencialmente, “um aspeto fundamental: a defesa da autoridade, da ordem estabelecida”, ou seja, “o respeitinho”. Nesta exposição, é possível encontrar diversas obras e títulos de jornais que foram proibidos pela censura. “Eu tive a honra de ter dois livros censurados e ter sido levado para um interrogatório da PIDE”, acrescentou José Pacheco Pereira.

“Esta exposição mostra muitos aspectos da censura, incluíndo o crime, ou o sexo”, concluíu ainda o historiador, agradecendo a todos aqueles que contribuiram para esta exposição. Já de acordo com o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, “esta já é a segunda iniciativa que temos em conjunto” com a Ephemera. Na perspetiva do edil de Oeiras, “ainda há muita censura”, não institucional, mas política. “O 25 de Abril é fundamental e um momento determinante da nossa democracia. Não há nada mais importante, do ponto de vista da comemoração, que o 25 de Abril”. “Temos exposições, espetáculos, concertos”, acrescentou Isaltino Morais, referindo-se ao programa que pretende assinalar os 50 anos do 25 de abril em Oeiras. Com esta exposição, prosseguiu, “estamos a chamar a atenção para aquilo que era o antigo regime, que foi derrubado no 25 de Abril.

Exposição insere-se nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril

“Muita gente hoje não sabe o que foi o 25 de Abril, ou o que era o antigo regime. Daí a importância desta exposição, que é mais do que uma exposição de livros ou de jornais”, disse ainda o presidente da Câmara de Oeiras. “Estamos numa exposição que se insere no contexto das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril”, adiantou o autarca. Esta programação inclui cerca de 200 eventos, e prolonga-se até abril de 2026, ano que assinala os 50 anos da Constituição. Outros pontos altos desta programação são ainda a interpretação de canções de intervenção, no dia 24 de Abril, em frente à Igreja Matriz de Oeiras, e que vai contar com o coro formado por munícipes de Oeiras.

No mesmo dia, às 00h00, haverá ainda um fogo de artifício, em todas as freguesias do concelho. A 25 de abril, feriado, está ainda marcado um concerto de Pedro Abrunhosa, às 21h30, no Jardim Municipal de Oeiras. “Vamos ter, em todo o concelho, atividades muito diversificadas, em que procuramos garantir o máximo número de pessoas. Ouvimos todas as coletividades, culturais e sociais, para darem opinião sobre iniciativas” a realizar, contou ainda o presidente da Câmara de Oeiras. “Vamos ter, portanto, mais de um ano e meio de comemorações”, disse. Isaltino Morais ressalvou ainda a importância destas iniciativas para reforçar a importância da democracia. Aqui, deu como exemplo a realização do Dia da Democracia, “uma atividade que nasceu aqui em Oeiras e que teve cá o Presidente da República”.

Exposição prolonga-se até 28 de dezembro

“Essa experiência do Dia da Democracia mostrou bem a visão que os jovens têm da política”, disse o autarca de Oeiras, destacando o sucesso desta iniciativa. Novamente sobre a programação dos 50 anos do 25 de abril, Isaltino Morais disse que esta, para além dos jovens, procura chegar a todos os públicos. A exposição ‘Censura a Defesa do “Respeitinho”’ tem entrada livre e estará patente no Palácio Egipto, até ao dia 28 de dezembro, entre terça e sábado, das 11h às 17h, encerrando aos domingos, segundas e feriados. Os materiais aqui expostos ilustram os processos de censura, que se estendiam a todas as formas de comunicação, desde as artes, passando pelos jornais, livros, músicas, entre outros.


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